Por Silvio de Andrade – Lugares.Eco
O turismo, os sistemas de transportes e a logística possuem uma estreita relação de dependência. O acesso aos principais destinos de turismo de Mato Grosso do Sul melhorou muito nos últimos anos, seja por terra ou aéreo, com uma mudança radical acontecendo no cartão de visitas do Estado, que é a Rota Bonito Serra da Bodoquena.
O aéreo sempre foi um ponto nevrálgico para o setor, limitando a expansão do turismo e gerando dificuldades para quem deseja visitar a região e outros destinos, como Corumbá, a Capital do Pantanal. Com o programa Decola MS, criado em 2017, o governo do Estado conseguiu, de lá para cá, garantir novos voos para Campo Grande e os principais destinos.
O Decola MS garante a redução da alíquota do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) sobre o combustível da aviação para as companhias, facilitando a abertura de novos voos comerciais no Estado e, importante, a redução das passagens aéreas. Bonito hoje tem voos da Azul e Gol (direto de Congonhas) e Corumbá, com um aeroporto internacional, voltou a conectar-se.
Mais voos
“A nossa política pública de atração de novos voos, facilitando e melhorando o acesso de turistas a Mato Grosso do Sul, foi decisiva para conquistar novas frequências, que estão contribuindo para o a emissão de mais turistas aos nossos destinos”, destaca Bruno Wendling, diretor-presidente da Fundação de Turismo de MS (Fundtur).
A logística para o atendimento do setor turístico, pois, é fundamental para facilitar na movimentação de pessoas e bens, incluindo as operações de deslocamentos, terminais e sistemas de controle de tráfego, bem como no translado rodoviário, que funciona entre a Capital e Bonito, a partir do aeroporto, com ônibus e vans operando diariamente no trecho.
Vale lembrar, que os principais objetivos da gestão da logística da prestação de serviços são proporcionar, simultaneamente, o máximo nível de serviço e o menor custo total possível nas viagens. Para garantir os voos e atender as demandas de Bonito, o Estado assumiu a gestão e investiu na modernização do aeroporto local, que hoje recebe grandes aeronaves.
Uma nova rota
Agora, a conexão de Campo Grande com a Capital do Ecoturismo teve um salto de qualidade e comodidade: a pavimentação dos 100 km da rodovia MS-345 (Estrada do 21) criou uma nova rota com redução de 40 km de distância entre as duas cidades, significando uma hora a menos de viagem e menos trânsito. O acesso é feito pelas BRs 262 e 419 (a partir de Anastácio).
A nova estrada, já trafegável desde junho, foi inaugurada esta semana pelo governador Eduardo Riedel e significa um marco para o turismo. Quem sai de Campo Grande, tem a opção de fazer um passeio pela Estrada Parque de Piraputanga, pescar ou visitar as fazendas pantaneiras que operam com ecoturismo, em Aquidauana, e seguir viagem para Bonito e região.
Bruno Wendling, da Fundtur, vislumbra essa rota como um dos grandes nichos de mercado para atrair o turista estrangeiro. Piraputanga se estrutura e se organiza para melhorar os serviços e oferecer mais estrutura e opções em hospedaria, roteiros mais elaborados e gastronomia. O problema da estrada é o tráfego de caminhões bitrens transportando eucalipto, apesar de ser uma unidade de conservação.
Polo de pesca
A do 21 é uma estrada cênica, tão bela como a de Piraputanga, com grandes vales e circundada por morrarias que integram o mosaico da Serra da Bodoquena. Foi construída dentro de uma concepção ecológica, com 45 passagens inferiores de fauna já instaladas, e com previsão de colocação de sonorizadores, placas lúdicas e tela condutora para proteção dos animais silvestres.
No caminho, a apenas 70 km de Bonito, o distrito de Águas do Miranda vai se transformar em um novo polo de pesca esportiva, com potencial para o ecoturismo, já praticado por alguns empreendimentos. A secretária de Turismo do município planeja com o trade local a elaboração de roteiros para atrair e ampliar a estadia do turista que chega à cidade de Bonito.
“A MS-345 não só será uma rodovia do turismo, vai economizar muito para o município de Bonito até chegar à Capital”, pontuou o governador Eduardo Riedel, ao entregar a obra. Segundo o prefeito de Bonito, Josmail Rodrigues, o trecho vai alavancar o turismo no distrito e reduzirá em R$ 600 mil o custo de combustíveis da frota da prefeitura que atende o setor de saúde.
Rodovia do turismo
Complementando a nova logística, o Estado pavimentou a Rodovia do Turismo, uma via municipal que dá acesso a um grande número de atrativos na região do Rio Formoso, a maioria balneários. O tráfego era complicado na chuva e inseguro, com riscos de acidentes por ser uma estrada estreita. São 10 km, com ciclovia, entre o Córrego São Mateus e o Rio Formoso.
“Esse asfalto foi um presentão para Bonito e o nosso trade”, disse o prefeito Josmail Rodrigues, que projeta uma nova estrada na cidade a partir da MS-345, que se interliga na área urbana com a Avenida Heron do Couto, contando com emenda de R$ 10 milhões destinada pelo senador Nelsinho Trad. “Todos esses investimentos somam mais de R$ 400 milhões”, completa.
O acesso contará com uma ponte diferenciada (mista de concreto e aço com apoio somente nas extremidades), sobre o Formoso, ao lado da atual travessia de madeira, uma alternativa para reduzir impactos ambientais. O projeto está em análise no Imasul (Instituto de Meio Ambiente de MS).
“O rio é um dos maiores patrimônios que temos em Bonito”, citou o secretário estadual de Logística e Infraestrutura, Hélio Peluffo.