Sala de Crise da Bacia do Alto Paraguai diz que situação pode se agravar se não vier chuva volumosa
Por Agência 24h
A população e visitantes da região banhada pelo Rio Miranda estão apavorados. O esvaziamento de um dos principais tributários do Pantanal, pela seca prolongada e os efeitos colaterais das mudanças climáticas, significa desastre ambiental e tem impactos econômicos e sociais.
De acordo com o conselho interinstitucional da Sala de Crise da Bacia do Alto Paraguai, coordenada pelas autoridades ambientais do Estado, “o agravamento é inevitável”. A conclusão se baseia nas previsões de volumes baixos de chuva no período das águas (outubro-março).
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O Rio Miranda começou a morrer em fevereiro, em um período em que deveria ter cheia. O impacto ambiental, social e econômico já é sentido em Bonito, Jardim, Guia Lopes da Laguna e Miranda. A água que abastece a população dessas cidades sai do Miranda.
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Há um plano de recuperação sendo elaborado e também o trabalho do Ministério Público Estadual para o inventário ambiental para apurar o estado e as causas da degradação do rio, que está mais seco pela estiagem, mas também depende da ação humana para ser preservado e conservado.
De acordo com levantamentos do Imasul (Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul), já foram identificadas áreas que precisam de ações urgentes ao ao longo de 70 km da região de nascente do Miranda. Nesse trecho, o nível do rio chega a 30 cm, enquanto há marcas na vegetação que apontam para um nível no passado de mais de 5m.
“O que está claro de acordo com os dados apresentados é que a situação sinaliza para aumento do nível crítico. Só teremos chuvas a partir de outubro, ainda assim abaixo do esperado”, diz o secretário de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc), Jaime Verruck.
Avaliação dos representantes do Cemaden (Centro Nacional de Monitoramento de Alertas e Desastres Naturais), do INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), do Serviço Geológico do Brasil e do Operador Nacional do Sistema Elétrico mostram “cenários preocupantes de chuvas abaixo da média e temperaturas elevadas”.
Em maio, a ANA decidiu declarar “escassez hídrica” em toda Bacia do Alto Paraguai e indicou medidas para serem adotadas pelos agentes públicos e privados a fim de enfrentar o problema, que também passa por inquéritos civis relacionados aos passivos ambientais.
Não só o Rio Miranda, mas também o Rio da Prata, em Jardim, tem têm apresentado uma série de sinais de degradação, com trechos que chegaram a secar integralmente ao longo de 11 km do seu leito. Imagens feitas por Fernanda Cano, especialista da Ecoa, mostram o estado de agonia.
Na região de Miranda, a seca do rio já impactou a produção de arroz e a pesca artesanal. Desde abril deste ano, seu nível caiu drasticamente: de 5,08 metros para menos de 2 metros, uma situação alarmante e que compromete seriamente o equilíbrio ecológico da região.
Diante do quadro de seca severa, a comunidade, assim como as próprias autoridades ambientais, espera pelo “milagre” de um período de chuvas volumosas, expectativa alimentada em todo o Pantanal, que na temporada de incêndios deste ano já teve 3 milhões de hectares queimados.
Vídeo – Reprodução da internet
Fotos: Gustavo Figueirôa – SOS Pantanal – Imagens de março de 2024 já sinalizavam estado crítico do Rio Miranda