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Bolívia busca se posicionar como plataforma de trânsito e comércio do Corredor Bioceânico

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Bolívia projeta zonas econômicas e portos secos para se integrar à rota Ásia-Pacífico por um corredor central

São três as alternativas de ligação bioceânica
Por Agência 24h*

De eixo do Corredor Ferroviário Bioceânico lançado há 20 anos a via alternativa do maior projeto rodoviário de ligação dos Oceanos Atlântico e Pacífico, a Bolívia está buscando se posicionar como uma plataforma de trânsito e comércio da rota Ásia-Pacífico.

Em 2004, o projeto do Corredor Ferroviário Bioceânico, a partir de Santos (SP), na costa brasileira do Atlântico, até chegar ao porto chileno de Antofagasta, colocava a Bolívia como um dos principais eixos da rota, com percurso de 4.260 quilômetros. Depois, com a discussão de mudança do percurso, trocando o modal ferroviário pela rodovia, cortando o Paraguai, a ideia do Corredor Ferroviário acabou sendo descartada.

O Corredor Bioceânico como foi redesenhado, incluiu, além do Brasil, o Paraguai, a Argentina e o Chile. Em função disso, a Bolívia decidiu buscar se posicionar como plataforma de trânsito, uma espécie de hub alternativo para se conectar a um Corredor Rodoviário Central, que contempla os estados do Mato Grosso e Rondônia. O assunto é tema de encontro realizado em Arica, no Chile.

Durante três dias, 26, 27 e 28 de novembro, a cidade do norte chileno sedia o Primeiro Polo Bioceânico, “Desafios e Oportunidades para a Macrozona Andina ”, um encontro internacional que pretende consolidar a aliança entre Chile, Bolívia e Brasil para a criação do Corredor Bioceânico Central , conectando o Atlântico ao Pacífico e projetando a região em direção ao mercado asiático.

Como já está em andamento o Corredor na linha de Capricórnio, a Bolívia busca a alternativa  como plataforma para se beneficiar da conexão bioceânica. Mas a proposta de unir os estados brasileiros de Rondônia e Mato Grosso ao porto de Arica, atravessando o território boliviano, não está descartada. A ideia é adicionar a nova logística, dando um outro tamanho à rota comercial terrestre e marítima, abrindo a América do Sul para o mercado asiático não apenas por um corredor, mas pelo menos duas rotas, norte e central.

O vice-ministro de Políticas de Industrialização, Gustavo Jáuregui, afirmou que a posição do governo é posicionar a Bolívia como uma plataforma de trânsito e comércio no projeto do Corredor Bioceânico Central.

“Somos uma plataforma natural para trânsito e comércio e, claro, podemos dar ao projeto do Corredor Bioceânico Central uma vantagem competitiva ao incluir a Bolívia nesse projeto”, afirmou em entrevista ao jornal La Razón.

De acordo com o vice-ministro, o país enfrenta o desafio de consolidar seus custos logísticos, que, segundo o Banco de Desenvolvimento da América Latina (CAF) e o Centro para a Justiça, a Paz e o Desenvolvimento (Cepad), chegam a entre 25% e 30% do valor do produto, enquanto em economias competitivas essa margem atinge entre 10% e 12%.

Além disso, há a diversificação do transporte, em que 90% da carga é transportada por rodovia, enquanto a ferrovia representa 6%. “Em países eficientes, os trens transportam entre 15% e 40% da carga”, observou ele.

O vice-ministro afirmou que o governo de Rodrigo Paz definirá sua estratégia para a adesão ao Corredor Bioceânico Central em Arica. O projeto visa conectar o porto brasileiro de Santos com portos no sul do Peru e norte do Chile por meio de rodovias e, principalmente, ferrovias.

Para a Bolívia, afirmou ele, além do corredor central, o encontro também abre a possibilidade de promover projetos como o Porto Busch em Santa Cruz, bem como zonas econômicas especiais e portos secos em diversos departamentos.

O encontro em Arica reúne empresas portuárias, operadores logísticos, autoridades regionais e organizações multilaterais.

OBRA EM CURSO

A Rota Bioceânica, também conhecida como Corredor Bioceânico de Capricórnio, é um corredor rodoviário estratégico com aproximadamente 2.396 a 3.320 quilômetros de extensão, que conecta o Oceano Atlântico ao Pacífico, integrando Brasil, Paraguai, Argentina e Chile.

O projeto tem como objetivo promover a integração entre os países da América do Sul, facilitar o acesso ao Oceano Pacífico, impulsionar o comércio regional e ampliar a conexão com os mercados asiáticos, especialmente China e Japão.

A Rota Bioceânica integra a Iniciativa para a Integração da Infraestrutura Regional Sul-Americana (IIRSA), criada em 2000 para conectar os países do Cone Sul por meio de obras de infraestrutura.

Entre os principais benefícios econômicos, destacam-se a redução dos custos de transporte, já que a rota pode encurtar a distância até a Ásia em até 9.700 km, diminuindo os custos logísticos em até 30% para determinadas cargas. Com isso, haverá maior competitividade dos produtos brasileiros no mercado internacional.

A Rota Bioceânica promete ser um vetor de transformação geoeconômica, conectando o interior do continente aos grandes mercados globais. O projeto também pode atrair investimentos em logística, turismo, energia e comércio, além de fortalecer a posição estratégica do Brasil na América do Sul.

A iniciativa ampliará significativamente as oportunidades para o agronegócio, ao facilitar a exportação de produtos agrícolas, especialmente soja, milho e carne para os países asiáticos.

Outro aspecto positivo será o desenvolvimento regional, com a geração de empregos na construção civil e na área de logística, além de estimular o turismo e promover a integração cultural entre os países envolvidos.

A construção da Ponte Brasil–Paraguai, que ligará Porto Murtinho (MS) a Carmelo Peralta (Paraguai), já está em andamento e representa um elemento essencial para a continuidade da Rota Bioceânica.

Apesar dos benefícios previstos, o projeto enfrenta importantes desafios, como a necessidade de ampliar e modernizar a infraestrutura, além de superar questões ambientais e socioculturais ao longo do trajeto. A implementação da Rota exige intensa coordenação entre os países participantes e elevados investimentos para garantir sua viabilidade e sustentabilidade.

A Rota Bioceânica tende a impactar o seguro de transporte internacional ao reduzir custos logísticos e prazos de entrega, mas também ao aumentar a complexidade dos riscos relacionados à segurança, à infraestrutura e à harmonização regulatória entre os países envolvidos.

Com o crescimento do fluxo de mercadorias, haverá maior demanda por seguros internacionais, e as seguradoras poderão oferecer produtos especializados, como seguros multimodais e coberturas contra riscos políticos e ambientais.

(*) Fonte: La Razón, com informações do portal Rota Bioceânica News

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