Com a nova unidade, a Petrobras vai dobrar a produção nacional de ureia, contribuindo para redução das importações do produto de 66% para 39% da demanda estimada do mercado nacional, de cerca de 4 milhões de toneladas/ano.
Bilhões de dólares investidos e obras em ritmo acelerado no início da década de 2010. Quando faltavam menos de 20% das obras civis, o Ministério das Minas e Energia e a Petrobrás anunciaram a paralisação do projeto daquela que foi projetada para ser a maior fábrica de fertilizantes nitrogenados da América Latina, a um custo global de mais de R$ 5 bilhões e 200 milhões, incluindo uma termelétrica. Somente a fábrica de fertilizantes (Fafen-MS) foi orçada em R$ 3.950.380.000,00.
A retomada das obras foi anunciada dentro do plano de investimentos da Petrobrás, com previsão de conclusão em 2025 – seis meses para reestruturação dos projetos de engenharia e um ano e meio para as obras civis.
Pelo plano inicial, após a inauguração, na época anunciada para 31 de dezembro de 2014, o governo investiria ainda mais R$ 124 milhões em obras complementares. Por conta da paralisação das obras, quase 10 mil postos de trabalho foram fechados. O projeto não entrou no novo PAC (Programa de Aceleração do Crescimento, mas foi reinserido no plano estratégico da Petrobrás.
De acordo com a Petrobras, a construção da fábrica envolve investimentos de US$ 2,5 bilhões (mais de R$ 5,2 bi a preços de hoje). Quando entrar em operação, a unidade terá capacidade de produzir 1,2 milhão de toneladas/ano de ureia granulada com a comercialização de 70 mil toneladas/ano de amônia (maior parte, 691 mil toneladas, será usada na produção da ureia). Com a nova unidade, a Petrobras vai dobrar a produção nacional de ureia, contribuindo para redução das importações do produto de 66% para 39% da demanda estimada do mercado nacional, de cerca de 4 milhões de toneladas por ano.
Segundo o projeto original e o memorial descritivo do complexo da UFN3, em 2013, um ano antes do prazo previsto para conclusão das obras, foram abertos 9.400 postos de trabalho. Eram vagas de ajudantes nas áreas de engenharia civil, mecânica e elétrica, operadores de guindaste, escavadeira e empilhadeira, cozinheiro, carpinteiro, auxiliar administrativo, montador de andaime, pedreiro, mecânico, lixador, caldeireiro, encanador, pintor, soldador, eletricista, instrumentista, engenheiro, contador, enfermeiro e médico.
Depois que as obras fossem concluídas, a maior parte dos trabalhadores seria dispensada, ficando apenas 400 vagas para a operação da fábrica de fertilizantes. Seriam postos permanentes em diferentes áreas profissionais, tais como Engenharia, Administração, Operação, e funções técnicas (mecânica, elétrica, instrumentação, química), desencadeando, por outro lado, 1.200 empregos indiretos.
Havia uma grande expectativa em torno do projeto porque seriam atraídas outras fábricas que utilizariam a ureia produzida pela UFN-III na produção de adubos. “Aqui chegarão as maiores indústrias de mistura de adubos que utilizam a ureia como insumo, além dos fosfatados e dos potássicos, para a produção de nutrientes do tipo NPK (Nitrogênio, Fósfaro e Potássio) para abastecimento dos mercados dos Estados da região Centro-Oeste e da região Sul (MS, MT, GO e SP majoritariamente) nas culturas de milho, algodão e cana de açúcar.
PROJETO ATRAIU OUTRAS EMPRESAS E QUALIFICOU MÃO-DE-OBRA NOS SETORES DE GÁS, ENERGIA E PETRÓLEO
Com capacidade de produção de 1,2 milhão de toneladas/ano de ureia e comercialização de 70 mil toneladas/ano de amônia, a Fafen-MS será a maior planta de fertilizantes nitrogenados da América Latina e permitirá à Petrobras dobrar a produção nacional de ureia, contribuindo significativamente para redução das importações desse insumo essencial à produção agrícola.
A Petrobras tem, em operação desde 2004 em Três Lagoas, a Usina Termelétrica Luís Carlos Prestes (UTE LCP) na qual foram realizadas obras concluídas em 2012 para fechamento de ciclo – quando se usa, além do gás, vapor para gerar energia elétrica. Com isso, sua capacidade de geração saltou de 252 MW para 386 MW, energia suficiente para atender a demanda de uma cidade com 1,3 milhão de habitantes.
