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Incêndios no Pantanal chegam a 1.193; na área situada em MS são 698 focos

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Focos de incêndio em todo o Pantanal em 2024 são 1.025% superior ao registrado no mesmo período do ano passado

Focos de incêndio na Serra do Amolar diminuem com atuação dos bombeiros
Por Agência 24h* 

A situação das queimadas no Pantanal continua causando preocupação. Dados do Programa BDQueimadas, do INPE, indicaram que entre janeiro passado e a 1ª semana de junho o número de incêndios chegou a 1.193 focos, o que representa uma alta de 1.025% em relação ao mesmo período no ano passado, quando foram registrados 106 focos de incêndio.

A explosão das queimadas é generalizada em todo o Pantanal. Em Mato Grosso do Sul, que concentra 60% da área do bioma, o INPE identificou 698 focos entre janeiro e os primeiros sete dias de junho, número bem acima dos 62 registrados no mesmo período em 2023. Já no Mato Grosso, que responde pelos 40% restantes do bioma, outra alta considerável: o número de focos saltou de 44 no ano passado para 495 agora.

Os números atuais indicam uma situação preocupante para os próximos meses, quando o período seco se intensifica na região pantaneira. A ocorrência de queimadas, que costuma começar a partir de julho, acabou antecipada por conta das condições climáticas mais quentes e secas no bioma, prejudicado por mais uma temporada chuvosa abaixo da média histórica.

Outro reflexo das condições secas do Pantanal é o nível do rio Paraguai. Segundo o Serviço Geológico do Brasil (SGB), o principal rio pantaneiro está cerca de 2 metros abaixo da média histórica a essa altura do ano na região de Ladário e Corumbá. No mês passado, a Agência Nacional de Águas (ANA) declarou “situação crítica de escassez” na bacia do Paraguai.

“O que está acontecendo hoje é resultado de um processo que começou no final de 2023. Ano passado, o El Niño forte fez com que o final do período seco se prolongasse. No começo deste ano, os níveis [dos rios] estavam muito baixos e a estação chuvosa foi muito fraca”, explicou Marcus Santana, pesquisador do SGB, ao g1. “O que está acontecendo é a antecipação, considerável, de um problema mais grave que pode ocorrer de seca entre setembro e outubro”.

A intensificação da seca e do fogo tem desafiado o delicado equilíbrio ecossistêmico do Pantanal. Como a pesquisadora Cynthia Santos, do WWF-Brasil, explicou ao UOL, a recorrência do fogo em várias áreas do bioma prejudica sua capacidade de regeneração, o que pode resultar em mudanças nas características do próprio bioma.

“Os rios estão com baixos níveis em diversas partes do bioma e há previsão de que o rio Paraguai se mantenha esse ano dentro dos níveis mais baixos da história”, diz a analista de conservação do WWF-Brasil. Na estação de medição de Porto Murtinho, o nível do Paraguai não superou 2,5 metros desde o começo do ano, enquanto a média histórica indica que ele deveria estar entre 2,5 metros e 5 metros de altura.

“[O Pantanal] tem uma dinâmica específica, que obedece o ciclo de águas e secas, que favorecem a manutenção de plantas aquáticas e depois terrestres. Essas alterações estão ocorrendo de forma muito rápida e, aliada a isso, existe uma veloz conversão da parte alta do Cerrado de pecuária para agricultura, com intensificação do plantio de soja. O ambiente não tem tempo de se reformular”, disse.

“Em 2020, tivemos aquele fogo catastrófico e as análises atuais mostram que os números de 2024 estão muito parecidos com os que tínhamos naquele ano. Felizmente, todos os setores e a sociedade pantaneira estão alertas porque têm consciência de que se nada for feito, há possibilidade de repetição de grandes incêndios”.

OPERAÇÃO PANTANAL

Bombeiros foram deslocados para bases operacionais em vários pontos considerados de difícil acesso

A Operação Pantanal 2024 montada pelo governo do Estado segue com equipes do Corpo de Bombeiros Militar para controlar e extinguir incêndios nas regiões do Paraguai Mirim, Forte Coimbra e também próximo à cidade de Corumbá. Mais de 80 bombeiros militares atuam no combate ao fogo.

Segundo o governo, os bombeiros instalados em bases avançadas seguem monitorando, orientando e auxiliando na confecção de aceiros com maquinário dos moradores da região do forte Coimbra, onde foram queimados 4.475 hectares. No Paraguai Mirim, os bombeiros atuam no rescaldo em uma extensão de 18.423 hectares destruídos por incêndios.

Na região do Caimasul, um novo foco de incêndio surgiu ao sul do foco anterior, que já estava controlado. Duas equipes foram deslocadas para reconhecimento e combate naquela região. As demais bases estão dedicadas ao monitoramento, prevenção e orientação junto à comunidade, além de testes operacionais e manutenção de equipamentos.

(*) Com informações do ClimaInfo a partir de dados atualizados em 11 de junho de 2024.
Foto do destaque – Autor: Silas Ismael – WWF Brasil

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