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Fogo já consumiu 462 mil hectares no Pantanal e queima animais

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Em Mato Grosso do Sul a área dizimada pelos incêndios entre janeiro a junho chega a 321 mil hectares

Por Agência 24h*

Os incêndios no Pantanal avançam, favorecidos pelos ventos, que chegam a 70 km/h. Segundo o Corpo de Bombeiros, o principal obstáculo no combate ao fogo são os ventos. De janeiro aos últimos 15 dias de junho já foram queimados 462 mil hectares, a maior área, de 321 mil hectares, no Pantanal de Mato Grosso do Sul.

O ritmo das queimadas, que chegaram mais cedo, é preocupante, já que em menos de seis meses a área destruída corresponde a mais da metade do total registrado no ano todo de 2023 e o período mais crítico ainda está por vir. No ano passado o fogo atingiu 940 mil hectares.

Em relação aos focos, Corumbá é a região com o maior número – 1.147 até agora. Em Cáceres, no MT, são 214 focos. Nos dois estados do Pantanal, os focos somam 2.053. No ano passado houve 6.119 focos.

Em MS, de janeiro a junho, já foram registrados 1.054 focos de incêndio, sendo 421 somente nos 15 dias deste mês, contra 133 no mesmo período de 2023.

Corredores são abertos com tratores para que brigadistas combatam o fogo. — Foto: Gustavo Figueirôa/Arquivo Pessoal

Batalha sem trégua

O combate ao fogo no Pantanal é feito por mais de 100 bombeiros, voluntários de fazendas situadas na região, brigadas do Centro Nacional de Prevenção e Combate aos Incêndios (PrevFogo) e grupos de brigadistas de ONGs. Ambientalistas, pesquisadores e especialistas estão preocupados com a chegada da seca mais cedo. Segundo eles, a estiagem e os efeitos práticos do El Niño expuseram o bioma ao fogo muito antes da temporada de seca. Animais já estão sendo mortos, trazendo o cenário que alerta para um grande desastre ambiental.

A instalação de bases avançadas dos bombeiros e o trabalho de prevenção realizado pelos brigadistas têm surtido efeito, mas não é uma batalha fácil e não há como cobrir todas as áreas. E o principal obstáculo continua sendo os ventos, que espalha as brasas por extensas áreas. Funcionários de fazendas abrem caminho com tratores para que os brigadistas acessem os locais de difícil acesso e usam também implementos agrícolas na construção de aceiros.

O trabalho de combate aos incêndios florestais no Pantanal, em Mato Grosso do Sul, realizado pelo Corpo de Bombeiros, ocorre em diferentes áreas do bioma há 77 dias. Com a intensificação de focos de incêndio, há uma semana, as ações ganharam reforços da aeronave ‘air tractor’ – desde terça-feira (11) –, que lança água em locais de difícil acesso e ainda desempenha importante papel de reconhecimento das chamas. Pelos rios, os bombeiros atuam para resgatar ribeirinhos e também para chegar aos locais onde as chamas ameaçam residências.

No sábado (15), em outra área distante aproximadamente 30 quilômetros de Corumbá, os bombeiros resgataram uma família de ribeirinhos, que teve a residência cercada pelo fogo e não conseguiu sair. A mãe e os três filhos – de 10, 5 anos e 12 meses – foram levados para a cidade e as equipes conseguiram proteger a casa e extinguir as chamas.

Também no fim de semana, nas proximidades da cidade de Corumbá, uma equipe foi acionada pelo SCI (Sistema de Comando de Incidentes), em Campo Grande, para efetuar o monitoramento e combate do foco do incêndio florestal. O deslocamento para a área queimada ocorreu com uso de embarcação, para preservar pastagens e evitar a evolução do foco para outras áreas, e a equipe contou com apoio da aeronave ‘air tractor’.

Mas a vegetação densa, alta e muito seca favoreceu a propagação acelerada do fogo, tornando ineficazes os esforços das equipes, tanto por terra como pelo ar. As condições atmosféricas e do combustível presente provocavam a reignição dos focos combatidos, em poucos minutos.

Na mesma região, a equipe que foi posicionada na área de adestramento do Rabicho realizou combate ao incêndio florestal pela retaguarda, na região da Nhecolândia, com auxílio de fuzileiros navais para combate e no suporte logístico daquela operação.

Também na Nhecolândia, os proprietários das fazendas na região do Taquari colocaram maquinários e funcionários à disposição, o que permitiu o controle de vários quilômetros da frente de fogo que veio do Paraguai Mirim. Em outro ponto, à margem direita do Rio Paraguai, na região do Formigueiro, também é feito combate ao incêndio florestal.

Na atual fase da Operação Pantanal 2024, mais de 100 bombeiros e militares atuam em operações de combate aos incêndios, inclusive com o apoio do Exército e da Marinha. O incêndio em frente à captação d’água em Corumbá foi controlado há cinco dias o que melhorou a qualidade do ar na cidade, aliado às ações de combate em outros focos, que também eram responsáveis por dispersar a fumaça, que hoje (17) tem uma situação mais amena.

Na Barra do Rio São Lourenço, a guarnição da base avançada na região permanece em monitoramento de um incêndio florestal no estado de Mato Grosso. Por meio de imagens de drone, foi constatado que as chamas não avançaram para Mato Grosso do Sul.

Na região do Forte Coimbra, uma guarnição em conjunto com os militares do exército extinguiu o incêndio florestal. A outra guarnição segue no monitoramento do foco de incêndio presente na Bolívia, às margens do Rio Paraguai, onde foi constatado uma linha de fogo de aproximadamente 600 metros, localizada 4,5 quilômetros após a fronteira com o país vizinho.

As demais bases estão dedicadas ao monitoramento, prevenção e orientação junto à comunidade local, testes operacionais e manutenção de equipamentos, garantindo ações de resposta dos bombeiros.

Operação – As ações de combate aos incêndios florestais em Mato Grosso do Sul tiveram início no dia 2 de abril – com a fase de prevenção – e no dia 15 de maio, pela primeira vez, começaram a instalação pelas equipes do Corpo de Bombeiros das bases localizadas em diferentes áreas no Pantanal.

Os locais servem de suporte para os bombeiros e equipamentos durante a temporada do fogo. No Pantanal, a instalação das bases avançadas ajuda a reduzir o tempo de resposta para as ações de combate em locais remotos e de difícil acesso, além de contribuir no monitoramento das áreas localizadas na divisa com o estado do Mato Grosso e na fronteira com a Bolívia.

O PrevFogo, órgão vinculado ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), nunca contratou tantos brigadistas para o combate aos incêndios do Pantanal em Mato Grosso do Sul como neste ano. Ao todo, são 145 profissionais atuando contra o fogo no bioma em 2024. O Ibama autorizou a contratação de 45 novos brigadistas para atuarem no combate aos incêndios no Pantanal.

O responsável pelo PrevFogo em Mato Grosso do Sul, Márcio Yule, comentou que o maior número de contratados havia sido registrado em 2023, quando 142 brigadistas foram admitidos. “Nunca contratamos tanto. A metade dos contratados já começou a trabalhar em 1º de junho. Os outros 70 brigadistas vão iniciar o trabalho agora em julho e seguem até o fim de dezembro”, destacou Yule em entrevista ao g1.

Fotos: Gustavo Figueirôa/Arquivo Pessoal – Reprodução g1ms
Fotos aéreas- Divulgação – Governo MS

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