O presidente Lula disse que interromper investimentos no setor foi um dos grandes retrocessos dos governos mais recentes.
Por Agência 24h*
A Petrobrás vai aprofundar estudos para mostrar a viabilidade do setor de fertilizantes nitrogenados para destravar pelo menos cinco projetos, incluindo a UFN-3, em Três Lagoas. Entre os projetos que serão retomados, MS é o quarto na fila, segundo a nova CEO da estatal, Magda Chambriard, que reforçou no discurso de posse o interesse da companhia de retornar ao setor de fertilizantes e petroquímica, como uma estratégia de monetização do gás natural comercializado pela empresa.
Em abril, antes de deixar a Petrobras, Jean Paul Prates disse que a estatal ainda não tinha um modelo definido para a UFN-3 e uma alternativa seria parceria com empresas, como a chinesa Sinopec ou a Yara Brasil Fertilizantes, para a conclusão e operação da fábrica.
Destravar as unidades de fertilizantes é uma encomenda do governo Lula 3. Na cerimônia de posse da nova CEO da estatal, o presidente da República disse que interromper investimentos no setor foi um dos grandes retrocessos dos governos mais recentes.
Acelerar os investimentos no setor é uma missão desafiadora: o projeto de Três Lagoas é uma obra abandonada; e falta chegar a uma solução para retomada das operações das unidades de Sergipe e Bahia, arrendadas à Unigel.
“É importante dizer que nossa retomada do setor de fertilizantes tem uma razão cristalina: os fertilizantes são uma boa oportunidade para ampliar significativamente o nosso mercado de gás. O gás natural é nosso produto. É o insumo com maior impacto no preço dos fertilizantes”, disse Magda.
Ela destacou ainda que o gás é um “combustível de transição por excelência” e que a Petrobras investirá na ampliação da infraestrutura. “Nossa intenção é ampliar a disponibilidade de gás para o mercado e assim endereçar a nossa produção também para usos de maior valor agregado, como a petroquímica e fertilizantes”, discursou.
Magda Chambriard já havia sinalizado que queria “ajudar a desenvolver o mercado”, diante da perspectiva de aumento da oferta de gás nacional; e que a retomada dos investimentos em fábricas de fertilizantes está inserida num contexto de ampliação do consumo do gás na matriz energética brasileira – mas não a qualquer custo:
“Não vou fazer isso a qualquer preço. Vou fazer desde que dê lucro. Mas se eu precisar eventualmente abaixar um pouquinho o preço do gás para conquistar o mercado e garantir que possa expandir a produção, está valendo”.
“Desde que dê lucro, desde que a empresa e seus técnicos entendam que isso é negocialmente vantajoso para a empresa”, afirmou em sua primeira entrevista coletiva no comando da petroleira, no fim de maio.
Retomada das Fafens
Magda Chambriard assumiu a presidência da petroleira com o desafio de administrar pressões políticas por um protagonismo maior da Petrobras na busca por soluções para aumentar a oferta de gás a preços competitivos para a indústria – incluindo os fertilizantes – e a própria retomada dos investimentos nas Fafens.
Num dos primeiros atos da gestão Magda Chambriard, a diretoria executiva da Petrobras aprovou no dia 6 de junho o retorno das operações da fábrica de fertilizantes Araucária Nitrogenados S/A (Ansa), no Paraná, que está parada desde 2020.
A estatal estima que a Fafen – que não usa gás como matéria-prima – volte a operar no segundo semestre de 2025. A companhia anunciou que irá publicar em breve os editais para contratação de serviços de manutenção e de materiais críticos.
Sob a gestão de Prates, a Petrobras avançou ainda num acordo temporário de tolling com a Unigel, para retomar as operações das fafens de Sergipe e Bahia, mas esbarrou em questionamentos do Tribunal de Contas da União (TCU). Magda terá de desatar esse nó.
Em maio, Magda Chambriard afirmou que caberá à Petrobras mostrar que fertilizantes são um bom negócio. “Ninguém aqui vai rasgar dinheiro”, afirmou. “E se o TCU tem dúvida, nós vamos responder às dúvidas do TCU”, completou.