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Cartão vermelho para desvio na FFMS leva o cartola Cezário à prisão

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Gaeco apreende R$ 800 mil na casa do presidente da Federação de Futebol. Três sobrinhos do dirigente também foram presos, acusados de participação no desvio de R$ 6 milhões

R$ 800 mil em notas de R$ 50, R$ 100 e R$ 200, atribuídos ao presidente da FFMS, Francisco Cezário
Por Celso Bejarano – Agência 24h
Francisco Cézario deixa residência detido durante operação do Gaeco (Foto: Mateus Nunes/Primeira Página MS)

O icônico dirigente da Federação de Futebol de Mato Grosso do Sul (FFMS) Francisco Cezário de Oliveira, foi preso em operação do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado), do MPE (Ministério Público Estadual) por suposto desvio de ao menos R$ 6 milhões da entidade. Na casa dele, os agentes encontraram R$ 800 mil em dinheiro vivo. O dinheiro era tirado da conta da FFMS em pequenas quantias através de saques em caixas eletrônicos. Numa leva de 1.200 saques de valores abaixo de R$ 5 mil, o esquema teria desviado R$ 3 milhões, segundo as investigações.

Considerado o cartola mais longevo do futebol no Estado, Cezário também fez carreira política em Rio Negro, onde foi prefeito várias vezes. Nunca deixou o comando da Federação de Futetol e teria feito da entidade, segundo as investigações, o seu birô político-esportivo. Francisco Cezário tem 77 anos de idade, 26 anos comandando os destinos do futebol estadual. Antes, jogou futebol nos anos 1960 no Operário, clube de Campo Grande, onde dava aulas de Educação Física.

Mais presos – Além de Cezário foram presas na operação, batizada de “Cartão Vermelho”, outras seis pessoas suspeitas de participação no esquema de desvio. Três sobrinhos dele estariam entre os presos. São eles: Francisco Carlos Pereira, Valdir Alves Pereira e Umberto Alves Pereira. Filho de Umberto, que trabalha no setor financeiro da FFMS, também foi preso.

A operação também cumpriu 14 mandados de busca e apreensão em Campo Grande, Dourados e Três Lagoas. A operação alcança estabelecimentos suspeitos de lavar parte do dinheiro com notas de serviço de hospedagem. Parte do dinheiro destinado a cobrir diárias em hotéis retornava para os bolsos dos envolvidos.

Defesa – O advogado da FFMS, André Borges, em comunicado emitido à imprensa disse que “nessa fase qualquer investigação é sempre unilateral; logo ela será submetida ao necessário contraditório; devemos aguardar os esclarecimentos, que serão prestados, oportunamente”.

O presidente da Federação também é advogado, portanto, deve permanecer preso no presídio militar. Mandado de prisão contra ele é preventivo, isto é, não tem prazo para acabar. Só uma decisão judicial pode relaxar a prisão.

André Borges disse ainda que seu cliente “nega ter praticado qualquer irregularidade, muito menos qualquer espécie de crime, e está disposto a esclarecer os fatos que estão sob investigação”.

O esquema descoberto

Há suspeitas indicando que Cezário esteja metido num esquema de lavagem de dinheiro. o fio da meada está nos múltiplos saques de quantias pequenas, com intensidade espantosa. Mil e duzentos saques foram detectados, operação que teria rendido R$ 3 milhões.

A vida financeira da FFMS é mantida por repasses feitos pelo governo estadual e ainda pela Confederação Brasileira de Futebol. Ano passado, por exemplo, o governo de MS mandou R$ 1,3 milhão à entidade, que usou parte do dinheiro para bancar a Série A do campeonato estadual.

Nota Oficial – Em nota divulgada logo na manhã desta terça-feira (21), o MPMS informou ter deflagrado a Operação Cartão Vermelho, com o intuito de desbaratar organização criminosa voltada à prática de peculato e demais delitos correlatos, no âmbito da Federação de Futebol de Mato Grosso do Sul.

Informou a nota que durante 20 meses de investigação, foi constatado que se instalou, na Federação de Futebol de Mato Grosso do Sul, uma organização criminosa, cujo principal objetivo era desviar valores, sejam provenientes do Estado de Mato Grosso do Sul (via convênio, subvenção ou termo de fomento) ou mesmo da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), em benefício próprio e de terceiros.

Uma das formas de desvio, sustentou o MPMS, era a realização de frequentes saques em espécie de contas bancárias da Federação em valores não superiores a R$ 5 mil para não alertarem os órgãos de controle, que depois eram divididos entre os integrantes do esquema.

Nota do MPMS acrescenta: “Esse esquema de peculato estendia-se a outros estabelecimentos, todos recebedores de altas quantias da Federação de Futebol de Mato Grosso do Sul. A prática consistia em devolver para os integrantes do esquema parte dos valores cobrados naquelas contratações (seja de serviços ou de produtos) efetuadas pela Federação de Futebol de Mato Grosso do Sul”.

“Ao todo, os valores desviados, no período de setembro de 2018 até fevereiro de 2023, da Federação de Futebol de Mato Grosso do Sul superaram a casa dos R$ 6.000.000,00 (seis milhões de reais)”.

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