Fragmento de Cerâmica encontrada durante escavações próximas ao Córrego do Moeda é uma das pistas indicando que a oupação do Sucuriú remonta à pré-história
Expedições fluviais que buscavam riquezas em territórios brasileiros teriam passado por Três Lagoas no século XIX, durante o período imperial. É o que indica a obra de Hércules Florence. Relatos de uma expedição apontam que neste período, às margens do rio Sucuriú habitavam povos indígenas agricultores. Hoje o Sucuriú é um dos principais pontos turísticos de Três Lagoas. Por sua localização estratégica, o rio também é usado para treinamento militar.
Denominada de Langsdorff, a expedição supostamente passou pelo território entre 1825 e 1829, segundo relata Florence no livro “Viagem fluvial do Tietê ao Amazonas. De 1825 a 1829”.
Conforme historiografias acerca do assunto, esta foi uma expedição russa organizada e chefiada pelo barão Georg Heinrich von Langsdorff. Ele teria percorrido milhares de quilômetros pelo interior do Brasil entre os anos de 1824 a 1829. Neste tempo ele fez diversos registros. Assim, ele constituiu um dos mais completos inventários do Brasil no século XIX.
O trecho seguinte refere-se ao território hoje três-lagoense, especificamente a entrada do Sucuriú, onde atualmente encontram-se vários ranchos e sítios. “Querendo visitar o salto de Urubupungá, grande queda do Paraná situada a duas léguas acima da boca do Tietê e famosa entre os viajantes destes desertos, deixamos a nossa espera a monção e, levando o guia conosco, partimos em dois batelões. Quinze minutos depois vimos o Paraná. Tínhamos na nossa frente o último estirão do Tietê”.
O barão ainda teria feito relatos que indicavam a existência de uma população indígena agricultora que vivia às margens do Sucuriú, na região do Alto Paraná, que compreende o oeste paulista e o bolsão sul-mato-grossense. “Cortando depois uma capinanzinha ao sair da mata, chegamos a aldeia que é composta de dez palhoças e nas quais não havia viva alma por se acharem os índios nas suas plantações à margem do Sucuriú”.
IMPERADOR
Dom Pedro II teria passado próximo a Três Lagoas durante uma de suas expedições, segundo Hércules Florence, que faz referência a relatos de que estas expedições realizadas no século XIX teriam passado por Itapura, onde foi construído o Palácio do Imperador.
Não é oficial, entretanto, de acordo com histórias passadas de geração a geração, na região do oeste paulista e do bolsão sul-mato-grossense, Dom Pedro II teria passado por Itapura durante uma de suas expedições e por lá teria se instalado no “Castelo do Imperador”, um prédio onde funcionava a colônia militar do Salto de Itapura.
Hoje esse “castelo” está abandonado e equipes estão fazendo levantamentos históricos para a restauração do prédio, que é cercado de histórias.
Pescadores – Sítios arqueológicos revelam que a extensão do passado humano de Mato Grosso do Sul ultrapassa 11 mil anos. Há 7 mil anos pescadores já habitavam áreas próximas ao rio Sucuriú e Ilha Comprida, na região onde hoje se situa Três Lagoas.
Esses dados fazem parte da coleta de informações realizada pelos arqueólogos Emília Mariko Kashimoto e Gilson Rodolfo Martins, do Museu de Arqueologia da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (MuArq – UFMS). O trabalho deles se estende por todo o rio Paraná.
Conforme está registrado em “Arqueologia e Paleoambiente do Rio Paraná em Mato Grosso do Sul” (2009), obra dos antropólogos, “esses sítios arqueológicos revelam que a extensão do passado humano de Mato Grosso do Sul ultrapassa 11 mil anos, sendo possível que no período paleoambiental denominado Pleistoceno, popularmente conhecido como “era do gelo”, o homem pré histórico já estivesse caçando e coletando frutos e raízes nas distintas paisagens estaduais”.
“O povoamento dessa área (região hoje compreendida por Três Lagoas) começou há cerca de 7 mil anos com pescadores e caçadores-coletores ao longo dos rios Sucuriú, da Ilha comprida”, disse Emília.
Especificamente em Três Lagoas, os antropólogos estão trabalhando com cerca de 70 sítios arqueológicos desde 1993, um trabalho de quase 20 anos. Segundo Emília, “durante as escavações encontramos materiais de antigos pescadores como, pedra lascada, raspadores pontas de lanças, materiais utilizados há cerca de 7 mil anos”.
Ainda de acordo com a arqueóloga, apesar de muitos materiais já terem sido decompostos, também foram encontradas cerâmicas que datam 1,2 mil anos. Estes povos também teriam sido agricultores segundo Emília.
REGIÃO
Como o trabalho dos arqueólogos se estendem ao longo do rio Paraná, suas escavações são realizadas também na região do Bolsão. Na obra publicada pelos pesquisadores, há informações relacionadas às escavações em patrimônios arqueológicos em Brasilândia, Bataguassu e Santa Rita do Pardo.