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Trânsito pesado em rodovia ecológica de Piraputanga gera preocupação

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Ong acusa Imasul e Agesul de “omissão”; Suzano nega impacto e diz que adota práticas sustentáveis no transporte de eucalipto pela Estrada-Parque Piraputanga

Ong diz que pessoas e animais estão sob risco com liberação de transporte de cargas em via ecológica
Por Agência 24h

A utilização da Estrada-Parque Piraputanga para o escoamento de madeira de eucalipto pela Suzano, uma das maiores companhias de celulose no mundo, provocou reação do Instituto SOS Pantanal e levantou polêmica sobre quais critérios são adotados pelo governo do Estado para liberar o trânsito pesado na via, que foi pavimentada, segundo o projeto, para servir ao turismo de natureza.

De acordo com a organização de ativismo ambiental, por situar em uma região classificada como Unidade de Conservação, a Estrada-Parque não pode comportar o tráfego de cargas pesadas. A Suzano faz o transporte de eucalipto extraído na região com veículos longos (bitrens). São, segundo o Instituto SOS Pantanal, 20 carretas trafegando por dia com cargas de 74 toneladas.

Por discordar da concessão, o Instituto SOS Pantanal anunciou seu desligamento do Conselho Consultivo da Área de Proteção Ambiental Estrada-Parque Piraputanga, alegando o caráter permissivo em contraponto à limitação do seu papel no colegiado, ou seja, sem poder de atuação.

Sobre a permissão para o escoamento de eucalipto pela rodovia, a Suzano diz que não é a única empresa a fazer o transporte no trecho de 11 quilômetros da Estrada-Parque. A companhia divulgou “nota de posicionamento” (veja a íntegra mais abaixo) em que afirma atender a todas as exigências das autoridades e ainda adota práticas sustentáveis para o transporte em toda área protegida.

Rodovia foi pavimentada para impulsionar o turismo de natureza. Deterioração do asfalto é uma das preocupações

De acordo com a empresa, além de “obter todas as autorizações legais e realizar diálogo permanente com a comunidade local, implantou uma série de soluções que permitiram iniciar transporte de madeira seguro e sustentável ao longo do trecho de 11 quilômetros da MS-450, que inclusive já é utilizada por outras empresas de Mato Grosso do Sul para o transporte de cargas”. A Suzano nega danos à infraestrutura, ao meio ambiente e riscos às vidas humanas e de animais, por ter implantado uma “operação de referência no setor, com o menor impacto”.

O que diz a Suzano sobre as autorizações e as operações da empresa

Nota de Posicionamento

“Após obter todas as autorizações legais e realizar um diálogo ativo – e permanente – com a comunidade local para entender suas preocupações e anseios relacionados tanto ao dia a dia local, como das questões turísticas e de meio ambiente da região, a Suzano implantou uma série de soluções que permitiram iniciar um transporte de madeira seguro e sustentável ao longo do trecho de 11 quilômetros da MS-450, que inclusive já é utilizada por outras empresas de Mato Grosso do Sul para o transporte de cargas.

Dentre tais ações, a empresa destaca:

  • Melhorias na sinalização de trânsito e implantação de bolsões para facilitar a ultrapassagem de veículos pequenos, bem como para servirem de paradas emergenciais ao longo de todo o trecho utilizado para o transporte de madeira (projeto aprovado pela Agesul);
  • Controle ativo de frota (por meio de Central de Controle online) de forma a garantir a velocidade dos veículos em cada trecho da MS-450, bem como o fluxo de tais veículos exatamente dentro dos horários informados à comunidade, com destaque para a restrição de circulação em horários escolares e redução considerável da frota aos finais de semana; ou seja, a empresa implantou uma operação referência no setor, com o menor impacto possível para a comunidade;
  • Rotogramas falados, ou seja, avisos eletrônicos diretamente na cabine dos motoristas reforçando os limites de velocidade em cada trecho, alertas de fauna, presença de ciclistas e proximidade da escola da região;
  • Treinamento com 100% dos motoristas sobre cuidados e orientações relativos à fauna, ciclistas, descarte de lixo, e sobre respeito a comunidade local. Esses treinamentos serão reaplicados ao longo da operação de transporte, sempre que necessário.

