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Morre aos 67 anos Jairinho 7 Cordas, um dos fundadores do Grupo Acaba

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O Grupo Acaba perde um de seus fundadores no momento em que está celebrando o cinquentenário da banda

Jairinho 7 Cordas
Por Agência 24h*

Jairo Henrique de Almeida Lara, conhecido como Jairinho 7 Cordas, músico que integrou a primeira formação do Grupo Acaba, faleceu nesta terça-feira, 5 de agosto, aos 67 anos, em Balneário Camboriú (SC). A morte do músico, que marcou sua carreira como percussionista, compositor e violonista, foi recebida com grande consternação por amigos e artistas de Campo Grande. Instrumentista exímio, Jairo de Lara era engenheiro agrônomo aposentado, mas desde a década de 1970 se dedicava à música. Jairinho 7 Cordas atuou no Grupo Acaba – Canta-Dores do Pantanal no período de 1974 até 2016. O sepultamento será em Balneário Camburiú – SC.

Amigos do artista se manifestaram nas redes sociais. Moacir Lacerda, um dos fundadores do Grupo Acaba, postou mensagem no YouTube com um vídeo instrumental de Jairinho – Noroeste do Brasil. “Descanse em Paz amigo Jairinho, e que  Deus conforte os familiares e amigos”, postou Moacir Lacerda.

O jornalista e escritor Bosco Martins lamentou a perda do amigo também com mensagem nas redes sociais, recordando o período em que Jairinho era um artista virtuoso e com sua performance contribuiu para engrandecer a programação da FM Educativa. “Ele não só era um grande instrumentista, mas tinha um grande acervo de músicas e ajudou a selar a rádio como uma emissora pública que primava a programação pela qualidade. Tornamos amigos e nossa admiração por ele e pelo seu legado será sempre lembrada”.

“Eu o chamava de Jairinho, com o carinho de quem o conheceu nos tempos em que eu ainda era repórter da TV Morena e ele encantava os palcos com o Grupo Acaba, levando ao público uma fusão inconfundível de choros, modas, serestas, polcas paraguaias, chamamés e sambas, tudo costurado por sua habilidade rara de transitar entre o violão de seis e de sete cordas. Jairo não tocava — ele contava histórias com os dedos”.

“Mais tarde, já como diretor da TV e Rádio Educativa, não hesitei em convidá-lo para um programa só seu. O Jairo 7 Cordas — título simples, como ele — ia ao ar no horário do almoço, e era ele quem fazia tudo: gravava, editava, colocava no ar. Era tão bom que, quando ele não podia ir, a gente apenas repetia algum programa anterior, e o público ouvinte se extasiava como se fosse novidade. Era magia. E era dele”, escreveu Bosco Martins.

O filho Rique Lara deixou mensagem nas redes sociais

MULTI-INSTRUMENTISTA

Jairinho atuou como violonista 7 cordas com grandes nomes da música brasileira como Tetê Espíndola, Gabriel Sater, Marcos Assunção, Geraldo Espíndola, entre outros. Pai do Rique Lara fundador e produtor da banda LARITORAL muito conhecida em SC, onde o neto Pablo Lara atua como guitarrista. Jairinho deixa três filhos e cinco netos e um legado como umdos maiores violonistas 7 cordas. Foi o precursor da introdução do instrumento em Mato Grosso do Sul, tornando-se uma referência no instrumento com seus fraseados e improvisos. “Importância enorme para a música regional, legado de grande valor, músico, saxofonista, flautista, compositor, arranjador e produtor musical”, destacou Moacir Lacerda.

O Grupo Acaba perde um de seus fundadores no momento em que está celebrando o cinquentenário da banda que deu visibilidade aos ritmos pantaneiros e se consolidou como uma das mais atuantes bandas na época dos festivais universitários nos anos 70, com a gravação de 50 músicas e participação de diversos artistas convidados.

ARTIGO

Leia artigo publicado pelo jornalista e escritor Bosco Martins sobre o artista.

Adeus, Jairo 7 Cordas — A lenda que embalou nossas almas

Por Bosco Martins

Hoje, o silêncio tem som de luto. O coração da música instrumental sul-mato-grossense perdeu uma de suas batidas mais afinadas. Jairo Lara — o nosso eterno Jairo 7 Cordas — partiu. E com ele se foi um pedaço vivo da história sonora de Mato Grosso do Sul.

Eu o chamava de Jairinho, com o carinho de quem o conheceu nos tempos em que eu ainda era repórter da TV Morena e ele encantava os palcos com o Grupo Acaba, levando ao público uma fusão inconfundível de choros, modas, serestas, polcas paraguaias, chamamés e sambas, tudo costurado por sua habilidade rara de transitar entre o violão de seis e de sete cordas. Jairo não tocava — ele contava histórias com os dedos.

Mais tarde, já como diretor da TV e Rádio Educativa, não hesitei em convidá-lo para um programa só seu. O Jairo 7 Cordas — título simples, como ele — ia ao ar no horário do almoço, e era ele quem fazia tudo: gravava, editava, colocava no ar. Era tão bom que, quando ele não podia ir, a gente apenas repetia algum programa anterior, e o público ouvinte se extasiava como se fosse novidade. Era magia. E era dele.

Jairo tinha algo que não se aprende em escola de música: alma. Sua arte era uma extensão de sua humanidade — generosa, refinada, sincera.

Foi o filho dele, Henrique Lara, quem nos deu a notícia da partida. Uma despedida à altura da ternura de um filho: “O que me acalma é que uma vida eu te quis perto e até o final fui o seu filho. Peço a Deus que te receba em um lugar de muita paz e que todo sofrimento não te acompanhe. Obrigado por tantas lembranças e por todas as vezes que nossas almas estiveram juntas. Te amo e te amarei sempre. Vai com Deus, Pai.”

Tive o privilégio de acompanhar uma de suas últimas apresentações, ao lado do parceiro Carlos Alfeu, no espetáculo “Instrumental Polka-Choro”. O duo, ativo culturalmente até os últimos anos, percorreu palcos importantes do Estado, deixando registros em CD, DVD e programas de TV. A música era sua morada — e ele nunca a abandonou.

Jairo era engenheiro agrônomo formado pela UFMS, mas foi no violão que ele fincou raízes mais profundas. Foi o primeiro a introduzir o violão de 7 cordas em nosso Estado. Tinha nos dedos uma extensão da alma — e tocou ao lado de nomes como Gabriel Sater, Marcos Assunção e Gilson Espíndola, como igual entre gigantes.

Com o Grupo Acaba, ajudou a manter viva a nossa cultura por décadas. Em 1999, levou o som de nossa terra a Cuba, em um intercâmbio latino-americano patrocinado pelo governo federal. Suas composições ganharam o Brasil — como em “Fazenda Esperança”, interpretada por Gabriel Sater no programa Globo Rural em 2012.

Hoje, me invade uma tristeza funda, mas também uma gratidão serena. Por ter cruzado seu caminho. Por ter ouvido de perto seus acordes. Por tê-lo chamado de amigo.

Jairo, sua música não termina aqui. Ela ecoa, viva, nos corações de todos que tiveram a sorte de te ouvir — e ainda vai embalar muitas almas por aí.

Descanse em paz, 7 Cordas. Você virou melodia eterna.

 

 

 

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