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Seca deixa nível do rio Paraguai três metros abaixo da média

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Desde fevereiro, o Serviço Geológico do Brasil alerta que 2024 pode ser um dos anos com estiagem mais severa da história

Poro Morrinho, em Corumbá, segunda maior seca em 40 anos esvazia o rio Paraguai (Foto: Silvio Andrade)
Por Agência 24h*

As chuvas abaixo do esperado na região do Pantanal e temperaturas mais altas que o esperado agravam a situação hidrológica no Rio Paraguai, que enfrenta o início do período de estiagem com níveis críticos, abaixo da média. Em alguns municípios – como Ladário e Porto Murtinho – o nível do rio já está mais de 3 metros abaixo do esperado para o período, conforme indicam dados do Serviço Geológico do Brasil (SGB), apresentados no último boletim de alerta hidrológico , divulgado na quarta-feira (26).

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Fonte: Sistema de Alerta Hidrológico da Bacia do Rio Paraguai/SGB

“A estação chuvosa – de outubro de 2023 a abril de 2024 – demorou muito para começar e, além disso, as chuvas observadas foram muito aquém do esperado durante toda a estação chuvosa, o que fez com que a recarga de água nos rios e lagoas do Pantanal não ocorresse da forma esperada. Diante disso, o rio Paraguai começou a baixar muito cedo. Esse cenário de seca que vemos em junho é típico de agosto ou setembro. Neste período, lagoas e rios deveriam estar ainda cheias”, explica o pesquisador em geociências do SGB, Marcus Suassuna.

Conforme as projeções, as mínimas no rio Paraguai podem ser observadas a partir de agosto, com cotas negativas. Ladário pode atingir, no pico da estiagem, uma cota que varie entre o que ocorreu em 2020, quando foi registrado -32 cm, e o cenário mais grave, observado em 2021, quando o rio chegou a -61 cm.

Cenário da seca de 2020 pode se repetir. (Foto: Arquivo-CGRNews)

Monitor de Secas da Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico indica que, em Mato Grosso do Sul, a área com seca aumentou de 79% para 85% do estado entre abril e maio. Essa é a maior área com seca no estado desde setembro de 2022, quando houve seca em 88% do território. Em Mato Grosso, a área com seca se manteve em 84% entre abril e maio. Houve redução da área com seca grave no estado de 26% para 24% entre abril e maio.

Apoio técnico

O SGB realiza o monitoramento contínuo da Bacia do Rio Paraguai e, desde fevereiro, tem alertado para o cenário crítico. O pesquisador Marcus Suassuna ressalta a importância desse trabalho: “Permite que a população e os órgãos se planejem para as ações necessárias e desenvolvam estratégias de preparação”.

Outro importante instrumento que o SGB opera para ajudar em períodos de escassez é o Sistema de Informações de Águas Subterrâneas (SIAGAS) – um repositório de poços perfurados no Brasil, com 14 mil poços  cadastrados na Região Centro-Oeste.Disponível para consulta pública, apresenta informações sobre fontes de águas subterrâneas. Desse modo, permite que sejam identificados poços dos quais seja possível extrair água para uso doméstico, industrial, para irrigação ou outras finalidades. O SIAGAS é um projeto de expressiva importância no atual cenário de gestão e políticas públicas, tanto em nível nacional, como estadual e sub-regional.

Incêndios provocam situação de emergência

Diante desse cenário, o bioma do Pantanal, que é a maior planície inundável do mundo, já enfrenta graves consequências da seca, como a mortandade de animais e o aumento no número de incêndios. “Esse ano já é muito grave do ponto de vista hidrológico, e o cenário piora com os incêndios florestais”.

Na quinta-feira (27), o Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional (MIDR), por meio da Defesa Civil Nacional, reconheceu situação de emergência em doze cidades de Mato Grosso do Sul, que enfrentam incêndios florestais: Aquidauana, Bodoquena, Bonito, Corumbá, Coxim, Deodápolis, Douradina, Dourados, Naviraí, Nioaque, Porto Murtinho e Sidrolândia.

(*) Fonte: Serviço Geológico do Brasil

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