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Biometano, o gás natural renovável, faz MS avançar na transição energética

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De acordo com projeções da Abiogás (Associação Brasileira de Biogás), a produção brasileira de BioGNV deve saltar 600% até 2029

Vinhaça, além de fertilizar as plantações de cana, vai gerar gás natural renovável
Por Rosana Siqueira – SEMADESC*

Mato Grosso do Sul entra na nova fronteira das fontes renováveis de energia e avança no processo de transição energética com a ampliação de investimentos em usinas de biometano. Além de produção da energia limpa a partir de dejetos de animais como suínos e bovinos, o biometano obtido por meio da vinhaça, que é subproduto da cana-de-açúcar, ganha mais um capítulo. Investidores estão de olho também no lixo, outra fonte de gás natural.

Na quarta-feira a Atvos anunciou investimento de R$ 350 milhões em uma usina de biometano em Nova Alvorada do Sul. A unidade utilizará como insumos a vinhaça e a torta de filtro, resíduos resultantes da cadeia produtiva da cana, ocupará uma área de 150 mil metros quadrados e terá capacidade instalada de 28 milhões de metros cúbicos de biometano.

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Esta será a segunda unidade do setor sucroenergético a investir neste tipo de energia em Mato Grosso do Sul. A primeira usina foi lançada pela Adecoagro em Ivinhema que já está duplicando sua capacidade de produção.

Unidade de produção do BioGNV a partir de vinhaça de cana foi anunciada na Expocanas em Nova Alvorada do Sul (Foto: Álvaro Rezende)

Com uma produção de biometano estimada em 6 mil metros cúbicos por dia, a Usina Adecoagro já utiliza o biocombustível na movimentação de parte da sua frota.

“Inicialmente, usamos o biogás que estava produzindo para aquecer a água da turbina de condensação, economizar vapor e exportar mais energia. Uma vez que o projeto estabilizou, nos sentimos confortável em investir mais, investimos na purificação desse biogás e iniciamos a produção do biometano”, informa a empresa.

A expectativa da Adecoagro é que as possibilidades de comercialização do biometano sejam ampliadas com a implantação do Projeto de Lei 4516/23, batizado de Combustível do Futuro. Enviado à Câmara dos Deputados pelo Governo Federal em 2023, o projeto apresenta um conjunto de medidas visando a ampliar o uso de combustíveis sustentáveis e de baixa intensidade de carbono na matriz de transportes brasileira e o incremento da eficiência energética dos veículos.

Em junho do ano passado a Adecoagro passou a abastecer parte da frota de veículos com biometano produzido a partir da vinhaça da cana na usina de Ivinhema. Com a construção e inauguração de mais um biodigestor a empresa dobrou sua capacidade, o suficiente para abastecer 66 caminhões canavieiros.

Regulamentação no Estado

“O Estado fez a regulamentação do biometano, somos um dos primeiros a fazer isso. A MSGás fez um edital para a comprar o produto. Temos a produção de biometano na suinocultura, na Adecoagro e agora vamos reduzir a alíquota do ICMS para o biometano. Tudo isso caminha para estimular este mercado, é uma grande fronteira, uma transição energética”, salienta o secretário de Estado de Meio Ambiente, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc), Jaime Verruck.

Além do setor sucroenergético, a produção de biometano já é amplamente feita na suinocultura. Um dos projetos de destaque é o da SF Agropecuária em Brasilândia, que produz mais de 180 mil suínos por ano e realiza o ciclo completo de produção.

A propriedade é uma das pioneiras na utilização de dejetos de suínos no abastecimento de energia por meio de geração distribuída, e conta com diversas atividades e um portfólio diversificado.

Bruno Serapião é o CEO da Atvos, gigante do setor que aporta mais um grande investimento em MS (Foto: Álvaro Rezende)

A Adecoagro usa o biometano para abastecer a frota desde o ano passado. Com a ampliação da planta de Ivinhema, a empresa aumentará sua capacidade e poderá produzir até 1,1 milhão Nm3/mês de biometano, o equivalente a 1 milhão de litros de diesel.

Com o uso crescente da vinhaça, até sua totalidade, a ser transformada no combustível gasoso renovável, a estimativa é substituir até 50 milhões de litros de diesel, o que permitirá a substituição do consumo de diesel equivalente nas operações agroindustriais e no transporte de produto acabado, açúcar e etanol.

Além de ampliar a sustentabilidade de todo o processo, a operação irá aumentar a nota da companhia no Renovabio (principal métrica de avaliação da sustentabilidade), já que o uso intensivo de diesel representa o item de major impacto na avaliação, o que permitirá uma receita adicional na emissão de CBios.

Compressor de biometano com planta integrada de acondicionamento de biogás instalado na Adecoagro, em Ivinhema (Foto: Divulgação-Adecoagro).

De acordo com o titular da Semadesc, iniciativas como estas se adequam perfeitamente a meta do Governo de ser sustentável e Verde.

“O incremento na busca por energias renováveis, o biometano produzido por estas usinas são uma alternativa viável ao diesel e outros combustíveis fósseis. Além disso, a produção de biometano a partir de resíduos de suínos e de cana-de-açúcar ajuda a reduzir as emissões de gases de efeito estufa, tornando a solução ecologicamente correta”, enfatizou.

Verruck também lembra que estas inovações são incentivadas pelo Governo de Mato Grosso do Sul por meio dos programas de incentivos fiscais como o Leitão Vida e o MS Renovável.

Sobre o novo empreendimento da Atvos,  anunciado ontem na Expocanas, Verruck destaca a inovação do setor sucroenergético. “Vemos mais um grande investimento no setor sucroenergético com a Atvos, mas acima de tudo temos um avanço na transição energética que o Estado tanto almeja. Entramos agora numa nova etapa na produção de energias renováveis”, finalizou.

De acordo com projeções da Abiogás (Associação Brasileira de Biogás), a produção de biometano deve saltar 600% até 2029, saindo do atual 1 milhão de m³ por dia para 7 milhões de m³/dia.

Ainda segundo a entidade, atualmente existem 20 plantas no país, sendo que apenas seis comercializam o gás e a expectativa de é que o total de unidades produtoras voltadas à comercialização chegue a 90 nos próximos cinco anos, sendo 42% via setor sucroenergético.

O setor sucroenergético participa com 16% no PIB industrial do Estado, e possui atualmente 800 mil hectares de cana-de-açúcar plantada em 42 municípios. O município de Nova Alvorada do Sul tem 116 mil hectares de cana e lidera o ranking de maiores lavouras de cana-de-açúcar do Brasil.

 

(*) Texto revisado com acréscimo de informações pela Agência 24h

Legenda da foto do destaque: Microbox-Bio desenvolvido pela Galileo Technologies, de compressão de biometano com planta integrada de acondicionamento de biogás instalado na Adecoagro, em Ivinhema.

 

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