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Imigrantes de 18 nacionalidades aprendem a falar português

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No final de janeiro a UEMS certificou mais 163 estrangeiros em curso de português para imigrantes e refugiados na primeira fase de adaptação ao seu novo idioma

Imigrantes posam para foto após receberem certificados
Por Katiúscia Fernandes

As cerimônias de Dourados e Campo Grande, ambas bastante emocionantes, foram marcadas pela diversidade cultural e de nacionalidades, já que a turma, que concluiu o curso no segundo semestre de 2023, contou com alunos de 18 países: Argentina, Bolívia, Colômbia, Egito, Haiti, Iêmen, Inglaterra, Irã, Itália, Nigéria, Paraguai, Peru, Senegal, Síria, Suécia, Tunísia, USA e Venezuela.

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A entrega dos certificados aconteceu no auditório da Escola Superior da Defensoria Pública do Estado do Mato Grosso do Sul, em Campo Grande e contou com a participação do Reitor da UEMS, professsor Dr. Laércio de Carvalho, da Profa. Dra. Erika Kaneta Ferri – Pró-Reitoria de Extensão, Cultura e Assuntos Comunitários (PROEC), da professora Dra. Suzana Moreira, Andrea Lúcia Cavararo Rodrigues – Superintendente da política de direitos humanos, da Secretaria de Estado de Assistência Social e dos Direitos Humanos, da Subsecretaria dos Direitos Humanos, Thais Helena Vieira Rosa Gomes da Silva, do Pastor Daniel Patele – representante da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, e do diretor de Infraestrutura da UEMS, Alencar Ferri.

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Do total de formandos, 80 receberam a certificação durante a cerimônia realizada em Dourados, e mais 83 alunos em Campo Grande. Em seu discurso o reitor destacou a importância da solenidade, momento, segundo ele, que representa com fidelidade o real significado da missão da Universidade Pública.

  • “A UEMS só existe porque existem pessoas que nós precisamos transformar pela educação. Pois, se não tivermos essa troca, esse contato com vocês, de nada vale um título de doutor, pois não teremos a oportunidade de transferir o saber acadêmico”.

A Profa. Dra. Erika Kaneta Ferri – Pró-Reitoria de Extensão, Cultura e Assuntos Comunitários (PROEC) afirmou que esse momento de entrega de certificação é a conclusão de uma etapa de todo um trabalho que foi desenvolvido por Universidade, colaboradores e com a efetiva participação dos migrantes. “É um momento simbólico, mas que representa as entregas que a Universidade faz para a comunidade. O UEMS Acolhe é um projeto que de fato faz a mudança na vida das pessoas, e de fato acolhe. Isso porque a barreira linguística impede o processo de inclusão social e profissional, por exemplo. Então eu fico muito feliz quando venho para um evento como este, e vejo a Universidade, de fato, fazendo a diferença na vida das pessoas”, concluiu a pró reitora.

Em Dourados, o professor Dr. João Fábio, coordenador do UEMS Acolhe falou de sua profunda alegria em vivenciar a conquista das pessoas envolvidas no projeto. “O projeto começou pequeno há sete anos, e hoje tem o potencial de mudar a vida de centenas de pessoas. Cada colaborador, cada professor da UEMS, vem realizando um trabalho ímpar.”

Ele ainda destacou a importância do sentimento de pertencimento proporcionado pela iniciativa. “Cada um desses migrantes, certificados pelo UEMS Acolhe, agora pertencem a nossa Universidade”.

Também presente na solenidade, o secretário executivo estadual de Direitos Humanos, Benhur Ferreira destacou que tem episódios na vida que valem a pena que motivam pra além do acontecimento em si. Segundo ele a solenidade de entrega de certificados o Curso de Extensão “Português para Migrantes Internacionais: Módulo Acolhimento” é um bom exemplo. “Esse momento é muito motivador, ver essas pessoas cumprindo essa etapa, e a Universidade Pública cumprindo o seu papel de acolher, integrar e incluir. Hoje aqui é uma celebração da vida, quando atingimos um outro patamar civilizatório, dizendo pra quem não gosta do diferente que nós apoiamos a diversidade”, concluiu o secretário.

