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De quem é a culpa pelos incêndios no Pantanal!

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É ingênuo pensar que uma vastidão de material inflamável não sofrerá ação de um cigarro, um fogo mal apagado, um fogão a lenha, ou mesmo de um piromaníaco de plantão.

Gilson de Barros
Por Gilson de Barros*

Esse discurso de que o culpado pelos incêndios florestais no Pantanal é o produtor rural precisa acabar. Vejam as fotos – uma, o mapa do fogo em 2020, a outra, o mapa do fogo nos últimos 7 dias de junho de 2024. 

Será que os produtores das sub-regiões da Nhecolândia e do Paiaguás e outras áreas que o mapa mostra sem focos de incêndio, são mais bem intencionados ou cuidadosos do que os proprietários que margeiam a beira dos rios e as reservas e parques? 

Claro que não, o que existe é a atividade pecuária de forma intensa diminuindo a macega, mantendo estradas e com produtores e funcionários de prontidão para atacar qualquer incidente ou acidente de fogo, assim que ele ocorrer – e eles ocorrerão. 

É ingênuo pensar que uma vastidão de material inflamável não sofrerá ação de um cigarro, um fogo mal apagado, um fogão a lenha, ou mesmo de um piromaníaco de plantão. O que precisamos é estar preparados e com ações preventivas já efetivadas. 

O pantaneiro odeia o fogo fora de época; afinal, seu gado não se alimenta de cinzas!

Tínhamos a cultura de queimar macegas após as chuvas umedecerem as matas e o solo em geral, proporcionando uma queima pontual e controlada de material desprezado pelo gado e por toda a fauna de herbívoros do Pantanal. Assim, sendo queimadas, essas macegas seriam consumidas após a rebrota e não serviriam de bucha para incêndio no próximo período seco. 

Com taxações, multas distribuídas a esmo e um discurso de ódio a qualquer tipo de fogo, inviabilizaram as queimadas preventivas e expuseram o bioma aos incêndios florestais aonde a pecuária não está sendo tocada de forma mais intensa.

Precisamos tomar medidas preventivas e mitigatórias para proteger essas áreas onde o boi não pasta, áreas como as reservas ambientais, parques, beira de rios e regiões que acumulam muita matéria seca.

O mundo já conhece técnicas preventivas, como queima controlada em quadrantes, criação de herbívoros, aceiros de grande porte, trituração de material de alto poder de combustão, etc, para mitigar o material combustível. 

O fogo sempre existiu no Pantanal, algumas plantas necessitam de fogo para quebrar a dormência de suas sementes e ou aumentar seu florescimento (pirófilicas). O que precisamos não é imaginar um Pantanal sem fogo, e sim um Pantanal sem incêndios florestais!

(*) Gilson de Barros é produtor rural e presidente do Sindicato Rural de Corumbá

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