Suzano compra 70 mil hectares de terras com 154 milhões de pés de eucalipto. Maciço florestal que cobre parte da região Leste do Estado tem área de 1,4 milhão de hectares com mais de 3 bilhões de árvores
Celulose branqueada e fibra curta. Matéria-prima para a indústria de papel – do guardanapo e do copo, ao material de escritório, uso sanitário e outras aplicações domésticas e imobiliárias -, que torna a celulose cada vez mais consumida no mundo. De acordo com especialistas, seria necessária a construção de uma fábrica do porte da Eldorado Brasil, em Três Lagoas, a cada ano, para atender a demanda global por celulose.
Não é à toa, portanto, que a Suzano, também instalada em Três Lagoas, no Leste do Estado, atingiu o recorde de 30 milhões de toneladas de celulose produzidas em 14 anos, tempo que está em operação.
No vácuo do marco recordista, o conglomerado, apontado como o maior produtor mundial de celulose, anuncia a compra de 70 mil hectares de terras para o cultivo de eucalipto, pagando R$ 1,8 bilhão pelas florestas. São áreas de plantio em vários estágios e, como ativo permanente da fábrica, terá sua produção cíclica, com corte de até 154 milhões de pés de eucalipto a cada 5/7 anos, dependendo do espaçamento de uma planta para outra, que varia de 1 a 3,5 metros, o que permite cultivar 960 a 2,2 mil plantas por hectare.
Maciço florestal – A área de floresta plantada em Mato Grosso do Sul pode crescer 42,8% nos próximos sete anos, aumentando de 1,4 milhão de hectares para 2 milhões de hectares, segundo projeção da Reflore-MS (Associação Sul-Mato-Grossense de Produtores e Consumidores de Florestas Plantadas).
Segundo o diretor-executivo da Reflore, Dito Mário, somente em 2023 a área de floresta plantada aumentou mais 300 mil hectares. “Acredito que até 2030 podemos chegar a 2 milhões ou até mais. Isso vai depender dos investimentos que poderão vir nos próximos anos”, diz.
Até 2022 o plantio, principalmente de eucalipto, ocupava 1,1 milhão de hectares. Em 10 anos, entre 2012 e 2022, a área praticamente triplicou, passando de 453,190,07 hectares para 1.135.177,07 hectares.
O crescimento a partir de 2024 será sentido principalmente por conta da instalação de duas novas unidades de produção de celulose, em Ribas do Rio Pardo, que já está em construção, e em Inocência, a partir de 2025.
As principais regiões de plantio de eucalipto são Três Lagoas, com abrangência de cinco municípios (Água Clara, Brasilândia, Ribas do Rio Pardo, Santa Rita do Pardo e Três Lagoas) e Costa Leste (Aparecida do Taboado, Paranaíba, Inocência e Selvíria). Dos 79 municípios de MS, apenas 8 não têm plantio de eucalipto. São eles: Bodoquena, Bonito, Corumbá, Deodápolis, Eldorado, Ladário, Rio Negro e Taquarussu.
OPERAÇÃO TERRA
A Suzano está adquirindo 70 mil hectares de terras perto de suas fábricas, em Três Lagoas, e em Ribas do Rio Pardo, onde está em construção sua nova unidade. É uma operação cercada de formalismos e sujeita à aprovação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE). Para ter acesso à terra, a Suzano comprará a participação societária das empresas Timber VII SPE S.A. e Timber XX SPE S.A., sob gestão do BTG Pactual Timberland Investment Group, LLC. As duas empresas possuem aproximadamente 70 mil hectares de terras na região de abrangência das operações da Suzano, incluindo áreas onde há plantios de eucalipto em idades variadas. A transação foi avaliada em R$ 1,826 bilhão.
A Suzano divulgou que a transação vai garantir autossuficiência no suprimento de madeira para o complexo industrial de Três Lagoas e para a fábrica de celulose de Ribas do Rio Pardo, que será a maior linha única de produção de celulose do mundo, com capacidade anual de 2,55 milhões de toneladas. A unidade dever entrar em operação até junho de 2024.
“Essa transação consolida a autonomia da Suzano em sua estratégia de suprimento de madeira para o abastecimento no Mato Grosso do Sul, ampliando a competividade de suas operações, incluindo a nova fábrica, que terá o menor custo de produção de celulose do mundo”, afirma Carlos Aníbal, diretor executivo das áreas Florestal e de Suprimentos da Suzano.
Aumento do Capital – Como há expectativa de que a transação ocorra ao longo de 2024, a Suzano também anunciou a revisão do investimento de capital (Capex) previsto para 2024. O valor estimado foi elevado de R$ 14,6 bilhões para cerca de R$ 16,5 bilhões.
