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Cientistas criam couro vegano que se colore automaticamente a partir de bactérias

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Pesquisadores alteraram geneticamente bactérias para que sejam capazes de produzir material têxtil ao mesmo tempo que o pigmentam – uma alternativa ecológica ao couro

Por Matheus Manente – METEORED

Pesquisadores do Imperial College London deram um passo significativo rumo à moda sustentável ao desenvolverem bactérias geneticamente modificadas capazes de produzir couro vegano que se colore automaticamente – tudo isso sem o uso de plástico.

Essa inovação promissora visa mitigar os impactos negativos do tingimento químico sintético, que é particularmente prejudicial ao meio ambiente. O processo tradicional de tingimento, especialmente no caso do couro, tem sido associado a uma série de problemas ambientais.

Até então, a utilização de micróbios na produção de produtos têxteis sustentáveis e corantes havia se mostrado promissora, mas esta é a primeira vez que uma bactéria é projetada para produzir tanto um material quanto seu próprio pigmento simultaneamente. A capacidade de autotintura dessas bactérias elimina completamente a necessidade de processos de tingimento químico prejudiciais ao meio ambiente.

Como os pesquisadores conseguiram desenvolver tecido colorido através de bactérias

Os pesquisadores modificaram geneticamente bactérias para produzir tanto folhas de celulose microbiana quanto um pigmento preto escuro, conhecido como eumelanina, criando assim um couro vegano escuro sem utilização de plástico. Esse material inovador oferece uma alternativa sustentável e ecologicamente correta ao couro convencional, ajudando a reduzir o impacto negativo da indústria da moda no meio ambiente.

Essa inovação promissora foi criada com o intuito de mitigar os impactos negativos do tingimento químico, muito prejudicial ao meio ambiente. (imagem: Walker et al. 2024)

 

Os protótipos de sapatos e carteiras desenvolvidos pelos pesquisadores representam uma aplicação prática dessa tecnologia inovadora. Ao cultivar a celulose bacteriana em recipientes personalizados moldados como sapatos e, em seguida, ativar a produção do pigmento preto das bactérias, os pesquisadores foram capazes de criar produtos reais utilizando métodos biológicos.Inventar uma maneira nova e mais rápida de produzir alternativas sustentáveis de couro auto-tingido é uma conquista gigantesca para a biologia sintética e para a moda sustentável – Tom Ellis, Imperial College London.

Além disso, os cientistas demonstraram que as bactérias podem ser programadas para responder à luz azul produzindo cores específicas, permitindo a criação de padrões e logotipos diretamente no material. Essa capacidade de personalização viabiliza a produção e comercialização de produtos exclusivos pela indústria têxtil.

Em colaboração com a Modern Synthesis, uma empresa de biodesign, os pesquisadores garantiram que o material atende às necessidades da indústria. (imagem: Walker et al. 2024)

A colaboração entre cientistas e designers também desempenhou um papel crucial no desenvolvimento dessa tecnologia. Trabalhando em estreita colaboração com a Modern Synthesis, uma empresa de biodesign com sede em Londres, os pesquisadores foram capazes de garantir que os materiais atendem às necessidades estéticas e funcionais da indústria da moda sustentável.

Os pesquisadores estão atualmente explorando a possibilidade de usar uma variedade de pigmentos coloridos produzidos por micróbios para expandir ainda mais as opções de cores e materiais disponíveis. Além disso, eles receberam financiamento significativo para continuar sua pesquisa, visando resolver mais problemas da indústria da moda, como o uso de cromo tóxico na produção de couro.

Referência da notícia:
Walker, K.T., Li, I.S., Keane, J. et al. Self-pigmenting textiles grown from cellulose-producing bacteria with engineered tyrosinase expression. Nat Biotechnol (2024).

 

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