Impacto do desenvolvimento prevê crescimento das demandas por saúde, educação, saneamento básico, trabalho, logística e segurança
O Plano de Saneamento Básico de Mato Grosso do Sul, que vai universalizar os serviços de esgotamento sanitário e abastecimento de água até 2031, passou a ser uma ação estratégica no conjunto de obras de infraestrutura no traçado do Corredor Rodoviário Bioceânico.
De acordo com a Empresa de Saneamento de MS (Sanesul), o Governo do Estado trabalha para se antecipar ao marco legal e prevê atingir a meta de garantir coleta e tratamento de esgoto em todos os domicílios nas 68 das 79 cidades onde a Sanesul atua. A meta do marco regulatório é 2033.
“Hoje a cobertura do serviço de esgotamento sanitário já chega a 60,86% em várias cidades e a água potável atende a praticamente 100% das residências em nossa área de cobertura”, destaca o diretor-presidente da Sanesul, Renato Marcílio. Segundo ele, das 68 cidades atendidas pela empresa, 46 estão mais avançadas no Plano de Saneamento.
Em relação ao sistema de água, a empresa trabalha para garantir a segurança hídrica, investindo na perfuração de novos poços e ampliação da capacidade de reservação. Os investimentos no sistema de água já passam de R$ 477 milhões. Quase todos os 89 poços profundos projetados e contratados já foram concluídos. A construção, ampliação, melhorias e reabilitação de Estações de Tratamento de Água (ETAs) contemplam as cidades de Coronel Sapucaia, Corumbá, Dourados, Jardim, Ladário e Sete Quedas. Dos 78 projetos de reservatórios 58 já foram concluídos.
Principal articulador da Parceria Público-Privada (PPP) que garantiu aporte de recursos para o saneamento básico no Estado, o governador Eduardo Riedel destaca que MS foi o primeiro a concretizar essa iniciativa dentro do marco regulatório e por conta da operacionalização da PPP “saímos de um índice de 36% e já atingimos 60% de cobertura da população com serviços de saneamento”.
A PPP, formada pela Sanesul e o Grupo Aegea, viabilizou a criação da “Ambiental MS Pantanal”, que opera o Plano de Saneamento Básico. Em pouco mais de 2 anos de operação, cerca de 5 mil domicílios foram conectados à rede coletora de esgoto. Para conectar as moradias ao sistema de esgotamento sanitário, são executados serviços de desobstrução até às estações de tratamento, manutenção preventiva da rede coletora e estações elevatórias. “São grandes investimentos que movimentam uma enorme cadeia da indústria pesada e serviços”, observa o diretor-presidente da companhia.
Para o governador, que também intensifica a interlocução interna e bilateral com autoridades do Paraguai, Argentina e Chile na viabilização do Corredor Rodoviário Bioceânico, o Plano de Saneamento Básico ganha ritmo em um momento importante, pois os serviços de água e esgoto preparam as cidades que estarão interligadas à rota continental. O impacto do saneamento básico no desenvolvimento socioeconômico, na saúde e no meio ambiente é enorme e nesse momento é fundamental para a infraestrutura das cidades nas regiões que serão diretamente impactadas pelas obras e pelo fluxo proporcionado pelo processo de integração física, econômica, social e cultural do corredor logístico.
Em território de MS, o principal eixo rodoviário do Corredor é a BR-262, partindo da divisa com São Paulo, cruzando a região Leste e Central, e seguindo para o Sudoeste, pelas BRs 060 e 267. Todas as cidades atendidas pela Sanesul nesse percurso serão diretamente impactadas pela rota. São elas: Três Lagoas, Água Clara, Ribas do Rio Pardo, Sidrolândia, Nioaque, Guia Lopes da Laguna, Jardim, Porto Murtinho. No entorno, também sob influência do Corredor Rodoviário Bioceânico, estão Maracaju, Bonito e Caracol.
O planejamento para as obras da rota começou em 2021. No ano seguinte, a ponte que ligará Porto Murtinho à cidade paraguaia de Porto Camelo começou a ser construída. Ela deverá ficar pronta no 1° semestre de 2025, segundo projeção do Governo do Estado.
Importante para o desenvolvimento socioeconômico, o saneamento básico está intrinsecamente ligado à qualidade de vida, por ter reflexo imediato nos indicadores de saúde. Entre outras relações, o saneamento básico interfere nas cotações do mercado imobiliário, no fluxo de turistas, no trabalho e na educação. Tanto na fase de obras quanto na manutenção, o sistema de esgoto também movimenta os elos de uma enorme cadeia da indústria, do comércio e serviços.
O corredor rodoviário continental que liga Mato Grosso do Sul e grande parte do Brasil aos portos do Chile será uma via de integração, desenvolvimento e crescimento econômico em todas as regiões do percurso e sob a sua influência. Vários municípios estarão interligados ao corredor, que vai encurtar em mais de 9,7 mil quilômetros de rota marítima a distância para a Ásia. Esse ganho logístico representa incremento de competitividade para os produtos sul-mato-grossenses e brasileiros. Além disso, a rota possibilita o incremento da comercialização entre os quatro países por onde passa: Brasil, Paraguai, Argentina e Chile, além de promover a integração cultural e o turismo.
No Brasil são 1.519 quilômetros, sendo 1.089 de Santos a Campo Grande e 430 da capital sul-mato-grossense a Porto Murtinho. Depois do trecho em território de Mato Grosso do Sul, o corredor adentra o Paraguai, numa extensão de 559 quilômetros. Na Argentina, a rota tem 977 quilômetros. Após cruzar a Cordilheira dos Andes, passar pelo Deserto do Atacama, chegando a San Pedro do Atacama, pode se optar por descer aos portos de Antofagasta ou subir até os portos de Iquique. No território chileno, o corredor tem um percurso de aproximadamente 430 quilômetros.
Competitividade – Estudo da Empresa de Planejamento e Logística (EPL) e do Ministério das Relações Exteriores aponta que o Corredor provocará uma série de impactos na logística regional, como: estimular a formação de novos fluxos de comércio e investimento; redução dos custos de transporte e de logística, elevando a competitividade e permitindo o acesso a regiões de crescente poder aquisitivo ou ampla oferta de insumos e estímulo a exploração da multimodalidade e a melhoria das vias hidroviária, ferroviária e aérea.
Estudo apontou ainda que o corredor oferecerá diversas oportunidades para Mato Grosso do Sul, como o aumento da competitividade dos produtos, aprofundamento das relações entre os países; possibilidade da exploração do potencial exportador de outros produtos produzidos pelo estado, em especial da agricultura familiar, melhoria na infraestrutura de cada região envolvida, recebimento de novos investimentos públicos e privados; geração de novos empregos; aumento da arrecadação dos municípios por onde o corredor passa em razão da maior demanda por produtos e serviços e incremento no turismo.
Entre as atividades e setores que podem ter grande benefício com a rota, são destacados o de carne e o turismo. Cidades polo, chamadas de cidades eixo, podem receber uma grande demanda de turistas e que têm de estar preparadas para atender esses visitantes. Entre elas estão, Campo Grande e Porto Murtinho em Mato Grosso do Sul, Mariscal Estigarribia, no Paraguai, San Salvador de Jujuy e Salta, na Argentina, e San Pedro do Atacama, Iquique e Antofagasta, no Chile.