Rompimento ocorreu em barragem de condomínio de luxo, entre Campo Grande e Jaraguari. Lago artificial de condomínio espalha quase 1 bilhão de litros de água
Por Agência 24h
Barragem de lago em condomínio de luxo entre Campo Grande e Jaraguari se rompeu causando estragos na pista da BR-163. A água invadiu casas. Apesar do tamanho do desastre, ninguém se feriu, mas moradores e motoristas que transitavam pela rodovia ficaram bastante assustados. o trecho da rodovia alcançado pela água da represa ficou totalmente interditado por quatro horas e depois teve uma faixa liberada. O rompimento da barragem fez espalhar por vasta área no entorno do condomínio aproximadamente 800 milhões de litros de água que estavam armazenados no lago artificial.
A Polícia Rodoviária Federal (PRF) e a concessionária CCR MSVia, empresa responsável pela BR-163, avaliam a extensão dos danos e riscos ao tráfego na rodovia. Segundo a PRF, embora não tenha ocorrido desmoronamento na rodovia, há trincas no asfalto.
“A Concessionária iniciou um plano de contingência para segurança da rodovia e de seus clientes, acionando, ainda, demais órgãos competentes para apoiar o atendimento a ocorrência, como Polícia Rodoviária Federal, Defesa Civil, Imasul (Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul) e Ibama (Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis)”, informou a CCR MSVia em nota à imprensa.
LICENÇA AMBIENTAL
O condomínio Nasa Park Empreendimentos Ltda, empresa responsável pelo loteamento, está com o certificado de vistoria desatualizado, segundo o Corpo de Bombeiros. Com relação ao alvará de funcionamento, o Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul (Imasul) apura se o empreendimento estava em conformidade com as legislações ambientais, de recursos hídricos e de segurança de barragens.
Em nota, o Corpo de Bombeiros informou que foi acionado às 9h30 e que, até o momento, foi constatado que, pelo menos três residências foram atingidas, além da BR-163, e não há vítimas.
O governo do Estado, também em nota, informou que além de equipes do Corpo de Bombeiros, Defesa Civil e Imasul atuam conjuntamente na região do condomínio.
O comandante da Defesa Civil Estadual, coronel Hugo Djan, disse ao Correio do Estado que a situação está sendo acompanhada com as defesas civis municipais de Jaraguari e Campo Grande.
“Com o rompimento da barragem houve o extravaso da água, a gente acompanhou pelo leito do córrego Botas, até agora sem nenhuma informação de perda de vidas humanas, a princípio só perdas materiais”, disse.
A represa do condomínio de luxo Nasa Park tem mais de 20 hectares de lâmina – área de abrangência da água – e fica no meio de aproximadamente 100 casas de luxo. Sobre o rompimento, a administração do condomínio informou que ainda não tinha dados sobre o que teria provocado o acidente.
De acordo com o portal g1ms, Silvana Pache, que é proprietária de um imóvel no condomínio, disse que o local não tinha manutenção com frequência. “É um investimento muito alto que se faz para ter um lote e acontece isso agora. É preciso entender o que houve, com certeza foi falta de manutenção”. Outro morador da região que não quis ser identificado disse que o rompimento da represa deixou quatro crianças e um idoso presos em uma casa que fica ao lado da rodovia.
“Só deu tempo de sair com a roupa do corpo”, disse o morador Thiago Adelço ao site JD1. “Só deu tempo de sair com a roupa do corpo. Meu cunhado me ligou e me avisou. Cerca de 3 ou 4 minutos depois, a água estava chegando em casa. Se ele não tivesse me avisado, estava morto”, disse, lamentando que perdeu sua criação dos porcos.
PREJUÍZOS
Moradores que residem em volta do condomínio de luxo Nasa Park em Jaraguari, cidade a 47,5 km de distância de Campo Grande, relataram ao Correio do Estado que perderam tudo. Além da plantação de mandioca e milho, a força da água arrastou vários animais como galinhas e até uma leitoa que estava prenha. Thiago Lopes é autônomo e mora com a família entorno do residencial. A casa dele foi atingida com a grande quantidade de lama que desceu após o rompimento. Segundo o morador, a tragédia já era anunciada.
