Março concentrou o maior número de casos de dengue em 2024 até o momento, com 11 estados declarando estado de emergência. A ampliação de áreas de urbanização e as temperaturas elevadas podem ter sidos os principais fatores do aumento.
Por Mellanie Dutra – METEORED
O aumento expressivo nos casos de Dengue, em 2024, preocupa autoridades de saúde e especialistas. As primeiras semanas de 2024 superaram o comportamento da doença no ano 2023, que teve seu pico entre as SE 14 (02 a 08/04/2023) a SE 19 (07 a 13/05/2023), segundo o informe semanal nº 09, do Ministério da Saúde.
Atualização do Cenário no País
Em 2024, onze estados e 526 municípios declararam situação de emergência em virtude da alta de casos de dengue. Segundo dados do Centro de Operações de Emergências do Ministério da Saúde, as regiões Sudeste e Centro-Oeste apresentam um maior número de novos casos de dengue em relação ao tempo.
Em 2024, a faixa etária com mais casos graves foi a de 20 a 29 anos, sendo a mesma de 2023. Quanto aos óbitos, o maior número foi identificado na faixa etária de 80 anos e mais.
Em relação aos sorotipos circulantes, o informe semanal destaca que há a circulação simultânea dos quatro sorotipos (DENV-1, DENV-2, DENV-3 e DENV-4) no Brasil, destaque para os sorotipos 1 (DENV-1) e 2 (DENV-2).
Mudanças climáticas e urbanização
Um estudo recente de pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ), publicado na revista Scientific Reports, destaca a expansão territorial da dengue no Brasil.
Os autores apontam que a urbanização, as anomalias nas temperaturas por períodos prolongados, bem como o período de circulação anterior do vírus foram os principais fatores que culminaram com o aumento de dengue na região central do país.
Mesmo em áreas historicamente com um número baixo de novos casos de dengue (como a região Sul, por exemplo), ao longo do tempo tiveram seu cenário agravado pelas altas temperaturas, segundo o estudo. Ainda, secas, inundações e a degradação dos biomas como o Cerrado também podem impactar esse cenário.
Outras doenças impactadas
As mudanças climáticas também podem afetar no número de novos casos para outras arboviroses (doenças transmitidas por artrópodes, como mosquitos e carrapatos), como Zika e Chikungunya.
Segundo os dados da plataforma AdaptaBrasil, “As projeções indicam também expansão da malária, leishmaniose tegumentar americana e leishmaniose visceral”.
O aumento das temperaturas, em paralelo a períodos maiores de chuva intensa pode propiciar uma maior proliferação dos vetores dessas doenças, como por exemplo, o mosquito transmissor da Dengue, o Aedes aegypti (que também pode transmitir Zika, Chikungunya e outras doenças).