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Metade da população indígena no país tem menos de 25 anos

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Os resultados do Censo Demográfico 2022 mostram que a população mais jovem tem um peso mais elevado entre os indígenas em comparação à população residente no Brasil

Censo 2022: metade da população indígena no país tem menos de 25 anos
Foto: EBC/Arquivo
Por Agência 24*
Os resultados do Censo Demográfico 2022 mostram que a população mais jovem tem um peso mais elevado entre os indígenas em comparação à população residente no Brasil. Verifica-se que 56,10% dos indígenas têm menos de 30 anos de idade, enquanto a população residente do país tem 42,07% da população nessa faixa. Já a idade mediana, que é um indicador que divide um grupo entre os 50% mais jovens e os 50% mais velhos, foi de 25 anos para os indígenas e de 35 para a população do Brasil como um todo.

Destaques

  • Os indígenas apresentam uma idade mediana de 25 anos, 10 anos abaixo da idade mediana da população residente no Brasil. Quando residem dentro de Terras Indígenas, têm uma idade mediana de 19 anos, ou seja, 16 anos abaixo da idade mediana da população residente no Brasil.

    Acre apresenta a menor idade mediana entre a população indígena (17 anos de idade) seguido por Roraima e Mato Grosso (ambas com 18 anos).

    Verifica-se que 56,10% dos indígenas têm menos de 30 anos de idade, enquanto a população residente do Brasil tem 42,07% da população nessa faixa. Por outro lado, 10,65% da população indígena tem 60 anos ou mais, enquanto essa faixa de idade representa 15,81% da população residente do país.

    O maior peso percentual de indígenas concentra-se na faixa de idade entre zero e 14 anos (29,95%). Em Terras Indígenas, essa faixa de idade chega a 40,54%.

    Considerando os grupos de idade recomendados para frequência nos ciclos educacionais da educação básica, a população indígena até 17 anos de idade é de 606.359 indígenas.

    Na comparação entre os Censos 2010 e 2022, as Terras Indígenas que apresentaram maior variação positiva absoluta na população de 17 anos de idade ou menos foram a TI Raposa Serra do Sol, em Roraima (mais 4.815 indígenas nessa faixa), a TI Munduruku, no Pará, com variação de 3.134, e a TI São Marcos, RR, com variação absoluta de 2.280 pessoas indígenas com 17 anos ou menos de idade.

    Região Norte tem menor índice de envelhecimento da população indígena: 19 pessoas com 60 anos ou mais para cada 100 indígenas de até 14 anos de idade.

    Pirâmide etária da população indígena apresenta formato triangular, com base mais larga, mais acentuado dentro das Terras Indígenas.

    Razão de sexo da população residente é de 94,25, ou seja, 94 homens para 100 mulheres. Entre indígenas era 97,07, indicando que para cada 97 homens indígenas foram identificadas 100 mulheres indígenas.

Essas e outras informações fazem parte da divulgação Censo Demográfico 2022: Quilombolas e Indígenas, por sexo e idade, segundo recortes territoriais específicos – Resultados do universo. Os dados são apresentados hoje (03/05), a partir de 10h, em evento realizado na Comunidade Quilombola Campinho da Independência, em Paraty (RJ), transmitido pelo portal do IBGE e pelas redes sociais do Instituto. Os dados completos podem ser pesquisados no Sidra , no Panorama do Censo 2022 e na Plataforma Geográfica Interativa (PGI) . A divulgação traz também informações sobre sexo e idade da população quilombola, tema desta notícia.

“A publicação traz uma atualização do perfil demográfico dessa população em relação ao Censo 2010. Esses dados são importantes para subsidiar as políticas educacionais indígenas, que têm uma política de educação diferenciada, assim como políticas de saúde, como vacinação de crianças, e assistência, que dependem desse recorte de faixa etária e sexo”, explica Marta Antunes, responsável pelo Projeto de Povos e Comunidades Tradicionais do IBGE.

Indígenas têm idade mediana dez anos abaixo da população do país

Os indígenas apresentam uma idade mediana de 25 anos, que é 10 anos abaixo da idade mediana da população residente no Brasil. Quando residem dentro de Terras Indígenas, têm uma idade mediana de 19 anos, ou seja, 16 anos abaixo da idade mediana da população residente no Brasil. Por outro lado, as pessoas indígenas residentes fora de Terras Indígenas, têm uma idade mediana de 30 anos.

