Níveis baixos de poluição são importantes para a saúde pública e o meio ambiente. Ar fica mais limpo nos fins de semana
Por Elton Ricci – UFMS
Estudos indicam que houve uma melhora na qualidade do ar em Campo Grande conforme ao relatório divulgado recentemente, com dados referentes ao período entre maio de 2021 e dezembro de 2023.
A pesquisa é resultado de parceria entre a UFMS e o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), com o projeto Monitoramento da Qualidade do Ar na Cidade de Campo Grande, com a Estação de Monitoramento da Qualidade do Ar (EMQar) instalada na Cidade Universitária.
A melhoria da qualidade do ar em Campo Grande foi avaliada em comparação com os padrões estabelecidos pelo CONAMA (Conselho Nacional do Meio Ambiente), com base nos valores médios de concentração de poluentes medidos durante o período de monitoramento.
Os níveis de poluentes atmosféricos, incluindo material particulado fino (MP2,5) e grosso (MP10), dióxido de enxofre (SO2), monóxido de carbono (CO), dióxido de nitrogênio (NO2), ozônio (O3) e partículas totais em suspensão (PTS), estiveram dentro dos limites estabelecidos pela Resolução CONAMA 491/2018 durante o período de maio de 2021 a dezembro de 2023 em Campo Grande.
Isso sugere que a qualidade do ar na região esteve em conformidade com os padrões de qualidade estabelecidos, o que é importante para a saúde pública e o meio ambiente.
O professor do Instituto de Física e coordenador do projeto QualiAr, Widinei Alves Fernandes, explica a importância do monitoramento da qualidade do ar para entender o nível de poluição em uma determinada região e informar a população sobre os riscos associados a esses níveis de poluição.
“Para conhecer a poluição em um dado lugar, é importante monitorar como se dá esse monitoramento através de uma Estação de Monitoramento da Qualidade do Ar, onde conseguimos medir a concentração de determinados poluentes já definidos pela legislação. Depois, ao obter essa concentração nos períodos determinados pela legislação, comparamos com o que a legislação diz que está dentro ou fora do limite.
Também é possível encontrar o índice de qualidade do ar, onde, através dessa concentração e de um cálculo feito, conseguimos determinar esse índice. Esse índice de qualidade é uma forma mais fácil de informar a população se a qualidade do ar está boa, moderada, ruim, muito ruim ou péssima. Portanto, monitorar a qualidade do ar é uma forma muito boa de conhecer como está o ar na região e também subsidiar o poder público na tomada de decisões, além de conhecer outras relações que a poluição possa ter com a saúde e com o meio ambiente”, ressalta.
O coordenador ainda pontua sobre dados relacionados ao impacto do fluxo de veículos na qualidade do ar. “Os dados que obtivemos mostram claramente que o fluxo veicular impacta de forma significativa. Temos dois picos diários, ou seja, logo no início da manhã e no final da tarde, em função desse fluxo veicular. Além disso, nota-se claramente que nos finais de semana a qualidade do ar melhora bastante. Portanto, os dias mais limpos são sábado e domingo”, analisa.
A localização estratégica da estação, oferece uma visão precisa da qualidade do ar na região. No entanto, a formação de grandes massas de gases e partículas nocivas à saúde, favorecida pelo clima seco no inverno, baixas temperaturas e pouca ventilação, apresenta desafios significativos. Além disso, as emissões de queimadas na região têm contribuído para concentrações de poluentes, muitas vezes excedendo os padrões ambientais.
A estação de monitoramento opera com analisadores de material particulado (MP10 e MP2,5). Esses analisadores permitem a medição contínua das concentrações de poluentes atmosféricos, fornecendo dados valiosos para a compreensão da qualidade do ar na região.
A análise dos dados coletados revela que a qualidade do ar em Campo Grande é geralmente classificada como “boa”, embora períodos de condições “moderadas”, “ruins” e “muito ruins” possam ocorrer, especialmente durante os meses de agosto e setembro, devido a fatores como queimadas e condições meteorológicas adversas.
Também fazem parte do projeto os pesquisadores Airton Carlos Notari, Clóvis Lasta Fritzen,Hamilton Germano Pavão, Josivaldo Lucas Silva Galvão Silva, Plinio Carlos Alvalá (Inpe), Thais Caregnatto Thomé, Thiago Rangel Rodrigues, Vinícius Buscioli Capistrano e Waldeir Moreschi Dias.
(Foto do destaque: Rachid Waqued)