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Bioceânica poderá ser desvio do Canal do Panamá na conexão Ásia-Pacífico

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Disputa pelo controle do Canal anunciada pelo presidente dos EUA Donald Trump gera preocupação

Transchaco – Trecho da Bioceânica em território paraguaio está sendo pavimentado. (Foto: Toninho Ruiz)
Por Agência 24h

A Rota Bioceânica, que pretende conectar os oceanos Atlântico e Pacífico, atravessando Brasil, Paraguai, Argentina e Chile, poderá ser um desvio ou até se  tornar uma alternativa estratégica de rota marítima ao mercado asiático. A rota ganha importância geopolítica diante da tendência do comércio global e disputa política com impacto no mercado internacional. Embora tenha um longo percurso, de 3.250 km quase que totalmente de rodovias, seria uma alternativa a eventual fechamento do Canal do Panamá, onde a conexão tem apenas 82 km. O que se imagina é que, dependendo do produto exportado ao mercado asiático, a Rota Bioceânica é uma alternativa a ser pensada. A relação custo-benefício diante de um cenário pior é que vai determinar o futuro do transporte marítimo pelo Caribe.

Para as regiões no centro-oeste da América do Sul, vencer os 3.250 km para chegar aos portos do Chile, significa economia de custos e de tempo em relação ao Canal do Panamá, pois o transporte pelo Atlântico Sul até o Mar do Caribe para atravessar o Canal do Panamá é muito mais oneroso. De qualquer modo, a Rota Bioceânica vai revolucionar a logística Ásia-Pacífico para a economia sul-americana.

Embora onerosa para as exportações das regiões mais ao Norte do país, a Bioceânica seria a única alternativa de baixo risco. O transporte marítimo ao sul de Argentina é considerado de alto risco, devido a violência dos oceanos na região da Antártida.

SEMINÁRIO

Seminário entre os representantes dos governos regionais dos quatro países cortados pela Bioceânica programado para segunda quinzena de fevereiro vai discutir investimentos e alinhar ações. Há uma pauta importante sobre a ideia de um mercado livre, mas alguns desafios globais podem redirecionar a discussão sobre o papel da Bioceânica e sua influência nas rotas marítimas conectadas ao modal rodoviário. Além da questão de logística e intermodalidade, discute-se também as barreiras sanitárias e alfandegárias. A crise do Canal do Panamá surgiu agora, não consta da agenda do seminário, mas pode ser mencionada.

Traçado da Rota Bioceânica

“Vamos discutir questões extremamente relevantes, como a infraestrutura. Cada um dos países tem um papel importante para que a gente tenha no prazo de dois anos a consolidação de toda a infraestrutura. Nós vamos discutir toda a situação das alfândegas, que é uma questão crucial para a competitividade da Rota. E mais importante, discutir o desenvolvimento econômico das regiões afetadas pelo Corredor Bioceânico”, comenta o secretário Jaime Verruck, da Semadesc.

A programação do seminário prevê painéis, reuniões técnicas e culturais, envolvendo autoridades governamentais, empresários e especialistas de diversas áreas. A abertura oficial está marcada para o dia 18, às 18h, no Centro de Convenções Rubens Gil de Camilo (Parque dos Poderes).

De acordo com o titular da Semadesc, “a ideia é discutir mercado, discutir competitividade e desenvolvimento local. O Corredor Bioceânico é um grande projeto nacional que impacta não somente a Mato Grosso do Sul. Ele é importante para o Brasil, Paraguai, Argentina e Chile. Nós estamos redesenhando a geopolítica internacional de ligação entre o Atlântico e o Pacífico e olhando para os mercados asiáticos”.

Os interessados já podem acessar o site www.seminariointernacionalbioceanica.ms.gov.br para obter mais informações sobre o seminário e se inscrever gratuitamente. O objetivo principal do evento é fomentar o desenvolvimento e a integração regional entre Brasil, Paraguai, Argentina e Chile, destacando as oportunidades e desafios que serão gerados pelo Corredor Bioceânico de Capricórnio, passando por 8 territórios de 4 países (Regiões de Tarapacá e Antofagasta, no Chile; Províncias de Jujuy e Salta, na Argentina; Departamentos de Boquerón, Presidente Hayes e Alto Paraguay, no Paraguai, e o Estado de Mato Grosso do Sul, no Brasil), até chegar aos portos chilenos de Iquique, Antofagasta, Mejillones e Terminais Tocopilla.

PONTE

Obras da ponte Bioceânica sobre o rio Paraguai, na fronteira de Porto Murtinho-Carmelo Peralta (Foto: Saul Schramm)

As obras de implantação da rota estão avançando, principalmente no Paraguai. Todo o trecho no lado brasileiro já existe com as malhas rodoviárias que ligam MS aos portos de Santos (SP) e Paranaguá (PR). Assim, o principal trecho em obras começa na fronteira de Porto Murtinho, que até já adotou o slogan de “novo canal” Ásia-Pacífico. A 467 km da capital Campo Grande, Porto Murtinho experimenta uma rápida transformação. Na fronteira com o Paraguai, a cidade será ligada a Carmelo Peralta, no lado paraguaio, por uma ponte de 1.294 metros. A obra está com 65% do cronograma executado.

Do lado brasileiro, a 13 km do centro de Murtinho, ligada à BR-267, está sendo construída uma alça e rodoanel com viaduto. O governo está gastando perto de meio milhão de reais nas obras (R$ 472 milhões).

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