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Inocentados por Corregedoria, PMs viram réus por morte de ex-vereador

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Policiais militares foram denunciados pela Promotoria de Justiça de Anastácio

Por Celso Bejarano – Agência 24h

O MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) denunciou os policiais militares Bruno César Malheiros, 33, que é cabo, e o sargento Valdeci Alexandre dos Santos, 41, pela morte a tiros do ex-vereador Wander Alves Meleiro, o conhecido Dinho Vital”, do PSDB, crime ocorrido dia 8 do mês passado, em Anastácio, cidade distante 137 km de Campo Grande.

Os dois policiais, em relatório preparado antes pela Corregedoria da Polícia Militar, tinham sido “inocentados”, ou seja, estariam, na interpretação do órgão que investiga a conduta dos policiais, livres de denúncia caso as apurações terminassem por ali.

No inquérito conduzido pela Corregedoria militar, é dito que o ex-vereador estaria armado e negou-se a entregar ou abaixar a arma.

“… que a postura ameaçadora da vítima [Dinho], que devidamente comprovado estava portando uma pistola marca Taurus, calibre 9 milímetros, numeração ABM260270, que anteriormente tinha se envolvido em uma briga e dito ao Senhor Elizeu Umbelino Pereira que iria resolver um problema, dando a entender que iria atirar em alguém, e durante a abordagem dos policiais militares retro mencionados, impossibilitou qualquer outro recurso proporcional à iminente e injusta agressão””, diz trecho do relatório da Corregedoria. Noutro trecho do relatório assinado pelo corregedor da PM, Edson Furtado de Oliveira, é narrado que para concluir o inquérito que “inocenta” os dois PMs, foram ouvidas 34 testemunhas e que:

“É imperioso dizer que todo policial militar, mesmo de folga está obrigado a agir quando se depara com qualquer conduta criminosa, visto que o que prescreve o Artigo 301 do Código de Processo Penal: Qualquer do povo poderá e as autoridades policiais e seus agentes deverão prender quem quer que seja encontrado em flagrante delito”.

Ou seja, contrariando a denúncia do MPMS, o corregedor achou certo os dois PMs atirarem contra o ex-vereador diante da situação de ameaça e risco.

PRESOS

Bruno e Valdeci permanecem encarcerados por força de mandados de prisões preventivas, aqueles que não têm data definida para acabar.

Os dois PMs foram denunciados pela Promotoria de Justiça de Anastácio e pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado), do MPMS.

Pela denúncia, já acatada pela Justiça de Anastácio, ou seja, os PMs viraram réus e teriam praticado homicídio qualificado, pelo motivo torpe, em razão da discussão de natureza política que antecedeu ao crime. Tal crime pode resultar, se os réus forem condenados, pena que varia de 12 a 30 anos de prisão.

O MPMS sustentou em sua denúncia que o ex-vereador foi morto com tiros “pelas costas e nas costas”. Ele não teria disparado um tiro sequer, ou seja, não houve troca de tiros com os policiais, conforme suspeitas levantadas no dia do assassinato.

“Nenhum cartucho de munição deflagrado foi encontrado perto da vítima. Também, foram constatadas apenas perfurações de projéteis de arma de fogo no veículo da vítima, todas de trás para frente do veículo”, diz trecho da denúncia do MPMS.

De acordo com a declaração do advogado dos PMs, Lucas Arguelho, dada à imprensa local, a defesa deve rebater a versão do MPMS:

“A defesa esclarece que rebaterá toda a acusação em sede judicial, comprovando uma vez por todas a inocência dos policiais, ressaltando que o MPE produziu provas unilaterais, sem oportunizar defesa e contraditório aos policiais, ouvindo somente quem interessava a acusação, porém, no judiciário, as provas não serão omitidas e a verdade real será elucidada uma vez por todas”.

O ASSASSINATO

O ex-vereador Dinho participava de uma cerimônia festiva numa chácara situada aos redores de Anastácio, que completava 59 anos de fundação.

No evento, Dinho teria discutido com Douglas Figueiredo, ex-prefeito da cidade, também do PSDB. O bate-boca teria sido motivado por assunto ligado as eleições municipais. Houve empurrões e troca de acusações. Dinho saiu do local.

Depois disso, ele parou o carro já na rodovia, onde ocorreu o crime. Os policiais, que, embora neguem, seriam seguranças do ex-prefeito. Os PMs se aproximaram dele e dispararam tiros que os atingiram as costas. O ex-vereador teria tentado se esconder na frente de seu carro. A mulher de Dinho viu a cena.

A Corregedoria da PM ainda não se manifestou quanto à denúncia do MPMS.

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