A instalação dessa usina em Três Lagoas favoreceu a implantação de indústrias em função da expansão da distribuição local de gás natural, uma vez que foi necessária a construção de um ramal da Companhia Estadual de Gás do Mato Grosso do Sul (MSGÁS) para seu abastecimento no Distrito Industrial II.
A UTE LCP gera, hoje, 75 empregos diretos, que se desdobram em empregos indiretos, o que amplia a renda do trabalho no município, estimulando a economia local e contribuindo para o aumento na arrecadação local de impostos.
De forma mais ampla, ao fornecer energia para o Sistema Interligado Nacional (SIN), a UTE LCP, do Parque Gerador da Petrobras, contribui para a maior flexibilidade e segurança do Sistema Elétrico Brasileiro.
Em 2011, a Petrobras estabeleceu convênio com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) para fortalecimento da cadeia de fornecedores da indústria de petróleo, gás natural e energia no Mato Grosso do Sul, ampliando uma parceria que já está presente em 16 estados preparando micro e pequenas empresas e, dessa forma, estimulando o desenvolvimento econômico em diferentes partes do País.
Em Mato Grosso do Sul, 141 empresas foram capacitadas no âmbito desse convênio que tinha seu foco voltado para a qualificação no campo da inovação, tecnologia e melhorias na gestão para atender a normas e padrões exigidos por grandes corporações. Destas, 40 empresas dos municípios de Três Lagoas e Brasilândia foram certificadas ainda em 2013, o que as tornaram aptas a integrar o Catálogo do Fornecedor Petrobras-Sebrae. As demais continuaram o processo de capacitação em busca da certificação. Com a demora de 10 anos, toda a capacitação acabou absorvida por outros processos da expansão industrial do Estado, com outros focos de produção.
Com a certificação, no entanto, não só a Petrobras, mas também outras empresas puderam contar com a produção de bens e serviços locais, o que gerou benefícios em relação a prazo e custo, desencadeando o desenvolvimento das atividades econômicas.
Algo em torno de mil jovens foram preparados para atender às demandas de mão-de-obra qualificada, tato da UFN3 quanto das empresas que viriam a se instalar nos ramos voltados à comercialização e distribuição dos insumos para processamento de adubos. Para melhorar o rendimento escolar de jovens da Rede Pública de Ensino de modo a facilitar seu acesso aos processos de seleção do Programa de Mobilização da Indústria Nacional de Petróleo e Gás (Prominp) e de outros cursos de qualificação profissional, a Petrobras criou, em 2011, o projeto Gerando Futuro.
O projeto, desenvolvido em parceria com a Missão Salesiana local, chegou até o terceiro ciclo. Entre os participantes do 1º ciclo do projeto, 79% foram aprovados no 6º Exame de Seleção do Prominp, sendo que vários nas primeiras posições. No 2º ciclo, 43 alunos foram aprovados em universidades e 44 concorreram ao Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec), do Ministério da Educação, com um índice de classificação de 93%.
Cada ciclo do projeto Gerando Futuro teve nove meses de duração, oferecendo cursos de matemática, português, raciocínio lógico, informática, tópicos da indústria de petróleo, gás natural, fertilizantes, cidadania e direitos humanos.
- Logística – Além de estar a 3 km do Gasoduto Brasil-Bolívia (o gás natural é um dos principais insumos para os fertilizantes), a fábrica está a 1 km do modal rodoviário, a 5 km do modal ferroviário, a 9 km do modal hidroviário e também está próxima do mercado alvo de fertilizantes, no interior de São Paulo, Norte do Paraná, Sul e Sudoeste de Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.
- Incentivos – O governo do Estado e o município deram todas as condições para que a fábrica se instalasse. A área, por exemplo, de 4.251.975,680 metros quadrados (425 hectares) foi doada de acordo com convênio assinado no qual o Estado bancou R$ 5 milhões e o município R$ 1 milhão para a compra da área.
Como forma de estímulo a investimentos que ajudam a reduzir as desigualdades regionais, o projeto da UFN3 também recebeu incentivos fiscais do Ministério de Minas e Energia por meio do Repenec (Regime Especial de Incentivos para o Desenvolvimento de Infraestrutura da Indústria Petrolífera nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste) por meio da suspensão das contribuições para PIS/PASEP, equipamentos e materiais de construção.
- Empregos – O investimento mexeu com a economia e prometia um retorno imediato. O retorno imediato significou 10 anos de espera pela retomada das obras. Mas até ao estágio em que as obras foram paralisadas, só na fase da construção, foram gerados 4 mil empregos com perspectiva de que no pico chegasse a 9 mil trabalhadores. Quando estiver em operação, a UFN III vai gerar 510 empregos diretos (mais 1.500 indiretos) entre funções administrativas, técnicas e operacionais.