Incremento do comércio vai atrair investidores em vários setores, incluindo nas áreas de tecnologia e inovação para a modernização da nova rota comercial Ásia-Pacífico
Por Agência 24h*
As oportunidades de negócios entre Brasil, Argentina, Chile e Paraguai foram o tema do painel de abertura do segundo dia do Seminário Internacional da Rota Bioceânica, nesta quarta-feira, em Campo Grande. A visão do setor privado para o corredor bioceânico foi debatida pelo diretor da Fiems João Paulo Piotto, que esteve ao lado de empresários e representantes de entidades comerciais dos quatro países, no auditório do Centro de Convenções Arquiteto Rubens Gil de Camillo. O diálogo foi mediado pelo diretor de relações internacionais da Fiems, Aurélio Rocha. Piotto é CEO da Amireia Pajoara, indústria pioneira em produção industrial de amireia, atuando em em 21 países e atendendo grandes formuladores e pecuaristas.
“Entendo que a Rota Bioceânica não vai ser apenas um corredor logístico, será um motor de crescimento econômico para o continente. Vamos poder receber insumos mais baratos e também acessar novos mercados externos”, afirmou o executivo.
O seminário integra a programação do 6º Foro de los Gobiernos Subnacionales del Corredor Bioceánico, que reúne na capital sul-mato-grossense autoridades regionais brasileiras, argentinas, chilenas e paraguaias. O objetivo é debater as diversas demandas e oportunidades que surgirão com a Rota Bioceânica, projeto que já é tratado por especialistas em logística como o ‘Canal do Panamá brasileiro’.
O evento é organizado pelo Governo do Estado, por meio da Semadesc (Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação) e com apoio da Fiems e Sebrae-MS.
Entre as oportunidades, perspectivas e benefícios imediatos da Rota Bioceânica, os governos regionais no centro-oeste da América do Sul, Mato Grosso do Sul do lado brasileiro, províncias da Argentina e departamentos do Paraguai e do Chile, veem com muito otimismo o fortalecimento do comércio internacional a partir da Rota Bioceânica, uma saída estratégica do Brasil para a rota comercial Ásia-Pacífico, que está sendo construída com dinheiro do Fonplata e aportes dos governos dos quatro países.
A perspectiva é que, dada a importância estratégica na geopolítica global, a Rota deve atrair investidores de todos os setores de inovação tecnológica. Para os governantes regionais, o laço e o fortalecimento da integração, que já existe num ambiente de “irmandade” indica que do ponto de vista do desenvolvimento econômico, uma zona de livre comércio será fundamental para o futuro da rota, com processo de modernização constante. Os desafios atuais são de logística e infraestrutura, tanto viária quanto portuária.
Nesse ponto a discussão abre parênteses para as barreiras sanitárias e alfandegárias. A perspectiva de zona livre se limita à questão tarifária, que estimula a produção e competitividade em uma série de produtos e serviços.
Na solenidade de abertura , o governador Eduardo Riedel destacou que este novo corredor vai promover integração, impulsionar o comércio, mas acima de tudo proporcionar um sentimento de fraternidade e irmandade com os países vizinhos. Todos serão beneficiados pelo crescimento econômico.
“O que nos une é tirar este sonho do papel. Temos a obrigação de motivar a nossa gente. O sentimento de irmandade é o principal elo da Rota Bioceânica, muito mais do que as obras e comércio internacional. Estes benefícios envolvem toda população ao longo deste caminho”, afirmou o governador.
Riedel ponderou que os países envolvidos terão grandes desafios pela frente, tanto na infraestrutura física, como nos demais compromissos. “Vamos buscar a fluidez e integração em todas as áreas, que vai ser um desafio para nossas diplomacias. A rota será um motivo de competitividade ao setor privado. No ano que vem teremos a inauguração da ponte (binacional) e as diversas estradas para viabilizar o corredor”.
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A ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, participou da abertura e destacou que além da rota por Porto Murtinho, tem mais quatro (corredores) em andamento ligando o Brasil aos países da América do Sul, rumo ao Oceano Pacífico. Sobre o corredor do Mato Grosso do Sul destacou que as ações estão avançadas.
“Uma alegria fazer parte deste processo. Somos um povo de paz com nossos vizinhos da América do Sul, o que nos dividem são meras ruas estreitas. Esta unidade nos faz ter uma riqueza única. Hoje temos uma política de Estado com cinco rotas de integração Sul-Americana”.
Empreendedores dos quatro também participam do Seminário Internacional na Roda de Negócios organizada pelo Sebrae. “Aqui nós temos potenciais compradores e vendedores dos quatro países que compõem a rota bioceânica. Nós temos grupos argentinos, paraguaios, chilenos e brasileiros. É uma ação de fato de aproximação, de conhecimento deste mercado que se abre. Nós estamos desbravando uma rota e acreditamos que hoje teremos ótimas iniciativas”, afirmou Sandra Amarilha, diretora técnica do Sebrae.