A menor idade mediana encontra-se na região Norte, com 21 anos de idade, seguida da região Centro-Oeste com 23 anos de idade, e da Região Sul com 27 anos de idade. As idades medianas mais elevadas foram contabilizadas nas regiões Nordeste e Sudeste com, respectivamente, 32 e 36 anos. Para o total da população residente, a região Norte também apresenta a menor idade mediana (29 anos). Mas é seguida pelas regiões Nordeste e Centro-Oeste, ambas com 33 anos de idade, pela região Sul, com 36 anos de idade, e Sudeste, com 37 anos de idade.

Verifica-se que a idade mediana dos indígenas varia bastante, de acordo com a Unidade da Federação de residência, e que nem sempre acompanha a variação de idade mediana da população residente na UF. Por exemplo, Acre apresenta a menor idade mediana de sua população indígena, com 17 anos de idade, seguido por Roraima e Mato Grosso (ambas com 18 anos). Já a população residente acreana como um todo tem idade mediana de 27 anos.

Já a Unidade da Federação com maior idade mediana entre sua população indígena residente é o Rio de Janeiro, com 42 anos, seguida de Goiás, com 39, Distrito Federal, com 38 anos, e Sergipe e Bahia, ambas com 37 anos de idade mediana de sua população indígena.

A maior diferença entre idade mediana encontra-se no Mato Grosso, onde a idade mediana da população residente é de 32 anos de idade e da população indígena é de 18 anos de idade. A segunda maior diferença foi encontrada no Rio Grande do Sul, com 12 anos de diferença.

Cerca de três a cada dez indígenas pertencem ao grupo de zero a 14 anos

O Censo mostra que 10,65% da população indígena tem 60 anos ou mais, enquanto essa faixa de idade representa 15,81% da população residente do país. O maior peso percentual concentra-se na faixa de idade entre zero e 14 anos, que representa 29,95% da população indígena, seguida da faixa entre 15 e 29 anos, com 26,15%, e 30 a 44 anos, que representa 19,63% da população indígena no Brasil.

Essa característica acentua-se entre a população indígena que reside em Terras Indígenas, onde a faixa mais jovem (zero a 14 anos) chega a 40,54%. O grupo de idade entre 15 e 29 anos de idade corresponde a 28,37% da população indígena que reside nesses territórios, seguido do grupo de 30 a 44 anos (16,49%), 45 a 59 anos (8,71%) e 60 anos ou mais (5,89%).

“Na população indígena que reside em Terras Indígenas, percebe-se que há uma estrutura etária mais jovem e uma redução do peso da população idosa indígena tanto quando comparado com o total da população indígena quanto com a população total do país”, ressalta Marta.

Censo 2022 ajuda a traçar políticas educacionais

Considerando os grupos de idade recomendados para frequência nos ciclos educacionais da educação básica, a população indígena até 17 anos de idade é de 606.359 indígenas. Os indígenas com idade abaixo de quatro anos, que são 138.152, distribuem-se entre 51,93% residindo dentro de Terras Indígenas e 48,07% residindo fora de TI.

Entre aqueles com quatro e cinco anos (68.515), 50,74% residem dentro e 49,26% residem fora dessas terras; entre aqueles com idade de seis a 10 anos (170.201), 49,51% residem dentro e 50,49% residem fora; aqueles com idade entre 11 e 14 anos (130.722), distribuem-se entre 47,23% residindo dentro e 52,77% residindo fora de terras indígenas; e no grupo entre 15 e 17 anos de idade, um total de 98.769 indígenas, são 44,61% residindo dentro e 55,39% fora de Terras Indígenas.

“Um dos destaques dessa publicação é uma divisão da população indígena abaixo de 17 anos, organizada pelas idades recomendas de frequência à escola. Com isso conseguimos, a nível de municípios e de Terras Indígenas, trazer essa informação para subsidiar os gestores públicos na avaliação de adequação no número de escolas e professores, se os alunos indígenas correspondem a esse quantitativo que deveria estar na escola nessas faixas etárias. São informações interessantes do ponto de vista de estudos educacionais e de subsídios às políticas de educação”, enfatiza a pesquisadora.

O crescimento da população indígena com 17 anos ou menos de idade, na comparação entre os Censos 2010 e 2022, ocorreu notadamente nas Terras Indígenas Raposa Serra do Sol (mais 4.815 indígenas nessa faixa), em Roraima, Munduruku (mais 3.134), no Pará, e São Marcos (mais 2.280 pessoas indígenas), também em Roraima.

