Junto com o governador Eduardo Riedel, ministra do Planejamento Simone Tebet e ministro da Integração e Desenvolvimento Regional, Waldez Góes, visitam obra da ponte binacional em Porto Murtinho
A ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, acompanhada do ministro da Integração e do Desenvolvimento Regional (MIDR), Waldez Goes, visitou nesta terça-feira as obras da ponte binacional que ligará o Brasil, a partir de Porto Murtinho, ao Paraguai, em Carmelo Peralta, região que passa a ser o portal da Rota Bioceânica. Os ministros foram recebidos pelo governador Eduardo Riedel e o prefeito de Porto Murtinho, Nelson Cintra, entre outras autoridades estaduais.
A rota bioceânica ligará o centro-oeste brasileiro ao oceano Pacífico, passando pelo Paraguai e Argentina rumo aos portos do Chile. Além da ponte, também está prevista a alça de acesso à ponte, com expectativa de conclusão em 2026. “Essa ponte binacional não é só importante para o Mato Grosso do Sul, mas para todo o Brasil e Paraguai. Permitirá aumentar o fluxo de comércio e de turistas, gerando mais empregos e renda. É disso que se trata a nossa agenda de rotas de integração sul-americana”, afirmou a ministra Simone Tebet.
O governador Eduardo Riedel disse que o corredor “estará operacional” no início de 2026. Segundo ele, essa previsão leva em conta “não só os esforços de Mato Grosso do Sul e do Paraguai, mas, sobretudo o empenho do presidente Lula, que desde o ano passado tem reforçado esse objetivo. Trabalhamos com essa meta”.
Na segunda-feira, em Assunção, no Paraguai, Simone Tebet participou de um debate, organizado pelo jornal britânico Financial Times, sobre o papel da infraestrutura no crescimento da América Latina. O foco da fala da ministra foram as cinco rotas de integração sul-americana, com destaque para a Bioceânica. Após o debate, Tebet se encontrou com o presidente paraguaio, Santiago Peña, para dar seguimento às discussões do projeto.
Riedel também esteve em Assunção. No fórum Spotlight on Latin America, Simone fez ainda exposição das ações estratégicas do governo Lula e as ações conjuntas de Brasil e Paraguai para viabilizar a Rota Biocêanica, uma obra que muda a logística nas relações comerciais com o mundo asiático e é considerada estratégica para a integração latino-americana. “É uma obra importante não só para o Brasil, mas também para o mundo”, reforçou.
Em Porto Murtinho, Eduardo Riedel destacou os investimentos do governo federal no Estado, que somam mais de R$ 1 bilhão, ressaltando que “só tenho a agradecer ao presidente, porque dá mais força a um estado que cresce 6% ao ano e tem muito a contribuir com o desenvolvimento do Brasil”.
Há, segundo Riedel, uma “conjugação de esforços” do Estado e da União para aperfeiçoar a logística do Estado, citando os investimentos do PAC nas BRs 262 e 267, dois eixos rodoviários que estarão conectados à Bioceânica. “Isso ajuda a puxar o crescimento e nossa expectativa e de em 2026 a Rota estrar operacional. Com essa meta que a gente está trabalhando, tanto o Governo Federal quanto o que depender do Governo do Estado, não estamos medindo esforços, e todo aquele conjunto de obras que a gente vem falando está se tornando realidade.”
A ministra Simone Tebet também estimou que a Rota Bioceânica possa estar operando já em 2026, prevendo para final de 2025 a conclusão das obras do acesso à ponte bioceânica. Segundo ela, o aporte de mais de R$ 400 milhões está liberado e em abril começam os trabalhos de pavimentação de trecho de 13 quilômetros e a alça de acesso à ponte. As obras do lado brasileiro e do lado paraguaio seguem cronogramas diferentes, mas no mesmo ritmo. A próxima etapa no lado paraguaio é a pavimentação de mais 220 quilômetros de rodovia.
Simone Tebet destacou a redução de tempo e distância nas relações comerciais com os países vizinhos e com o continente asiático. “Nós vamos fazer com que os produtos agrícolas do agronegócio brasileiro, estou falando do sul de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, do Paraná, do interior de São Paulo, do interior de Goiás, se tornem mais competitivos, porque chegarão mais rápido no mundo asiático. Nós estamos falando em encurtar as distâncias”, destacou.
