Em 11 anos, MS incorporou área maior que a Bélgica para a produção de grãos e florestas plantadas. Panorama do setor florestal foi apresentado à União Europeia em Bruxelas
Por Redação – Agência 24h
A incorporação de novas áreas ao processo produtivo de Mato Grosso do Sul, principalmente para o cultivo de grãos, cana-de-açúcar e florestas plantadas, não implicou em nenhum desmatamento, segundo relatório apresentado a representantes dos países que compõem a União Europeia, em Bruxelas. De 2010 a 2021, a transformação foi superior a 3,6 milhões de hectares, sendo 48% para produção de grãos e 22% para florestas plantadas, segundo pesquisa encomendada pela Famasul (Federação de Agricultura e Pecuária) e divulgada em 2021. A área é 600 mil hectares superior ao território da Bélgica.
Outro dado importante levado à Bélgica, é a expansão do sistema integrado Lavoura, Pecuária e Florestas. Há três anos o Estado já tinha ultrapassado 2,5 milhões de hectares com sistemas de integração.
O governo do Estado enviou delegação a Bruxelas, liderada pelo secretário da Semadesc, Jaime Verruck, para uma série de reuniões com representantes do bloco europeu, para discutir os impactos da Implementação da EUDR (Regulamento de Redução do Desmatamento e Degradação Florestal) no comércio bilateral.
Nos encontros, a delegação colocou na mesa importantes questões sobre comércio, meio ambiente e segurança de dados do setor florestal. Além de Verruck, integraram a delegação o secretário-executivo de Meio Ambiente da Semadesc, Artur Falcette; o presidente da Reflore-MS (Associação Sul-Mato-Grossense de Produtores e Consumidores de Florestas Plantadas), Júnior Ramires, e outros membros da Missão do Brasil na UE.
O EUDR é uma normativa da União Europeia que tem por objetivo proibir a importação e o comércio, no bloco europeu, de produtos derivados de commodities provenientes de áreas de florestas desmatadas após 31 de dezembro de 2020.
“Nós apresentamos, juntamente com a Reflore, os números do setor florestal em Mato Grosso do Sul de 2010 a 2023, enfatizando que a expansão registrada nesse período, tanto de florestas plantadas, quanto de grãos e cana de açúcar, não provocou o desmatamento de novas áreas, mas se deu sobre aproximadamente 4,2 milhões de hectares de áreas de pastagens que foram convertidas para novos usos”, disse Verruck.
A primeira reunião ocorreu com Sabina Weyand, diretora-geral da DG TRADE (Diretoria Geral de Comércio da Comissão Europeia), onde foram apresentados os dados do setor florestal de Mato Grosso do Sul e sua relevância nas exportações para a União Europeia. Foram discutidos também os impactos da EUDR na dinâmica de comércio, preocupações com a estabilidade das operações e segurança de dados sensíveis.
Os representantes de MS se reuniram também com Bart De Sutter, conselheiro de Política de Desmatamento da FPS (Serviço Público Federal de Saúde, Segurança da Cadeia Alimentar e Meio Ambiente da Bélgica). O objetivo foi entender como a Bélgica está se preparando para a implementação da EUDR e discutir preocupações práticas, especialmente relacionadas à demonstração de conformidade e fiscalização.
Outras importantes reuniões ocorreram com representantes da Alemanha e Itália, onde foram apresentados números de exportação e discutidos os impactos da EUDR para o comércio bilateral entre os países.
O encerramento da agenda em Bruxelas contou com uma reunião com Florika Fink-Hooijer, diretora-geral da DG ENVI (Diretoria Geral Ambiental da Comissão Europeia). Durante o encontro, foram apresentados detalhes sobre o setor e discutida a implementação da EUDR, com foco na impraticabilidade dos prazos, regras de transição e segurança dos dados.
(*) Com informações de Marcelo Armôa – SEMADESC
Fotos: Divulgação
Foto do destaque: Gabriel Faria – Embrapa