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Criação de abelhas sem ferrão estimula comércio e incentiva preservação ambiental

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Brasil tem aproximadamente 250 espécies de abelhas sem ferrão, o que torna o país líder na diversidade dessa classe

Por Rebeca Ferro – UFMS*

Presentes em todas as regiões do Brasil, as abelhas são responsáveis por grande parte da polinização das plantas nativas, realizando a manutenção do ecossistema. As suas ações não apenas garantem o desenvolvimento da natureza, pois o resultado do seu trabalho é utilizado em larga escala nas produções humanas, como no consumo do mel e de seus derivados.

Apenas no Brasil existem aproximadamente 250 espécies de abelhas sem ferrão, o que o categoriza como o país com maior diversidade dessa classe. O manejo da espécie é realizado por meio da prática da meliponicultura, que realiza ações específicas para lidar com elas sem causar danos físicos, como a destruição do ninho. Para isso, é necessário que o meliponicultor tenha conhecimento e capacitação sobre a atividade.

Pensando nisso, a professora do Curso de Medicina Veterinária do Câmpus de Paranaíba, Gabriela Puhl Rodrigues, desenvolveu um projeto voltado para a capacitação de pessoas interessadas em realizar a criação de abelhas sem ferrão. “Muitas pessoas não conhecem sobre a criação de abelhas e acabam iniciando ela de uma forma inadequada. Então a gente idealizou esse curso para que as pessoas entendam a biologia das abelhas, a importância dela para o nosso ecossistema e qual a forma correta de se iniciar a atividade e realizar o manejo”, explica a professora.

O projeto Criação e Manejo de Abelhas sem Ferrão tem a proposta de capacitar as pessoas para que sejam capazes de cultivar abelhas preservando a natureza. Em duas etapas, os participantes são instruídos sobre a criação correta de abelhas. Na primeira etapa, recebem capacitação teórica, com aulas sobre as espécies predominantes no Mato Grosso do Sul, coleta e monitoramento das colônias, além da instalação dos meliponários. Na segunda etapa, participam de oficinas práticas, onde aprendem a construir garrafas isca para capturar abelhas nativas e transferir as colônias para colmeias artificiais.

Desde a sua criação, mais de 70 pessoas já foram capacitadas pelo projeto, as participações foram desde o público interno do câmpus até o público externo. A coordenadora do projeto explica que participar do curso gera ao estudante mais do que apenas o conhecimento  teórico sobre as abelhas sem ferrão e o seu manuseio, mas que ele também desenvolve a consciência de preservação ambiental.

Além do conhecimento prático adquirido, os participantes também são capacitados para realizar a comercialização dos produtos obtidos das abelhas. “Esse projeto gera conhecimento tanto para pessoas que participam, quanto para a comunidade. A partir do curso as pessoas têm uma noção sobre a importância das abelhas sem ferrão para o ecossistema, então as pessoas sabem como manusear as abelhas,  como auxiliar elas plantando flores para que se alimentem. Acredito que o que gera para a comunidade é isso, é conhecimento, é preservação ambiental e também uma alternativa de constituir renda”, explica.

Para o aposentado Laurencio Garcia de Carvalho, que participou do projeto anteriormente, lidar com o manejo das abelhas é uma atividade que ele realiza como hobby. “O curso me proporcionou uma afirmação que eu tinha na teoria e prática junto com os demais participantes. Gostei da explicação do expositor, que deixou bem esclarecido o tema ao público presente”.

A relação do técnico em contabilidade e secretário administrativo do CPar, Ronilson Vilela dos Reis, com essa espécie é algo que o acompanha desde a infância. Para ele, o projeto despertou o seu interesse na busca de mais conhecimentos sobre as abelhas sem ferrão.“O projeto para mim foi inspirador, pois eu já consegui capturar da natureza seis enxames de abelhas jataí em garrafas pets. Acho que quando a população toma conhecimento sobre a importância das abelhas para o meio ambiente  e também para a saúde, quando se utiliza o mel como alimento,  passa a  proteger e valorizar”.

O estudante de veterinária, Bruno Costa Oliveira, ressalta que o projeto não apenas o proporcionou o acesso às oficinas e aulas oferecidas, mas também pode o levar para o Integra UFMS, a Feira de Ciência, Tecnologia, Inovação e Empreendedorismo do estado de Mato Grosso do Sul, com a apresentação da enxameação e transferência das abelhas sem ferrão. “O projeto para quem está curioso é muito bom e gratificante, e com as aulas na faculdade é muito bacana entender como funciona o comportamento homogêneo de uma colônia”, diz.

(*) Bolsista da Agência de Comunicação Social e Científica

Fotos: Arquivo dos Pesquisadores

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