Segundo o Ranking do Saneamento Básico, além dos 32 milhões de brasileiros sem acesso à água potável, o serviço de coleta de esgoto não chega a 90 milhões de pessoas.
No Dia Mundial da Água não há o que comemorar pelo menos para 32 milhões de brasileiros. Levantamento do Instituto Trata Brasil mostra que não houve avanço suficiente para garantir água limpa para essa grande parcela da população sem abastecimento no Brasil.
Em Campo Grande, listada entre as 20 melhores cidades no Ranking do Saneamento Básico, 99,98% da população têm acesso à água potável. Em relação ao serviço de esgoto, o índice é de 86,24%. Apesar de bem ranqueada, Campo Grande investiu muito abaixo do patamar nacional médio estabelecido no Plano Nacional de Abastecimento Básico (PLANSAB).
O Ranking do Saneamento abrange os 100 municípios mais populosos. Das 20 melhores cidades no ranking, Campo Grande está na 17ª posição. Não há nenhum outro município do Estado ranqueado, mas também não há cidades de MS listadas entre os piores municípios. As cidades das regiões Sudeste, Sul e Centro-Oeste (duas de Goiás e Campo Grande de MS) são as melhores colocadas no levantamento de acesso à água potável e coleta de esgoto.
Investimentos – No grupo das melhores cidades, entretanto, a correlação entre o volume de investimentos e os avanços nos indicadores de saneamento básico é negativa. O investimento médio por habitante estabelecido pelo PLANSAB é de R$ 231,09, mas os 20 melhores municípios apresentaram um investimento médio no período de 2018 a 2022 de R$ 201,47 por habitante, cerca de 13% abaixo do patamar nacional médio para a universalização. Em Campo Grande, o investimento médio no período foi de 177,31 por habitante.
Já os 20 piores municípios tiveram um investimento anual médio no período de 2018 a 2022 de R$ 73,85 por habitante, cerca de 68% abaixo do patamar nacional médio para a universalização.
Para produzir o ranqueamento, foram levados em consideração indicadores do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS), ano-base de 2022, publicado pelo Ministério das Cidades.
Desde 2009, o Instituto Trata Brasil monitora os indicadores dos maiores municípios brasileiros com base na população, com o objetivo de dar luz a um problema histórico vivido no país. A falta de acesso à água potável e acesso à coleta de esgoto, refletindo em problemas na saúde para a população que diariamente sofre, hospitalizada por doenças de veiculação hídrica.
Eleições municipais – Na avaliação de Luana Pretto, presidente-executiva do Instituto Trata Brasil, é necessário que a questão do saneamento seja trazida para o debate neste ano de eleições municipais.
“Esta edição do Ranking destaca que, além da necessidade de os municípios alcançarem o acesso pleno do acesso à água potável e atendimento de coleta de esgoto, o tratamento dos esgotos é o indicador que está mais distante da universalização nas cidades, mostrando-se o principal gargalo a ser superado. Temos menos de 10 anos para cumprir o compromisso de universalização do saneamento que o país assumiu para com os seus cidadãos. Ainda assim, cinco capitais da região Norte e três da região Nordeste não tratam sequer 35% do esgoto gerado.”