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Biomassa: Bagaço de cana e restos de madeira puxam transição energética

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Biomassa desbanca hidrelétricas e termelétricas a gás e passa a ser principal fonte de geração de energia no Estado. Governo isenta imposto e espera investimentos bilionários em fontes renováveis

O crescimento do setor alcooleiro ao longo dos anos e a recente expansão do setor florestal em Mato Grosso do Sul não significaram apenas recordes de produção de etanol, açúcar e celulose e superávit da na balança comercial. O “lixo” que sai desses processos industriais também gera lucros e, mais que isso, ganhos ambientais.

  • É a biomassa puxando a transição energética. A transformação de bagaço de cana e resíduos de madeira tornou o Estado o único do País em que a biomassa é a principal fonte de energia (em nível nacional é a segunda maior fonte).

Até então as hidrelétricas e as termelétricas a diesel e a gás lideravam a geração. Mas as perspectivas são muito animadoras para a energia hídrica, em razão do potencial do Estado, que pode receber dezenas de pequenas centrais hidrelétricas de um lado e, de outro, expandir as usinas de biocombustíveis, aproveitando a diversidade de materiais orgânicos (animal e vegetal).

Em pouco mais de uma década a geração de energia a partir do bagaço e da palha de cana-de-açúcar em Mato Grosso do Sul mais que triplicou. De acordo com a Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação do Estado (Semadesc), de 2009 a 2021, baseada em relatório da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), a entrega de energia elétrica saltou de 631 mil Megawatt por hora (MWh), para 2,3 milhões MWh.

  • A Associação de Bioprodutores de Mato Grosso do Sul (Biosul) diz que há muito espaço para crescimento e a biomassa deve seguir liderando a geração.

O Programa Estadual de Incentivo ao Desenvolvimento das Fontes Renováveis de Produção de Energia do Governo do Estado (Renova MS) vai trazer investimentos bilionários não só para a expansão da biomassa, mas para outras fontes – eólica, solar, biogás, hidrogênio, e também a hidrelétrica. No caso da energia hídrica há espaço para 42 novas pequenas centrais, com projeção de investimentos de R$ 6 bilhões.

SUSTENTABILIDADE

O que faz da biomassa uma alternativa atrativa é seu baixo custo, a potencialidade dos setores sucroenergético e florestal e o apelo ambiental. “A bioeletricidade gerada a partir da biomassa da cana traz ganhos ambientais e econômicos. É uma fonte renovável de energia e de baixo custo”, diz o presidente da Biosul, Amaury Pekelman.

O potencial produtivo das lavouras de cana-de-açúcar e eucalipto de Mato Grosso do Sul, aliado a inovações tecnológicas, são apenas alguns exemplos que permitem um leque de novas oportunidades para a produção de energia limpa renovável.

“A pesquisa aplicada com foco no desenvolvimento de novos produtos, serviços e processos inovadores por meio da transformação da biomassa, pode agregar valor e gerar novas divisas para as indústrias brasileiras, tornando-as mais competitivas”, explica a pesquisadora do Instituto Senai de Inovação – ISI Biomassa, Jéssica C. Medina Gallardo.

  • Todas as 17 unidades sucroenergéticas em operação no Estado cogeram bioeletricidade, 11 entregam o excedente ao Sistema Interligado Nacional.

A Embrapa Agropecuária Oeste, em Dourados, também tem se dedicado a avaliar a viabilidade e o impacto do recolhimento total ou parcial da palha residual da colheita mecanizada de cana crua, com o objetivo de cogeração de energia elétrica ou produção de etanol 2G.

Práticas de preparo de solo, renovação, manejo e tratos culturais para a cultura da cana-de-açúcar, em sistemas conservacionistas de produção, são outros temas da atuação da Unidade que visam o aumento de produtividade de biomassa, maior eficiência no uso de insumos e sustentabilidade do setor sucroenergético.

MAPA ENERGÉTICO DE MS

A geração de energia renovável em Mato Grosso do Sul é responsável por 89,86% do total do potencial outorgado no Estado, de acordo com a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). As duas principais matrizes elétricas são a geração por meio da biomassa e a solar.

 

Geradores

Total: 2.048

Solar – 1.954

Hídrica – 38

Biomassa – 37

Térmicas (fóssil) – 19

 

  • Para a biomassa são outorgados 2.498.312 quilowatts (kW) e para a solar são 2.218.153,16 kW, 38,96% e 43,88% do total, respectivamente. A capacidade instalada de geração a partir de todas as fontes atingiu a marca de 5.692.401,17 kW em agosto deste ano. Para completar o cenário energético de MS ainda são outorgados 399.120,01 kW de fontes hídricas e 576.816,00 kW de fonte fóssil não renovável.

O aumento do uso da biomassa é uma estratégia essencial para reduzir as emissões de gases de efeito estufa, combatendo o aquecimento global e as mudanças climáticas. Comparada às fontes de energia fósseis, a biomassa emite menos poluentes e tem menor impacto ambiental, contribuindo para um sistema produtivo mais limpo e eficiente. Ela se mostra uma opção cada vez mais viável para a transição rumo a uma economia de baixo carbono.

Segundo o secretário de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação, Jaime Verruck, os dados mostram Mato Grosso do Sul liderando a transição para a energia renovável, aproveitando ao máximo seus abundantes recursos naturais e tecnologias modernas.

“A utilização eficiente de biomassa e energia solar, tanto em geração centralizada quanto distribuída, demonstra um forte compromisso do Governo Riedel com a sustentabilidade e inovação”, disse, ressaltando que todas as ações se convergem para uma matriz energética cada vez mais renovável para MS atingir em 2030 a meta de Estado Carbono Neutro.

 

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