“Já aconteceu outras vezes, não nessa magnitude, mas em proporções menores. Sempre comentamos que isso aconteceria, desde que o ‘Nasa’ foi feito. Não foi nenhuma, nem duas, nem dez vezes que dissemos que isso iria acontecer. Alguém vai ter que dar conta desse prejuízo aqui, porque não foi eu que represei um córrego em cinco hectares. E meu vizinho que perdeu maquinário, como que faz? Aqui o descaso é um absurdo com as partes ambientais”, disse. A família de Thiago só conseguiu se salvar porque saiu às pressas, se deslocando para o ponto mais alto da região, onde a água ainda não havia invadido as casas.A moradora Gabriele Lopes, irmã de thiago também passou por apuros ao saber do rompimento. Ela ligou para avisar o filho autista de 14 anos que estava na residência, explicando que a situação era parecida ao da tragédia de Brumadinho em Minas Gerais.
“Aqui era plantação de mandioca, milho e fazíamos entrega de verdura. Saí pra entregar em uma escola próxima à minha casa e quando voltei, tínhamos perdido tudo. A água só foi embora porque estorou bueiro. Quem vai dar a casa pra minha mãe denovo? Um monte gente do condomínio Nasa filmando e nem pra perguntar se a gente precisava de ajuda. Cadê a PMA pra vir cobrar dos ricos”, desabafa.
O prefeito de Jaraguari. Edson Rodrigues Nogueira, garantiu que a barragem era regular e já havia passado por fiscalização da Prefeitura, mas atribuiu a responsabilidade à Nasa Park Empreendimentos Ltda, empresa responsável pelo loteamento. “É regular, tudo certinho, até onde a gente sabe. Eu conversei com o dono do Nasa Park, a gente ia lá e via um lago normal, sabe? É uma coisa que pegou todo mundo de surpresa, por que como é que foi romper aquilo ali?”, questionou Edson Rodrigues Nogueira.
O trecho da BR-163 atingido pelas águas após o rompimento da barragem passará por uma análise de especialistas, para averiguar se houve danos estruturais na pista e no solo do entorno. Até que sejam concluídos os trabalhos, a rodovia seguirá com interdição parcial, no sistema pare e siga.
“A CCR MSVia informa aos motoristas que a rodovia BR-163/MS está totalmente interditada na altura do km 500, em Campo Grande (MS), próximo à divisa com o município de Jaraguari, devido ao rompimento de barragem de um empreendimento particular na região. Equipes operacionais do Serviço de Atendimento ao Usuário (SAU), técnicos da Concessionária e Corpo de Bombeiros atuam para que o tráfego seja liberado o mais breve possível. A Concessionária iniciou um plano de contingência para segurança da rodovia e de seus clientes, acionando, ainda, demais órgãos competentes para apoiar o atendimento a ocorrência, como Polícia Rodoviária Federal, Defesa Civil, Imasul (Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul) e Ibama (Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis). A orientação é que motoristas busquem por caminhos alternativos para acessar a região. Uma opção para quem trafega pelo sentido norte é fazer o desvio pelo anel rodoviário Dr. Ricardo Trad, que liga Campo Grande a Rochedinho, e que pode ser acessado a partir do km 495 da BR-163/MS. Já para quem está vindo pelo sentido sul, a alternativa é a acessar a estrada de acesso ao Bomfim, no km 529, rumo a Campo Grande. O aviso aos motoristas sobre a interdição está sendo feito por meio dos Painéis de Mensagens Variáveis Fixos e Móveis dispostos ao longo da rodovia, Praças de Pedágio, e pelas equipes de operação na pista. Outras dúvidas podem ser sanadas pelo Disque CCR MSVia, por meio do telefone 0800 648 0163, que atende gratuitamente, inclusive ligações de celulares, e também via WhatsApp”.
Nota da PRF