Região Norte tem menor índice de envelhecimento da população indígena

A população indígena como um todo apresentou um índice de envelhecimento de 35,55, o que indica que há 35 indígenas de 60 anos ou mais para cada 100 pessoas indígenas de idade até 14 anos no país, enquanto para o total da população é 80,03.

O menor índice de envelhecimento da população indígena foi encontrado na região Norte (19,9), indicando que há 19 pessoas com 60 anos ou mais para cada 100 pessoas até 14 anos de idade, seguida da Centro-Oeste (29,2), Sul (41,39), Nordeste (61,49) e Sudeste (98,23). verifica-se que o Sudeste é a única grande região onde o índice de envelhecimento da população indígena (98,23) é superior ao da população total (97,95).

A região Sul é aquela que apresenta índices de envelhecimento mais distantes entre a população indígena (41,39) e a população total residente (95,4), indicando que para cada grupo de 100 pessoas mais jovens, existem menos 54 idosos na população indígena comparativamente à população total.

Pirâmide etária triangular mais acentuada dentro das Terras Indígenas

A pirâmide etária da população indígena residente no Brasil apresenta um formato triangular, típico de uma população mais jovem, caracterizando-se por uma base mais larga do que a da população total até o grupo de 20 a 24 anos de idade.

Contudo, a base da pirâmide aponta para um possível processo de redução da fecundidade, considerando que a diferença entre os grupos mais jovens, em termos de pontos percentuais, não é tão acentuada quanto, por exemplo, é a pirâmide etária da população indígena residente dentro de Terras Indígenas.

Analisando as pirâmides etárias da população indígena residente dentro de Terras Indígenas, é possível observar uma estrutura etária mais jovem e um perfil mais masculino até os 74 anos de idade, quando comparado com a população indígena residindo fora desses territórios, que assume um perfil mais feminino a partir dos 15 anos de idade.

“Verificamos que existe uma diferença do perfil da população indígena dependendo da localização no território. Quando falamos da população residente dentro das Terras Indígenas, temos uma pirâmide bem triangular, com uma base mais ampla. Isso nos mostra que dentro das terras nós temos uma população extremamente jovem, com alta fecundidade, o que mostra uma capacidade de reposição e crescimento desse grupo”, destaca Marta.

97 homens para cada 100 mulheres

No Brasil, a razão de sexo da população residente é de 94,25, ou seja, 94 homens para 100 mulheres. No caso específico da população indígena, identificou-se que a razão de sexo desse grupo tradicional específico era 97,07, indicando que para cada 97 homens indígenas foram identificadas 100 mulheres indígenas no Censo Demográfico 2022.

Essa razão de sexo traduz uma diferença de 25.204 mulheres indígenas a mais do que o total de homens indígenas no país, que são, respectivamente 860.020 e 834.816.

A razão de sexo mais elevada é a da região Norte (101,11), seguida da região Sul (98,66), Centro-Oeste (96,67), Nordeste (92,93), com a menor razão de sexo no Sudeste (90,71), onde para cada 90 homens indígenas foram identificadas 100 mulheres indígenas.

Mais sobre a pesquisa

O Censo Demográfico é a principal fonte de referência sobre as condições de vida da população em todos os municípios do país e em seus recortes territoriais internos. Dos treze recenseamentos realizados pelo IBGE, seis investigaram a cor da população e a partir de 1991 o quesito passou a se denominar “cor ou raça”, devido à inclusão da investigação da população indígena nesse quesito, assim como a compreensão de que a classificação nas categorias da pergunta ia muito além da cor da pele e do fenótipo, envolvendo múltiplos critérios de pertencimento identitário.

Em 1991, então, foi acrescentada a categoria indígena às categorias branca, preta, amarela e parda. Inovação que se manteve nos censos de 2000, 2010 e 2022. Em 2010, o IBGE inovou ao levar o quesito sobre “cor ou raça” para o Questionário Básico, aplicado a todo o Universo da pesquisa, ou seja, a toda a população residente no Brasil, o que se manteve no Censo 2022, permitindo comparações entre as décadas, com maior precisão e desagregação espacial. A grande inovação no bloco de identificação étnico-racial, de 2022, foi a inclusão do quesito de pertencimento étnico-quilombola.

Por IBGE

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