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“Palito” implantado no braço impede gravidez por até três anos

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Profissionais de saúde de 31 cidades de Mato Grosso do Sul aprendem a colocar dispositivo subdérmico e implantam contraceptivo em cem mulheres, 30 delas do Instituto Penal

Professor da Faculdade de Medicina da UFMS ensina técnica de contraceptivo hormonal para profissionais de SaúdeDo tamanho de um palito de fósforo, dispositivo colocado sob a pele do braço da mulher libera hormônio anticoncepcional mais eficaz que a pílula e a ligadura das trompas. O contraceptivo dura até três anos e graças a um projeto de extensão da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), profissionais de saúde de 31 cidades do interior do Estado aprenderam como inserir e remover o dispositivo. Cerca de 120 profissionais foram capacitados para aplicação da técnica, chamada de “implante subdérmico hormonal”. Contraceptivo alcançou 100 mulheres, parte delas do Instituto Penal de Campo Grande Irmã Zorzi.

A capacitação realizada na Cidade Universitária integrou o projeto de extensão “Atenção à Saúde Sexual e Reprodutiva no Âmbito da Atenção Primária à Saúde”, que também contribui para disseminar a informação sobre os métodos contraceptivos. Segundo o médico Sebastião Júnior Henrique Duarte, professor da Faculdade de Medicina (Famed) e coordenador da iniciativa, o implante hormonal é um dos métodos contraceptivos de longa ação e tem, por até três anos, eficácia de 99%.

Método contraceptivo subdérmico hormonal é mais eficaz do que a pílula

Além de repassar a técnica aos profissionais das cidades do interior que atuam na Estratégia de Saúde da Família (PSF), oferecer aula prática aos estudantes de Medicina, o projeto de extensão permitiu reduzir a fila de atendimento no Sistema Único de Saúde (SUS). O atendimento se estendeu também ao Instituto Penal Feminino de Campo Grande Irmã Zorzi, onde alcançou 30 pacientes.

Outros métodos – De acordo com informações publicadas no portal da UFMS, as atividades começaram no último trimestre de 2023 no Laboratório de Simulação Realística da Famed, na Cidade Universitária, onde houve treinamento da inserção do dispositivo intrauterino (DIU) em pelve mecânica, e a manipulação de outros métodos contraceptivos, como o anel hormonal e anticoncepcionais injetáveis e pílulas.

As atividades tiveram início no ano passado, no Laboratório de Simulação Realística da Famed, na Cidade Universitária, onde a equipe teve a oportunidade de treinar a inserção do dispositivo intrauterino (DIU) em pelve mecânica, e a manipulação de outros métodos contraceptivos, como o anel hormonal e anticoncepcionais injetáveis e pílulas.

“Em que pese o planejamento familiar ser da responsabilidade dos gestores dos serviços públicos, toda a sociedade deve envidar esforços para colaborar com estratégias para melhorar a vida das famílias. A Universidade vai além de formar recursos humanos para o trabalho em saúde, ao qualificar profissionais para operacionalizar ações da política pública de planejamento familiar”, diz o coordenador da ação.

Ferramenta emancipatória – Há três décadas, o Programa de Ação da Conferência Internacional sobre População e Desenvolvimento, realizado no Cairo, se tornou um marco decisivo na evolução dos direitos das mulheres, especialmente sobre a capacidade em tomar decisões acerca de seus próprios corpos. Pela primeira vez, as políticas populacionais passaram a reconhecer os direitos humanos e a ampliação da ação da mulher como fatores determinantes da qualidade de vida dos cidadãos. Controlar a própria fecundidade, ao lado da igualdade de gênero e do empoderamento feminino, deveriam ser o centro dos programas relacionados ao desenvolvimento, mas essa ainda não é a realidade.

De acordo com o Relatório Situação da População Mundial 2023, desenvolvido pelo Fundo de População das Nações Unidas, mais de 40% de mulheres e meninas, de 68 países, afirmam que não têm o direito de tomar suas próprias decisões quando o assunto é vida sexual, uso de métodos contraceptivos e a busca por cuidados de saúde. O relatório ainda recomenda que o planejamento familiar não seja empregado como uma ferramenta para atingir metas de fecundidade, e que os governos instituam políticas com igualdade de gênero e direitos, como programas de licença parental, créditos fiscais para crianças, acesso universal à saúde e aos direitos sexuais e reprodutivos.

Equipamento para introdução de “palito” sob a pele do braço das pacientes

O coordenador do projeto de extensão explica que a gestação não planejada pode afetar diversos segmentos da vida das mulheres, principalmente a saúde, a educação e a economia. “No Brasil, o planejamento familiar está inserido em política pública de saúde e deve ser disponibilizado à população pelo SUS, inclusive às mulheres em privação da liberdade. Mas, é escasso o número de mulheres em idade fértil que usam métodos contraceptivos não-hormonais, como o DIU de cobre. A falta de informação e a insuficiência de serviços de saúde pública equipados, figuram entre os motivos para a baixa adesão a este recurso, capaz de prevenir a gravidez por até 10 anos”.

Formação médica – A estudante do Curso de Medicina Wiviany Coelho de Menezes considerou muito produtivo o projeto de extensão que coloca o futuro profissional médico diante da situação real, permitindo capacitá-lo na prática. “Participei do atendimento e implantação do DIU na Unidade Básica de Saúde da Família Serradinho”, disse a estudante, que desenvolveu o projeto ao lado de outros sete acadêmicos, abordando o cuidado com a saúde sexual e reprodutiva das mulheres do Instituto Penal Irmã Zorzi.

“No total, cerca de 100 mulheres já foram atendidas com métodos contraceptivos de longa duração, vários enfermeiros e médicos capacitados para a assistência em planejamento familiar e a equipe está preparada para continuar contribuindo com a sociedade, há muito a ser feito”, diz o professor Sebastião Júnior Henrique Duarte.

(Com informações de Agatha Espírito Santo)

Fotos: Divulgação-Arquivo Pessoal

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