Sessão de autógrafos no lançamento de “protobiografia” é acompanhado de grande celebração na Casa-Quintal Manoel de Barros, com apresentação especial de Geraldo e Celito Espíndola
Cerca de 400 pessoas passaram na manhã deste domingo na Casa-Quintal Manoel de Barros no lançamento do livro Diálogos do Ócio, do jornalista Bosco Martins. Uma grande fila se formou para a sessão de autógrafos. O lançamento do livro abre a semana de comemorações dos 107 anos de Manoel de Barros na casa onde o poeta viveu e se transformou em museu e centro cultural.
O que era para ser um formal lançamento acabou se tornando em uma grande celebração, carregada de significados. Declamação de poesias de Manoel de Barros, interação do personagem Passarinho pela atriz Ramona Rodrigues, exposição de telas pelo artista Jonir Figueiredo, varal de poesia e o típico arroz-carreteiro pantaneiro, com banana da terra compuseram o evento.
Diálogos do Ócio foi recebido com entusiasmo pela comunidade acadêmica e o meio cultural. No lançamento a presença do público foi notável. Estavam ali intelectuais, escritores e artistas, produtores culturais, jornalistas, professores da rede de ensino e universitários, poetas, ativistas ambientais, além de pessoas que fizeram parte do círculo de amigos do poeta, fãs, admiradores e a terceira geração da família Barros.
A família Barros estava representada por Maysa Barros, a nora do poeta, e a bisneta Stella e, também, Leonardo Leite de Barros, filho do escritor Abílio Leite de Barros, irmão de Manoel de Barros. Leonardo morou na casa do poeta se lembra do tio como uma pessoa atenta a tudo no ambiente, “para tudo tinha uma história”.
O presidente da Academia Sul-mato-grossense de Letras (ASL), Henrique Medeiros, acadêmicos Sérgio Cruz e Abraão Razuk, a escritora Iolete Moreira, Albino Romero, presidente da Casa Paraguaia prestigiaram as celebrações. Políticos ligados à cultura também passaram pela Casa-Quintal Manoel de Barros – deputado federal Geraldo Resende, ex-deputado Paulo Duarte, ex-deputado Valter Pereira, e ex-vereador Athayde Nery. Geraldo Resende disse que o livro “mostra o quanto a obra de Manoel de Barros significa para Mato Grosso do Sul e chega escrito por alguém que tinha uma proximidade grande”.
O secretário de Cultura do Estado, Marcelo Miranda, destacou a importância da publicação para a afirmação do patrimônio literário do Estado e, também, do Brasil. “Manoel de Barros colocou Mato Grosso do Sul no mapa da cultura brasileira e se tornou um patrimônio da Literatura Brasileira. Trazer essa contribuição ao legado e memória desse grande poeta é de uma importância sem tamanho”.
Representando o governador Eduardo Riedel, Miranda aproveitou para comemorar a valorização da política cultural no Estado, um dia depois da divulgação do balanço positivo alcançado este ano pela pasta.
Para Eduardo Mendes, diretor da Fundação de Cultura, Diálogos do Ócio é uma “contribuição de impacto” para o acervo histórico da produção cultural. “Reforça a imortalidade e o legado de Manoel de Barros”.
Ao agradecer a produção e organizadores da semana comemorativa aos 107 anos de Manoel de Barros, Bosco Martins propiciou momentos de descontração tomando depoimentos e pedindo declamações de poesias. Chegou a se emocionar ao se referir a Geraldo Espíndola e a família de artistas que se tornou um ícone da literatura musical de Mato Grosso do Sul.
Bosco destacou no evento de lançamento, também, a presença de antigo fornecedor de nutrição animal que por muito tempo trabalhou para o filho do poeta, João Wenceslau, e tornou-se amigo da família. Todos que lembravam de momentos alegres com Manoel de Barros também trazem na memória estrofe de algum poema.
Cezinha, apenas, como se apresenta quando o assunto é a relação com o poeta, se lembra de frases ouvidas no dia a dia e que acabaram se constituindo em releitura da obra do poeta, como ‘Socó, socando”; “Borboleta são asas voando”, frases ditas observando aquilo que o mundo real despreza e não enxerga, como debaixo de uma pedra.
Athayde Nery, ativista cultural e poeta, vê o autor de Diálogos do Ócio como verdadeiro embaixador de Manoel de Barros, sempre se mostrou muito dedicado na divulgação da obra do poeta. Athayde, que assim como Bosco fazia declamações quando visitava Manoel de Barros citou poema sobre Robinson Crusoé, destacando a frase: “Não sabia que minha história era maior que Robinson Crusoé”. “A liberdade e a poesia a gente aprende com as crianças”, citou. 17ama a atenção e o livro de Bosco Martins proporciona isso, segundo o editor e escritor Douglas Diegues, é a possibilidade de se entender de forma muito leve, a conjugação de sonho com realidade. Nesse aspecto Manoel de Barros não tinha nenhum pudor com a realidade e poetizou sua aclamação como “idiota”, o deixou “soberbo”, desafiando a lógica e a imaginação, tudo que estiver ao alcance do seu quintal, na área urbana e rural. O livro “nos faz penetrar no universo da Manoel de Barros e penetrar no universo da Manoel de Barros é mergulhar na poesia”.
Na sessão de autógrafos, dois escritores corumbaenses retribuíram entregando livros de autoria deles para o jornalista Bosco Martins. Alessandro Sputinik entregou exemplar de “Doce Diabo” e Wanderson Ligier a publicação “Loisa e o Diabo”. Sobre os títulos das publicações, brincaram: “cidade muito quente”. Corumbá é uma das cidades do Estado onde a literatura é muito intensa, berço de vários autores.
A SEMANA DE DIÁLOGOS
A semana dos 107 anos de nascimento do poeta Manoel de Barros segue nesta segunda-feira, 18 de dezembro, a partir das 9h, com lançamento e sessão de autógrafos do livro “Diálogos do Ócio”. Na segunda-feira, 18, exibição de audiovisual; terça-feira, 19, Diálogos com Escritores; quarta-feira, 20, Diálogos com Educadores; quinta-feira, 21, Diálogos da Cultura; sexta-feira, 22 de dezembro, Uma Prática Casa-Quintal, Diálogo Capacitistas, e Brincar Heurística.