Movimento defende tronco da Ferroeste entre Maracaju, Paraná e Santa Catarina e Governos de MS e SP discutem reativação da Malha Oeste conectada à Malha Paulista
Por Agência 24h*
Há duas frentes que pleiteiam investimentos em infraestrutura ferroviária em Mato Grosso do Sul. Uma, articulada pelos governos de MS e SP para reativação da Malha Oeste no trecho de Corumbá a Três Lagoas, com conexão à Malha Paulista, em Aparecida do Taboado, e outra de ativação de um tronco da Nova Ferroeste, ligando Maracaju (com ramal em Dourados) a Chapecó, em Santa Catarina, passando pelo Estado do Paraná.
Representantes do Movimento Pró-Ferrovias realizaram reuniões em Brasília com o objetivo de sensibilizar o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) e o Ministério de Transportes sobre a necessidade urgente de desenvolver o modal ferroviário no Sul do Brasil.
O primeiro encontro contou com a presença dos principais membros do Movimento Pró-Ferrovias: o diretor de ferrovias da Associação Comercial e Industrial de Chapecó (ACIC), Lenoir Broch, e o diretor executivo da Associação Catarinense de Avicultura (ACAV) e do Sindicato das Indústrias de Carnes e Derivados (SINDICARNE), Jorge Luiz De Lima, além do presidente da Câmara Setorial de Milho e Sorgo do MAPA, Enori Barbieri.
O projeto da Nova Ferroeste propõe conectar Maracaju a Chapecó (SC), passando pelo Paraná. Segundo o Movimento, o projeto está em estágio avançado de negociações, e o leilão para sua realização deve ocorrer em breve pelo Ministério dos Transportes.
“A relevância desta ferrovia para Santa Catarina é inegável, uma vez que o futuro da agroindústria catarinense está intrinsecamente ligado à importação de milho do Centro-Oeste. Esse insumo é fundamental para a transformação de milho e soja em proteína animal, impulsionando a produção de suínos e aves. Tanto para o estado catarinense quanto para o Rio Grande do Sul, que também enfrenta déficits de milho, dependem dessa conexão ferroviária para garantir o abastecimento,” explicou o presidente da Câmara Setorial de Milho e Sorgo do MAPA, Enori Barbieri..
Santa Catarina e Rio Grande do Sul estão enfrentando um déficit significativo na produção de milho, resultando em uma crescente necessidade de importação. O Paraná, que consome 20 milhões de toneladas do grão, em breve também precisará importar devido ao rápido crescimento da avicultura e suinocultura na região.
Um documento para acelerar o leilão da Nova Ferroeste foi entregue à Câmara e seguirá o protocolo para chegar ao ministro. Há expectativa de que o secretário de Política Agrícola, Neri Geller, manifeste apoio à intervenção do Ministério da Agricultura junto ao Ministério dos Transportes.
MALHA PAULISTA
Por outro lodo, os governos de Mato Grosso do Sul e de São Paulo pleiteiam conectar a Ferrovia Malha Oeste aos sistemas das Malha Norte e Malha Paulista para viabilizar a retomada da linha férrea que atravessa Mato Grosso do Sul de leste (Três Lagoas) a oeste (Corumbá).
A projeção é que sejam investidos entre R$ 5 a R$ 6 bilhões na recuperação da linha férrea no Estado, seja desconsiderado o trecho paulista e que a definição ocorra ainda este ano. A proposta foi discutida pelos governadores Eduardo Riedel e Tarcísio Freitas (SP) em reunião com o ministro dos Transportes, Renan Filho.
Após o encontro, Riedel enfatizou que “os entendimentos estão avançando bem, com todas as partes interessadas, com as empresas que estão se instalando, e com a operadora que é a Rumo. A gente vai avançar para chegar num consenso do melhor projeto e poder iniciar a operação da Malha Oeste, que é o objetivo do Mato Grosso do Sul”, disse o governador.
O governador disse que a expectativa é ter uma definição sobre o projeto até dezembro, lembrando que o projeto é discutido há 15 anos. A ferrovia está sucateada e foi abandonada pela Rumo. Novos estudos técnicos devem atestar a viabilidade econômica e propor a relicitação do tronco que cruza o Estado.
FERRONORTE
Riedel enfatizou que os projetos de construção de ferrovias das empresas Eldorado e Suzano “complementam aquilo que a gente tem como melhor entendimento, que é a ligação de Três Lagoas a Aparecida do Taboado”
A Malha Paulista, que a partir de Aparecida do Taboado é chamada Ferronorte, está em plena operação.
“Então o trecho de Três Lagoas, a Mairinque, paralela a Malha Paulista, que é dentro do território de São Paulo, não teria muito sentido do ponto de vista econômico. Os projetos da Suzano e da Eldorado, eles complementam fazendo essa ligação. De Três Lagoas até Aparecida do Taboado e aí entraria na rota dessa Malha Norte, da Malha Paulista descendo para o porto (de Santos). Essa é a viabilidade para o trecho da Malha Oeste no Mato Grosso do Sul”, detalhou Riedel.
Já foi apresentado um projeto, sendo que ele está em licenciamento por parte de Mato Grosso do Sul. O objetivo é o retorno de operação da Malha Oeste, de Campo Grande a Três Lagoas e depois na região de Corumbá, para transporte de minério. O modelo final ainda não está definido, sendo que a projeção é o investimento entre R$ 5 bilhões a R$ 6 bilhões. “O projeto ainda tem que ser amadurecido o como um todo, mas o importante é que as conversas estão acontecendo”, disse Riedel.
(Com informações do Governo de MS, Ministério dos Transportes, Agrolink e Movimento Pró Ferrovias)