“Fogo Pantanal Fogo” retrata efeitos dos incêndios de 2024 sobre o cotidiano de ribeirinhos e pantaneiros e as consequências das queimadas para a biodiversidade
Por Júlia Mendes* – ((o)) eco
Novas percepções sobre as queimadas no Pantanal são apresentadas no documentário “Fogo Pantanal Fogo”, do cineasta Sandro Kakabadze. A proposta do filme é fazer um retrato imersivo. A obra registra a repetição do drama vivenciado quatro anos atrás, a partir de filmagens rodadas entre junho e outubro de 2024. Com exibição gratuita, a estreia será no dia 9 de dezembro, às 20h, no Cine Marquise, em São Paulo.
O média-metragem tem produção do Documenta Pantanal em parceria com a Âmbar Filmes e apoio da Associação Onçafari, Acaia Pantanal, Instituto Homem Pantaneiro, SOS Pantanal e MapBiomas. Segundo o diretor, a ideia inicial era fazer um filme apenas sobre o desmatamento no Pantanal, mas durante a pesquisa, ele e a equipe perceberam a iminência de uma nova onda de queimadas.
“Tanto eu quanto a Mônica Guimarães e Teresa Bracher (coordenadoras do Documenta Pantanal) entendemos que o tema mais urgente seria um filme sobre as diferentes facetas do fogo no Pantanal. As queimadas tiveram uma primeira onda em maio, começamos a gravar em junho e elas se agravaram de agosto a outubro. Infelizmente, temos certeza de que haverá outras mais”, disse.
Estruturado em três partes, “Fogo Pantanal Fogo” primeiro volta suas lentes para o cerco fechado de três dias de queimadas com um poder avassalador de destruição, fazendo uma imersão na desafiadora rotina dos brigadistas do Prevfogo.
Na segunda parte, Kakabadze aborda as diferentes formas como as queimadas têm início, enfatizando não só o impacto da emergência climática e das queimadas criminosas, como, também, revelando o potencial aparentemente menos ofensivo de práticas culturalmente aceitas décadas atrás, como o manuseio do fogo para repelir abelhas e pernilongos durante a coleta de mel silvestre e de iscas para pescas, ações que podem deflagrar focos de grandes queimadas, como exemplifica o filme.
Retratando um balanço desolador, a terceira parte do “Fogo Pantanal Fogo” registra as consequências da passagem devastadora do fogo para a vegetação nativa e para a fauna pantaneira, num cenário onde o verde é substituído pela predominância de um rastro misto de negro e cinza deixado pelo fogo.
Posteriormente, após a estreia, “Fogo Pantanal Fogo” poderá ser visto gratuitamente no canal do YouTube do Documenta Pantanal.
(*) Júlia Mendes é e estudante de jornalismo da UFRJ
Foto do destaque: Marcelo Camargo – ABr