Formandos

Cleber Renato Centurião Vilhalva é de Bela Vista Norte, no Paraguai, e está no Brasil há pelo menos 3 anos. Segundo ele nunca imaginou que estaria um dia formado na língua portuguesa e conta o quanto o aprendizado já mudou a sua vida. “Com o curso aprendi bastante, hoje eu trabalho com o atendimento ao público, por isso ter o domínio da língua portuguesa é fundamental. Além disso, a comunicação com amigos, no meio social, também mudou completamente”, concluiu.

Representante discente do polo CAORC, Francisco José Montaban falou pela turma e agradeceu o apoio da UEMS, ressaltando a compreensão da equipe de colaboradores com todos os imigrantes. Segundo o venezuelano nenhum outro país acolheu tão bem o seu povo. “A paciência que tiverem com todos foi fundamental para chegarmos até aqui. Não é fácil para um imigrante chegar em um novo país, sem conhecer nada, em especial a língua, recomeçar. Essa oportunidade dada pela Universidade e o Programa UEMS Acolhe é um incentivo para recomeçarmos”.

Moira Andrea Salazar é de La Paz na Bolívia, e entre idas e vindas já vive há sete anos no Brasil. Moira conta que participar do Programa UEMS Acolhe mudou sua vida de várias formas. No campo profissional, por exemplo, ela que é artesã, aprendeu muito sobre a nossa cultura o que lhe permitiu mais criatividade na produção e facilidades na comercialização. “Se tivesse oportunidade faria o curso novamente, lá fiz novas amizades, de vários países e várias nacionalidades”.

Uma das alunas de Dourados, Yulennys Melissa Luces Suniaga, 39 anos, é venezuelana e está no Brasil há um ano. Ela se mudou com sua família (marido e filha). Seu percurso até chegar em Dourados, no início de 2023, foi difícil, eles tiveram que vender muitos de seus bens na Venezuela para conseguir arrecadar o dinheiro necessário. Ficaram em um abrigo em Pacaraima, depois foram para Boa Vista, lá iniciaram o processo de interiorização durante quatro meses. Yulennys conseguiu um emprego cuidando de uma senhora idosa e com isso conseguiram sobreviver durante a viagem. Chegaram em fevereiro de 2023 a Dourados e desde março ela e o marido estão trabalhando em uma indústria de alimentos.

“Para mim o curso de português foi excelente, pois é muito participativo e me ajudou muito a dar meu primeiro passo na língua portuguesa. Me deu ferramentas para atuar no meu trabalho e com meus vizinhos, hoje sou capaz de me comunicar melhor com meus colegas e supervisores. Nas aulas de português todos nós temos interagir, isso nos ajuda a aprender muito mais rápido e todos os professores são excelentes, muito colaborativos com cada um de nós”, recordou Yulennys.

Também formando de Dourados, Wilson Luxama veio do Haiti e está há oito anos no Brasil. Ele fez o curso de português no nível intermediário, no Polo Izidro Pedroso em Dourados. “O curso foi muito bom, aprendi como me comunicar melhor, gostei muito de aprender como me comunicar para ir ao médico, para pedir exames. Eu trabalho em uma indústria de alimentos e hoje consigo falar melhor, coisas que não conseguia antes”, destaca o aluno.

UEMS Acolhe

O Curso “Português para Migrantes Internacionais: Módulo Acolhimento” é uma proposta do programa UEMS Acolhe, da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS). O programa de extensão – acolhimento linguístico, humanitário e educacional a migrantes internacionais – é o resultado de uma série de ações de extensão desenvolvidas no âmbito da Universidade Estadual com a finalidade de atendimento diferenciado em diversas áreas do conhecimento à comunidade migrante internacional no nosso estado.

A iniciativa ainda acolhe favorece as discussões no âmbito institucional de políticas institucionais e públicas no estado para a implantação de ações efetivas de acolhimento linguístico, humanitário e educacional a comunidade migrante internacional.

(Fotos: Divulgação – UEMS)

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