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No dia da água, rio Formoso ganha “banho” de limpeza

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Ação de conscientização e educação ambiental mobiliza gestores públicos, entidades e donos de área de lazer para discutir degradação ambiental

Por Redação – Agência 24h

Uma ação voluntária e colaborativa de entidades, população, poder público e gestores ambientais, está promovendo um “banho” de limpeza no rio Formoso. A limpeza começou pelos córregos urbanos Bonito e Restinga, que desaguam no Formoso, levando para o leito resíduos, detritos e objetos jogados nos regos d’água.

A limpeza, que realça o Dia Mundial da Água, celebrado em 22 de abril, mostra que nem o Formoso, que é cercado de tantas medidas de proteção e conservação, está livre da poluição. De acordo com a Prefeitura do município, no primeiro dia foi retirada grande quantidade de lixo, desde garrafas, latas e até pneus.

Nova fiscalização – Essa poluição é provocada por levas de turistas que chegam aos ranchos de lazer. A superlotação em pousadas além dos limites provocou dura fiscalização do Instituto de Meio Ambiente, resultado em mais de R$ 1 milhão em multas.

Por conta desse antecedente, deve ocorrer no feriadão da Páscoa nova fiscalização, uma ação necessária, mas que também preocupa uma parcela de moradores e proprietários de atrativos que nessa semana se reuniram com autoridades ambientais para buscar esclarecimentos sobre as regras.

O “banho” de limpeza no rio Formoso é realizado pela Secretaria de Meio Ambiente de Bonito em parceria com o Instituto das Águas da Serra da Bodoquena (IASB), Polícia Militar Ambiental, Corpo de Bombeiros de Bonito, atrativos Porto da Ilha e Parque Ecológico do Rio Formoso e Pousada Boyra, com a participação de voluntários, moradores da cidade.

“Chacreros” são conscientizados

Na agenda do Dia Mundial da Água, entidades que promovem a conscientização e a educação ambiental de Bonito fizeram uma “mesa redonda” para tirar dúvidas de proprietários de áreas de lazer. Os ‘chacreros’ foram alvo de fiscalização e amargaram multas que passam de R$ 1 milhões, daí o interesse em aprofundar o diálogo e saber onde está o erro que de uma hora para outra colocou Bonito no centro do debate de como fazer mal ao meio ambiente e manchar a beleza do Formoso.

Os empresários do turismo de lazer decidiram se organizar para melhorar a imagem dos atrativos depois que o governo do Estado formou um grupo de trabalho para buscar formas de proteger e conservar o rio.

A ignorância sobre como explorar o turismo sem prejudicar o meio ambiente é apontado pelo comandante da PMA (Polícia Militar Ambiental) de Bonito, capitão Kelvin Valente como uma das causas da degradação. A principal arma para enfrentar o problema é a educação ambiental, segundo ele.

“Muitas vezes, a pessoa comete um delito, sem nem saber que está cometendo. Por isso, esse espaço para explicar e tirar dúvidas vai ajudar a mostrar que estamos lá para resolver o problema junto com eles [população] e não contra eles’, afirmou o militar ambiental em entrevista ao site Campo Grande News.

“O dano ao meio ambiente é irreparável, por isso precisamos prevenir. Não adianta prender, sendo que não tem como devolver o que foi tirado da natureza’.

Para a bióloga e diretora-executiva do IASB (Instituto das Águas da Serra da Bodoquena), Liliane Lacerda, “os órgãos estão de peito aberto para orientar sobre as questões específicas, como as legislações de proteção das águas, que as vezes não são divulgadas. Quem não conhece, não tem como saber das regras. A ideia é facilitar o trabalho da PMA e do Imasul, para falar com número maior de pessoas’, sugere.

Liliane detalha ainda que muitos chacareiros (“chacreros”, como são chamados) acabam vendo na fiscalização algo ruim, o que precisa ser desmistificado. “Queremos que eles tragam suas dores, angústias e dúvidas para poder perguntar. Para que, depois, durante a fiscalização, não sejam pegos de surpresa”, diz, sobre a convocação para o evento de esclarecimento, realizado no meio da semana.

A bióloga também ressalta a importância do papel de cada um, para evitar episódios como os que ocorreram recentemente, com festas em decks na beira do rio.

“Aqui em Bonito nós falamos que o visitante do ecoturismo não faz esse tipo de coisa [jogar lixo em local errado]. Só o turismo em massa, que vem com o carro cheio de compras da cidade para passar os feriados prolongados. O desafio grande é de conscientizar esse público, em qualquer lugar. Além de educar os nossos primeiro, já que a engrenagem do turismo são pessoas daqui. Que eles valorizem o ganha pão deles, para passar adiante. Quando você tem um problema, você tem que olhar no espelho. Temos que sensibilizar o papel importante que os moradores da cidade têm. Que eles se sensibilizem e reconheçam o quanto Bonito é incrível, que sejam mais bairristas e valorizem o espaço’.

Carga Máxima

Grupo Técnico Institucional do Rio Formoso fez vistoria em ranchos de lazer no início de fevereiro para conferir denúncias de degradação, como a superlotação (Foto: Divulgação-Semadesc)

A Operação Carga Máxima realizada pelo Imasul, que pode ter nova edição agora na Páscoa, constatou que as infrações mais recorrentes são falta de licença ambiental, falta de outorga de poço e captação de água superficial, mau uso do solo com carreamento de sedimento para o rio Formoso, falta de gestão adequada dos resíduos sólidos, capacidade de carga acima da autorizada na licença, supressão de vegetação nativa e operação em desacordo com o que estipula a licença ambiental.

Especificamente no que se refere aos atrativos turísticos, os fiscais averiguaram se atendiam a capacidade de carga autorizada na licença ambiental, quanto ao uso da água se atendia os critérios de segurança conforme norma do Corpo de Bombeiro; no tocante à APP do Formoso se estavam sendo atendidos os cuidados de conservação para evitar a degradação e carreamento de sedimento ao leito do rio.

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