Ela explica que o evento pode “abrir as portas” para muitos contratos comerciais. São empresários de diversos segmentos diferentes, sendo que muitos grupos já iniciaram conversa antes, marcando o encontro de propostas para este local. “Nós temos uma expectativa enorme. Acreditamos em uma transformação com o corredor. Tanto do nosso Estado, quanto dos países que compõem essa rota. As perspectivas são muito positivas”.
Novos contatos
Na porta de entrada da rota bioceânica, Neodi Vicari abriu diversos negócios em Porto Murtinho, que vão desde restaurante, posto de gasolina e espaço de triagem e estacionamento dos veículos de carga. Ele participa da sessão de negócios do Sebrae e adianta a sua expectativa com a implantação do corredor.
“Nós conseguimos descobrir muita coisa positiva que já existe até aqui no Estado e não sabíamos. Este relacionamento com pessoas de outros países é muito proveitoso. A expectativa é que com a rota tudo aconteça rapidamente e que outros empreendedores entrem na região. Este turismo e comércio internacional comecem o mais rápido possível”.
Vicari revela que já fez contatos importantes nesta terça-feira. “Já estamos trocando algumas figurinhas, contatos de possíveis produtos para importar e também devemos pensar em exportação, para ficar no nosso radar”.
Dayane Rodrigues de Oliveira tem uma empresa de consultoria internacional, que auxilia quem deseja exportar ou importar produtos. Com sede em Campo Grande, ela participa do evento e entende que vai conseguir muitos contatos importantes. “Já consegui conversar com muitas empresas e já tenho alguns contatos feitos. Temos 10 meses de atividade e por isso o espaço é uma grande oportunidade”.
A empresária destaca que a importação e exportação com os países vizinhos já acontece na prática, mas o corredor bioceânico vai impulsionar este caminho. “Vai fomentar com certeza os negócios. Vamos vivenciar esta realidade daqui para frente”.
Dinâmica
A rodada de negócios começa com sete empresários em cada mesa. Cada um tem cinco minutos para se apresentar, enquanto os demais avaliam a possibilidade de investir, comprar ou vender produtos aos colegas. Depois deste tempo, as empresas começam a trocar de mesa para que todos possam ter contato e descobrir as potencialidades.
“Aqui cada empresa faz simultâneas apresentações em múltiplas mesas com um tempo cronometrado, onde em cada momento um empresário vai apresentar o seu portfólio para o grupo. O objetivo é fazer com que a gente fomente negócios entre os países, incluindo os empresários do Mato Grosso do Sul”, descreveu Hugo Castro Jorge Bittar, analista do Sebrae-MS.
No final do dia um relatório é preenchido e cada participante diz se fechou negócio e o valor das transações para que seja feito o balanço do evento. “É muito importante que haja este tipo de ação e todo este seminário preparado pelo Governo do Estado será profícuo neste sentido. A rota é algo fantástica e acredito que esta iniciativa seja a primeira de muitas”, disse Castro.
O secretário Jaime Verruck da Semadesc (Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação) destacou que o corredor bioceânico é mais do que uma obra e sim uma integração sem fronteiras na América do Sul. “Um novo capítulo da geopolítica, que vai além do concreto e asfalto e sim da integração de pessoas, um compromisso com o futuro, que vai impactar muitas vidas, abrindo um leque de oportunidades”.
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Localizado em ponto estratégico no corredor bioceânico, o porto de Iquique no Chile, é um dos caminhos para seguir rumo ao Oceano Pacífico. O governador de Tarapacá (Chile), José Miguel Carvajal Gallardo, região onde está o terminal, participou da abertura e citou as oportunidades que serão abertas.
“Vivemos um momento histórico, de muito orgulho. Um sonho econômico e social, que vai ser um projeto humanizador, que reduz a distância entre os povos. Oportunidades econômicas em um momento significativo para América do Sul, que era um sonho de tantos e tantas”.
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Evento
O objetivo do evento é fomentar o desenvolvimento e a integração regional entre Brasil, Paraguai, Argentina e Chile, destacando as oportunidades e desafios que serão gerados pelo Corredor Bioceânico, trajeto rodoviário de 3.320 km que vai conectar os quatro países ao Oceano Pacífico rumo ao mercado asiático.
A programação conta com painéis, reuniões técnicas e culturais, envolvendo autoridades governamentais, empresários e especialistas de diversas áreas. Todas as atividades ocorrem no Centro de Convenções Arquiteto Rubens Gil de Camillo.
Com informações do governo de MS, Semadesc e Fiems
Fotos: Bruno Rezende