Governadores alinham ações para avançar na rota Ásia-Pacífico, que vai promover a integração física, econômica e social e abrir o Mercosul a novos mercados ao redor do mundo.
Por Agência 24h*
Governantes de estados, províncias e departamentos do Brasil, Paraguai, Argentina e Chile, e representantes da Bolívia e Peru, reunidos no 5º Fórum de Governos Subnacionais do Corredor Bioceânico de Capricórnio, reforçaram o alinhamento de ações para a integração física, econômica, social e cultural através da Rota Bioceânica, corredor logístico de mais de 3 mil quilômetros que liga os oceanos Atlântico e Pacífico. A obra, sonhada há décadas, está em andamento com um grande esforço, com investimentos públicos, privados e bancos de desenvolvimento. A proposta é de viabilizar uma nova rota de comércio pelo Pacífico, capaz de interiorizar a geopolítica da América do Sul e as relações com o mercado asiático.
O principal foco desse de uma série de encontros é promover a integração, o desenvolvimento sustentável e explorar novas oportunidades de investimentos, além do alinhamento de ações e aprofundamento da percepção sobre os impactos com a integração e a nova logística no centro-oeste da América do Sul.
Coordenador da Unidade de Execução do Projeto Fonplata, do Ministério de Obras Públicas e Comunicações do Paraguai, (MOPC), Alfredo Sánchez destaca importância do evento. “Esta reunião permite aos governos subnacionais analisar as novas oportunidades oferecidas pelo corredor e fechar acordos comerciais de grande relevância”, sublinha.
O governador de Mato Grosso do Sul, Eduardo Riedel, apresentou aos participantes do fórum que acontece no Chaco paraguaio, o cenário de oportunidades e transformação econômica, além de investimentos em infraestrutura, redução de custos logísticos, acesso a novos mercados na Ásia e diversificação na cesta de exportação de produtos dos quatro países, destacando a presença de pesquisadores da Universidade Federal (UFMS) que realizam estudos técnicos sobre a nova logística latino-americana.
“Estamos testemunhando dia após dia, a realização do grande sonho de diferentes gerações de líderes, que contribuíram para que este projeto, complexo, ousado e inovador, saísse do papel e se confirmasse com maior esforço contemporâneo de integração do nosso continente. Temos 3.329 quilômetros do traçado da Rota. Aumentaremos um próspero corredor de exportações e importações, a partir da conexão viária entre o Centro-Oeste brasileiro e o Pacífico. Para nós, a rota bioceânica representa uma poderosa integração geopolítica. A efetiva redução de custos logísticos e de um tempo de viagem, com novos e preciosos investimentos em infraestrutura em todos os países”, destacou.
O governador Riedel garantiu que com a implantação da Rota será superado “desafios seculares entre as fronteiras, estimulando as culturas entre os países e suas economias”. Também fez questão de ressaltar os investimentos que estão sendo realizados sobre a ponte do rio Paraguai, em Porto Murtinho, na fronteira Brasil-Paraguai.
“A etapa de construção da ponte, marco fundamental deste projeto, segue a sua programação, com planos de conclusão em novembro de 2025. E avançamos mais com a instalação de 14 km do lado brasileiro de rede de energia elétrica trifásica e média tensão. O contorno rodoviário de acesso à ponte já começam a ser feitos no mês que vem. Já foi licitado, com previsão de início das obras em julho, investimentos de 472 milhões de reais por parte do governo federal brasileiro”, ponderou.
“Tivemos algumas fatos importantes e avanços. O primeiro, na questão da infraestrutura física, eu acho que esse é um ponto principal. Ficou muito transparente pela ministra de Obras Públicas do Paraguai que o cronograma está sendo cumprido para encerramento das obras e também por parte da Argentina, que era uma questão primordial. Foi discutida a possibilidade de inserção de um gasoduto vindo Paraguai ao longo da rota até Mato Grosso do Sul, isso é extremamente positivo para o Estado. Tivemos uma série de anúncios de investimentos privados, aqui mesmo em Loma Plata, onde está construindo uma indústria de soja”, afirmou o secretário de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência e Tecnologia de MS, Jaime Verruck.
Convênios – Uma série de convênios entre os ministérios paraguaios e os departamentos (estados) de Boquerón, Alto Paraguay e Presidente Hayes foram assinados para efetivar políticas públicas que viabilizem o corredor bioceânico. Acordos internacionais chancelados desde 2015 preveem que a nova rota percorrerá os quatro países por um traçado de 3.320 quilômetros, encurtando a distância entre o Brasil e a Ásia em 8 mil km – equivalente a 15 dias.
A agenda de trabalho em Loma Plata, no Paraguai, inclui sessões plenárias, mesas de trabalho, conferências de negócios e um passeio pelas obras da Ponte Bioceânica na cidade de Carmelo Peralta, na fronteira com o Brasil, onde será relatado o andamento da obra e do terceiro trecho do corredor bioceânico, atualmente em andamento, além da execução do trecho da estrada entre Mariscal Estigarribia e Pozo Hondo. Somam-se a isso também visitas a locais históricos, populações indígenas e menonitas da região.
PREFEITOS E INTENDENTES MUNICIPAIS
No segundo dia do 5º Fórum de Governos Subnacionais do Corredor Bioceânico, os prefeitos dos municípios que integram a rota se reuniram na Mesa de Intendentes del Corredor Bioceânico para discutir os desafios e oportunidades que a obra pode proporcionar. A reunião foi organizada pelo prefeito de Filadélfia, Claudelino Nuñez, e contou com a presença de líderes municipais comprometidos com o desenvolvimento regional. Prefeitos das cidades de Antofagasta e Iquique do Chile, San Pedro na Argentina, Mariscal no Paraguai, bem como representantes da Bolívia, Peru e Equador, também estiveram presentes, fortalecendo a cooperação internacional.
Durante o encontro, destacou-se a importância do Pacto de Cooperação Intermunicipal, cujo objetivo é promover um marco de cooperação geral entre as municipalidades. Esse pacto pretende criar uma gestão conjunta e uma aliança estratégica para o desenvolvimento de todos os municípios ao longo do corredor bioceânico. A cooperação intermunicipal é vista como uma ferramenta essencial para otimizar recursos, compartilhar conhecimentos e impulsionar o crescimento econômico e social das áreas envolvidas.
O prefeito de Porto Murtinho, Nelson Cintra, ressaltou o impacto positivo que a rota tem trazido para a região e destacou seu empenho em fazer com que os municípios desenvolvam projetos concretos e os coloquem em prática. “Não podemos deixar que nossos planos fiquem apenas na teoria. Precisamos de ações eficientes para que todos possamos crescer de forma sustentável e integrada,” afirmou Cintra.
Informações de Rosana Siqueira, Comunicação Semadesc; Alexandre Gonzaga, Secom-MS, e Prefeitura de Porto Murtinho
Fotos: Saul Schramm e Bruno Chaves