quinta-feira, novembro 21, 2024
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Editora de Los Bugres lança edição impressa de “Diálogos do Ócio”

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15Obra do jornalista Bosco Martins traz o “antes de tudo” sobre Manoel de Barros, ao revelar as fontes de inspiração do poeta, que viveu a infância até seus últimos dias. 

Manoel de Barros ( Foto: Divulgação)

Diretor da Editora Los Bugres, o poeta e escritor Douglas Diegues comemora a publicação do livro “Diálogos do Ócio”, onde o jornalista Bosco Martins revela fatos sobre Manoel de Barros que mostram qual era a fonte de inspiração e, principalmente, o quanto simples era a vida do poeta. “É uma espécie de protobiografia que assegura a memória para a posteridade, através de uma leitura leve, divertida e compreensível a todo o público”, observa Diegues, lembrando que o livro de Bosco Martins enriquece o acervo literário e amplia a compreensão sobre a poesia de Manoel de Barros. O lançamento da publicação está previsto para 19 de dexembro e Diegues já planeja a tradução do livro para o espanhol e distribuição no Paraguai e na Argentina.

“O livro será publicado primeiro em Campo Grande. Mas temos planos de publicar esta obra em Buenos Aires e também em Asunción, com tradução para o espanhol da professora Bernarda Acosta. A obra será disponibilizada e distribuída via internet, mas também estará disponível nas melhores livrarias de Campo Grande e do Brasil”.

Capa da versão impressa do livro Diálogos do Ócio

Bosco Martins incluiu no “inventário”, baseado na convivência que teve com Manoel de Barros durante 30 anos, texto de Douglas Diegues, que também fez parte do fechado círculo de amigos do poeta. “Há um texto meu sobre uma das fontes selvagens da poesia de Manoel de Barros. Uma dessas fontes é o pensamento selvagem da criança e a infância das percepções primeiras. Manoel de Barros dizia que só teve infância. Nesse texto, publicado em apêndice, trato de pensar a infância como uma das fontes principais da poesia de Manoel de Barros”, conta o diretor da Editora Los Bugres. 

Leitura prazerosa – O que diferencia o livro de Bosco Martins das chamadas obras clássicas, segundo o editor da publicação, é a “bricolagem”, permitindo ao leitor uma leitura prazerosa de uma coletânea com apresentação de José Hamilton Ribeiro e participação do próprio Manoel de Barros e de vários colaboradores. Bosco Martins fez uma espécie de bricolagem e o resultado ficou excelente, porque a obra não ficou maçante, chata, sentimentalóide ou pretensiosa. Muito pelo contrário: ficou divertida e de leitura prazerosa, acessível aos especialistas, mas também aos leitores comuns. É uma alegria impagável publicar um livro sobre Manoel de Barros escrito e organizado por Bosco Martins, que foi um amigo próximo ao poeta e conseguiu compor uma pré-biografia que é também uma celebração da vida e da obra de Manoel de Barros”.

Ao redor do fogo – O destino cruzou os caminhos do poeta com Bosco e Diegues em momentos de muito apetite literário, divagações e criações, que ganhavam contorno, segundo Bosco Martins, durante ‘diálogos de ócio’, praticados cotidianamente. A amizade sempre foi marcada pela reciprocidade.

Douglas Diegues também lembra da efervescência criativa do poeta. “Minha relação com Manoel de Barros aconteceu sempre ao redor do fogo da poesia. Nos reuníamos sempre para conversar sobre poesia. Consegui homenagear o poeta em vida algumas vezes publicando revistas e suplementos literários dedicados na íntegra ao seu trabalho com a palavra. E ele também me homenageou no “Livro sobre nada”, onde em uma nota deixou anotado que conheceu o Antônio Ninguém através do poeta Douglas Diegues”. 

Assim como Bosco Martins, a proximidade de Diegues com Manoel de Barros se deu no final da década de 1980 e dali em diante se corresponderam até à morte do poeta. “Quando vim trabalhar na TVE Regional, entre 2003 e 2007, passei a frequentar a casa do poeta semanalmente. As visitas a Manoel de Barros e a Stella foram minha faculdade de letras”.

A semente de “Diálogos do Ócio” – Douglas Diegues recorda que após publicar seu primeiro livro, em 2003, a convite de Bosco, produziu na TV Educativa o programa “O outro lado de la fronteira” e a proximidade e a própria afinidade entre Bosco e Manoel de Barros permitiram produzir um documentário. “Gravamos uma longa entrevista com Manoel de Barros para a TVE Regional. E fizemos um doc.tv dirigido por Arlindo Fernandez sobre a poesia de Manoel de Barros.  Essa entrevista com o poeta e o filme do Arlindo Fernandez, com roteiro inventado por Manoel de Barros e por mim em colaboração com Arlindo e com Bosco, foram as sementes do livro “Diálogos do Ócio”, que está sendo lançado em Campo Grande”. 

Vanguarda Prymitiva – Mais que um rótulo, uma percepção para Diegues, a obra de Manoel de Barros pode ser entendida como fruto de uma vanguarda “prymitiva”. Segundo ele, vanguarda prymitiva “é um dos nomes do que usamos para definir e diferenciar o nosso trabalho com a poesia. Receio que não possa ser entendida, porque como dizia Manoel de Barros: ‘Entender é parede’. Mas se pode conhecer melhor a vanguarda prymitiva lendo os livros do Manoel de Barros, um poeta que era ‘de bugre’ e que sempre valorizou as expressões das culturas ameríndias presentes em Mato Grosso do Sul, como os Guató e os Caduvéo”.

Para o diretor de Los Bugres, o livro de Bosco Martins pode ser lido como uma biografia de vanguarda primeira de Manoel de Barros, elaborada a partir de diálogos e depoimentos do próprio poeta e de seus leitores. “A obra também pode ser lida como um livro de colagem de memórias do poeta e dos leitores do poeta. Há também um poema inédito em livro e outras surpresas que o leitor conhecerá após a publicação”.

 

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