Mulheres também ocupam outras funções na indústria de celulose
Por Agência 24*
Coletar, plantar e cuidar. As tarefas comuns em todo viveiro de mudas tem a forte presença feminina no empreendimento inaugurado pela Suzano na semana passada, em Ribas do Rio Pardo. Já em operação parcial desde os primeiros meses de 2024, o viveiro do Projeto Cerrado vai empregar cerca de 240 pessoas no total. O time de colaboradores é composto 85% por mulheres e foi qualificado por meio de programas de formação oferecidos pela própria Suzano, juntamente com seus parceiros institucionais, e é 100% formado por moradores e moradoras de Ribas do Rio Pardo.
O trabalho das mulheres no setor florestal do município tem ganhado destaque graças a iniciativas de qualificação profissional promovidas pelo Governo do Estado em parceria com os sistemas SENAI, SENAT, SENAC, SENAR e SEBRAE. Este esforço é parte de um movimento maior para promover a inclusão de mulheres em áreas tradicionalmente dominadas por homens, como o setor de base florestal, que inclui atividades de manejo de florestas, produção de madeira e celulose.
A qualificação oferecida pelo projeto MS Qualifica tem um papel essencial nesse processo, capacitando mulheres para atuarem em diferentes áreas do setor florestal, desde o viveiro de mudas, operação de máquinas pesadas até funções administrativas e de gestão ambiental. O programa inclui cursos rápidos voltados para a operação de maquinário específico, técnicas de plantio, colheita e manejo sustentável de florestas, bem como treinamentos em segurança do trabalho e responsabilidade socioambiental.
O secretário-executivo de Qualificação Profissional e Trabalho (SEQUALIT), Esaú Aguiar destacou que o viveiro é uma prova desta ação de transformação e inserção no mercado de trabalho. “O viveiro mostra uma tendência muito forte do grupo feminino que está sendo inserido no mercado de trabalho na indústria. E esse número pode aumentar com novas oportunidades”, frisou. Por isso ele avalia que é interessante que a população do município entenda este momento de oportunidade. “Isso vai acontecer de maneira escalonada de acordo com a produção fomentando. Então grandes oportunidades vão acontecer nessa área. O viveiro é a coroação do projeto do Vale da Celulose”, acrescentou.
Para a diretora presidente da Funtrab (Fundação de Trabalho de Mato Grosso do Sul), Marina Dobashi, a inclusão das mulheres no setor florestal não só contribui para a igualdade de gênero, mas também fortalece a economia local. “Isso proporciona novas oportunidades de emprego e carreira para as trabalhadoras da região. Além disso, a entrada de mais mulheres no mercado florestal pode promover um ambiente de trabalho mais diverso e inclusivo, gerando impactos positivos tanto na produtividade quanto na qualidade do trabalho”, salienta.
Essa iniciativa reflete um esforço maior do governo em reduzir as barreiras que historicamente limitavam a participação feminina em setores industriais e, ao mesmo tempo, atender à crescente demanda de profissionais qualificados no setor florestal, de celulose e papel que está em expansão na região de Ribas do Rio Pardo.
Uma destas colaboradoras é Gelva de Jesus, de 50 anos. Ela sempre trabalhou com mudas em outras empresas da região e aprendeu o ofício no campo. Com o tempo foi aprimorando suas habilidades e viu na Suzano uma oportunidade de trabalho mais qualificada. “A sensação é maravilhosa de coletar, de plantar e ter uma profissão”, diz a plantadora. A filha seguiu os passos da mãe e hoje também atua no viveiro.
Qualificação em foco
A qualificação está no escopo dos R$ 31,75 milhões investidos pela Suzano em formação profissional para as operações florestais ao longo do Projeto Cerrado. Conforme o diretor de operações florestais da empresa, Carlos Aníbal de Almeida, foram mais de 20 mil horas dedicadas ao treinamento de operadores, de mecânicos, de operadores de máquinas de colheita. “Nós reforçamos aqui o nosso compromisso com a equidade, com a inclusão, com a inserção. 85% nós fazemos, no mínimo, questão de que sejam mulheres e da região. Nós queremos também trazer para a Ribas, no viveiro, os PCDs. Então nós nos sentimos responsáveis também pelo nosso projeto ser um meio de inserção, de inclusão social. Acreditamos muito no potencial dos trabalhadores, e de fazermos deste viveiro de Ribas, uma referência para Suzano e também para o mundo da floresta, para o mundo da celulose”, salientou.
Outras frentes
O avanço da inserção da mão de obra feminina nos mais variados segmentos da economia estadual já é notada também pela SEQUALIT. De acordo com o secretário-executivo Esaú Aguiar, dos 7.300 inscritos no Voucher Transportador, 1294 , ou aproximadamente 18% são mulheres. Deste montante 668 já foram convocadas e 122 CNHs para mulheres foram emitidas.
No MS (Detran), o volume de mulheres com CNH D e E soma 8546 documentos.
(*) Texto de Rosana Siqueira, da Semadesc
Fotos – Mairinco de Pauda