A empresa também colocou à disposição da comunidade seu canal de Ouvidoria – 0800 771 060 – para que possa receber sugestões, críticas ou denúncias visando aperfeiçoar ainda mais sua operação na região.

Desenvolvimento econômico

Beleza cênica é principal atrativo em Piraputanga

A Agência 24h solicitou informações à Superintendência de Jornalismo do Governo do Estado, mas ainda aguarda os esclarecimentos sobre o processo de licenciamento da Estrada-Parque para o transporte de cargas.

A operação da Suzano consiste na extração de eucalipto em área que fica entre os municípios de Aquidauana e Dois Irmãos do Buriti e os distritos de Palmeiras e Piraputanga. São extraídos 40m3 de madeira por mês, trabalho com previsão para ser concluído em três anos.

Diferente de rodovias comuns, a MS-450 é formada por curvas e declives e exige cuidados redobrados

A agenda ambiental divulgada intensamente pelo governo do Estado é de permitir a exploração de todas as atividades econômicas, mas elas devem estar atreladas aos programas de práticas sustentáveis, como foi regulamentada no Pantanal e na Serra da Bodoquena. As concessões, de acordo com a política ambiental insistentemente reforçada pelo governo, não podem ser permissivas.

Atrativos

No caso da Estrada-Parque de Piraputanga, o objetivo é desenvolver o turismo sustentável na região, de grande beleza cênica, considerando a procura cada vez maior pelo turismo de natureza. Muito antes de se transformar em Unidade de Conservação, o distrito de Piraputanga era conhecido como “Fazenda dos Ingleses”, cortada pela antiga Estrada de Ferro Noroeste do Brasil (NOB). Turistas procuram o lugar para a prática de pesca esportiva no rio Aquidauana, passeios contemplativos, observação de aves, montanhismo e esportes radicais e de aventura.

Instituto SOS Pantanal vê distorção na finalidade da obra em Área de Conservação

Segundo Leonardo Gomes, diretor-executivo do SOS Pantanal, o Conselho Consultivo da Área de Proteção Ambiental Estrada-Parque Piraputanga ouviu a comunidade, que não demonstrou conhecimento sobre possíveis impactos com o trânsito pesado. Isso, a seu ver, daria a entender que Agesul e Imasul teriam sido omissos por não disponibilizarem informações precisas e nem os termos do acordo de concessão e direito ao tráfego de veículos longos e pesados, que constituiriam em riscos não só às pessoas e animais, mas também causariam prejuízods à infraestrutura viária.

De acordo com a Suzano, solicitações do Conselho, como a redução do tráfego nos fins de semana e feriados já são atendidos. Outras ações mitigatórias devem ser definidas nas próximas reuniões do Conselho com a empresa. Como a Suzano alegou, a Associação dos Empreendimentos do Corredor Turístico do Paxixi também aponta a utilização da Estrada-Parque para o transporte de cargas por outras empresas, inclusive com alto poder poluidor, como uma fábrica de carvão.

Trânsito de animais e pessoas na Estrada-Parque é comum

Assim, conclui-se que cabe ao governo do Estado estabelecer os limites das atividades econômicas na região, alinhadas à agenda ambiental que foi colocada como norte para o desenvolvimento econômico e social do Estado.

Até o fechamento dessa edição a Superintendência de Jornalismo do governo do Estado não se manifestou quanto ao pedido de informações formalizado pela Agência 24h. O espaço segue aberto para divulgação no momento que as informações forem disponibilizadas pela comunicação institucional, em respeito à Lei de Acesso à Informação.

FOTOS: CHICO RIBEIRO

(Polêmica foi levantada primeiro no site Midiamax News)

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