Atualmente, uma transação comercial entre o Brasil e a Ásia demora cerca de 30 dias para ser concluída. Com a rota, a expectativa que este tempo seja reduzido em 10 dias. A ministra explicou que isso incidirá na redução de custos e barateamento de produtos: “Isso é desenvolvimento, geração de emprego e renda, e é isso que nós queremos para o Brasil”, finalizou a ministra.
Além do desenvolvimento da infraestrutura, as Rotas de Integração e Desenvolvimento Sul-Americano são fundamentais para os Planos de Desenvolvimento e a Integração da Faixa de Fronteira (PDIFF), em estruturação pelo Ministério da Integração e Desenvolvimento Regional (MIDR), com o objetivo de estruturar ações para o desenvolvimento de atividades voltadas à melhoria da qualidade de vida e ao crescimento socioeconômico e ambiental, em benefício da população fronteiriça.
“É importante dizer que a política começa com a infraestrutura voltada a determinados tipos de atividade na área de logística do transporte, mas isso vai gerando centenas de outras oportunidades, que vão desde os produtos de origem local, o turismo, área de serviço, entre outros”, ressaltou o ministro Waldez Góes.
O desenvolvimento das fronteiras brasileiras é uma das prioridades do Governo Federal. Em 2023, através do Fundo Constitucional de Financiamento do Centro-Oeste (FCO), 24 municípios do Mato Grosso do Sul, abarcados pela Rota 4, tiveram mais de 2,2 mil operações contratadas, totalizando mais de R$ 870 milhões. “Isso tem um potencial de crescimento de muitas outras atividades econômicas. Essa é a visão da ministra Simone Tebet, que coordena esse projeto no Brasil, além de ser uma recomendação do presidente Lula”, observou Waldez Góes.
O alcance da Rota Bioceânica para o desenvolvimento de outras regiões do País também foi destacado pela ministra Simone Tebet, citando o agronegócio como um setor a ser beneficiado. Segundo ela, grande parte das exportações do agro no sul de MT, Goiás, São Paulo e Paraná será escoada pelo Pacífico, mais competitivas pela redução da distância ao mercado asiático. Da mesma forma, ao encurtar a distância, a Rota Bioceânica vai garantir ganhos com redução de custos nas importações de produtos da China.
Expansão econômica
O ministro do Desenvolvimento Regional lembrou que a Rota Bioceânica é uma obra “transversal” e tem, por orientação do presidente Lula, o empenho de todas as áreas do governo. “É uma obra que vai desencadear o desenvolvimento de várias outras atividades, do comércio, serviços, turismo”.
Segundo o ministro, com uma logística mais competitiva, a perspectiva é de que as exportações se diversifiquem ao continente asiático, com a entrada de novos produtos na balança comercial, que já tem itens como a celulose, carnes, alimentos processados, pescados, vestuários e minérios. Mato Grosso do Sul poderá ter dois hubs logísticos, em Campo Grande, que é o centro de convergência dos principais eixos rodoviários do Centro Sul do Brasil, e Porto Murtinho, que terá posto alfandegário, por ser a porta de entrada, e agências intervenientes do comércio exterior.
“É importante dizer que a política começa com a infraestrutura voltada a determinados tipos de atividade na área de logística do transporte, mas isso vai gerando centenas de outras oportunidades, que vão desde os produtos de origem local, o turismo, área de serviço, entre outros”, ressaltou o ministro Waldez Góes.
Nesse processo de intensa troca comercial, a oferta de produtos de Mato Grosso do Sul e outros estados do Sudeste e Centro-Oeste, segundo a ministra Simone Tebet, vai atender também aos países da América do Sul, sobretudo o Paraguai e o Chile. O prefeito de Porto Murtinho, Nelson Cintra, já apresentou planos e vem recebendo apoio do governo do Estado para estruturar a cidade, do ponto de vista logístico, técnico e econômico, pois haverá uma grande demanda por conectividade digital, abastecimento de combustível, escritórios de despachos aduaneiros, comércio e serviços de operação de transportes e trasbordo conectado à Hidrovia.
(Fotos: Saul Schramm)
Foto do destaque: Silvio de Andrade