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Seca e onda de calor arrasam lavouras e pastagens no Chaco paraguaio

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Comissão declara situação de “Emergência e ou Desastre Agrícola” em seis Departamentos da Província do Chaco por um período de 180 dias

Solo e plantações ressecadas (Foto: Reprodução Chaco Dia a Dia)
Por AGÊNCIA 24H*

Seis Departamentos (Estados) do Paraguay foram declarados pela Comissão Provincial de Emergência em situação de “emergência e ou desastre agrícola” por período de 180 dias em razão da seca prolongada e onda de calor na Província do Chaco. A medida abrange todas as áreas de agricultura, pecuária e apicultura nos Departamentos de Independência, General Güemes, Maipú, Comandante Fernández, Quitilipi e Almirante Brown.

De acordo com o ministro da Produção, Hernán Halavacs,  “devido à onda de calor e ao déficit hídrico que está afetando nossa província, esta decisão foi necessária”.

A reunião da Comissão Provincial do Chaco foi presidida pelo ministro, quando foram avaliados os relatórios técnicos dos estragos sofridos nas lavouras dos Departamentos, em razão da onda de calor, períodos de estiagem e também devido as chuvas registradas nos últimos meses na região do Chaco. Os prejuízos são consequência de mudanças de clima severas em diferentes momentos, fora do padrão, afetando todos os ciclos de produção agropecuária. Houve seca quando era preciso chuva e choveu demais quando se esperava estiagem. A esse descontrole se somou a onda de calor extremo por mais de uma semana.

Os danos causados nas lavouras dos seis Departamentos da Província do Chaco, segundo as autoridades paraguaias, ultrapassam 50%, com severos danos também à pecuária e apicultura. Houve um período longo de estiagem com temperaturas acima de 42 graus, segundo a Comissão Provincial de Emergência, equivalente à Defesa Civil no Brasil. As temperaturas acima de 42 graus perduraram por mais de 11 dias.

Emergência/Desastre agrícola

“Hoje o Chaco está em uma situação complexa do ponto de vista produtivo”, disse Marcelo Repetto, um dos produtores que têm lavouras arrasadas pela adversidade do clima. O produtor do Chaco falou sobre o alcance da Emergência Agrícola editada por seis departamentos provinciais devido à onda de calor e ao déficit hídrico que várias localidades estão vivendo. Referiu-se ainda ao contexto nacional e às estimativas que preveem “uma colheita média”.

Marcelo Repetto é ex-presidente da Sociedade Rural do Chaco.

Segundo os produtores do Chaco, apesar de chuvas intensas em alguns períodos, o bioma paraguaio pode ser dividido por uma linha imaginária entre Leste e Oeste. O leste é mais pecuário, com alguma melhora na questão climática que se expressa nas pastagens e no estado dos rebanhos; e um oeste agrícola, florestado, semelhante ao norte, “passando por uma situação complexa”, disse o produtor Repetto em entrevista à TV Ciudad. Marcelo Repetto é ex-presidente da Sociedade Rural do Chaco.

A situação de Emergência e ou Desastre Agrícola foi  declarada na última terça-feira pela Comissão Provincial de Emergência, após avaliação de “relatórios que foram divulgados pelo Ministério da Produção, onde se pode realmente visualizar questões difíceis de clima, altas temperaturas e a falta de chuvas que afetam as principais culturas como soja, girassol, milho e algodão em menor grau porque é uma cultura mais resistente, mas também muito afetada.”

“Sem dúvida, o setor agrícola da província é uma força motriz da economia, especialmente no interior. Nas grandes cidades, as questões que têm a ver com a administração pública têm o seu impacto, mas no interior basicamente a roda da economia está associada ao setor agrícola e quando isso sofre, toda a cadeia produtiva e outros negócios são afetados”.

Práticas sustentáveis

Setores ligados à produção agropecuária do Paraguai defendem práticas sustentáveis para contornar os efeitos das mudanças climáticas, com investimentos públicos na recuperação dos recursos hídricos e de áreas degradadas de pastagens por sistemas integrados por forrageiras. É preciso também investimento por parte dos produtores, mas eles estão descapitalizados.

O quadro de perdas sinaliza incertezas de como o mercado vai evoluir. Há ainda o problema do custo de produção, já que os produtores compram os insumos em dólar na cotação paralela e comercializam a safra no dólar oficial e assim as contas não fecham.

Segundo Marcelo Repetto, que tem sido o porta-voz do setor, sobre as previsões para o restante da safra, indicou que “o produtor hoje está muito informado pelo acesso à tecnologia, via internet e também pelas instituições públicas e privadas que trabalham em pacotes tecnológicos. Assim, os impactos costumam ser minimizados. Mas, é verdade que também vínhamos de quase três anos de seca acentuada, onde os dados históricos de precipitação eram realmente complicados. Isso naturalmente afeta, embora seja verdade que o setor agrícola pode ser reposto mais rapidamente do que o setor pecuário, afeta muito e nesta província a agricultura basicamente tem um impacto importante no seu PIB e depois continua com a pecuária, a silvicultura e outras produções”, analisou.

Alcance da emergência

Sobre o impacto da medida tomada pela Comissão Provincial de Emergência, que permite algumas ações mais rápidas, como socorro financeiro, Repetto disse que “é um quadro legal”, mas insuficiente e dá o exemplo da Argentina. “Não é suficiente, nunca é suficiente para um país como a Argentina, onde o clima e as produções são tão dispersos. Mas é um marco legal que permite ao produtor, por exemplo, o diferimento de tributos, todos os prazos que têm a ver com tributos em termos de execuções e leilões são suspensos e há refinanciamento de passivos”, explicou.

No entanto, afirmou que “a pressão tributária sobre o produtor ainda é alta e não há recurso que possa compensar essas questões quando ocorre uma lacuna tão significativa”. “São ferramentas que estão disponíveis, que têm que ser feitas, têm que ser declaradas e gerenciadas o máximo possível para aliviar, pelo menos, o pequeno produtor que em muitos casos é 80, 90 ou 100% do que está sendo produzido. O produtor maior tem a possibilidade de minimizar isso, de acomodar, mas o pequeno produtor é quem mais sente”, alertou.

Produtividade

Deixando para trás o momento histórico de estiagem e enfrentando as novas previsões devido à onda de calor e ao déficit hídrico, o produtor do Chaco analisou que “será uma safra média, nem muito boa como previsto, nem desastrosa como fomos até o ano anterior ou passado, até porque houve chuvas na área central”.

“O problema é que, além das chuvas, houve uma forte incidência de temperaturas e naturalmente isso afeta as lavouras e, portanto, vai haver uma queda na produtividade e vai haver uma renda menor do que o esperado. Segundo os analistas, não vai melhorar no curto prazo. Temos um outono chegando e um inverno seco e uma primavera com efeito La Niña. Ou seja, esta primavera de 2024 também vai ser seca, o que vai trazer transtornos para todo o setor agrícola em geral. Vamos torcer para que não fique tão ruim quanto dizem as previsões, mas hoje a situação climática está tendo um papel difícil para o setor”, disse.

Calor extremo castiga a soja argentina

As recentes condições climáticas na Argentina revelam desafios significativos para as lavouras, com temperaturas máximas ultrapassando os 40°C em algumas regiões, afetando potencialmente a evapotranspiração das culturas, conforme indicado pelo Informe Agrometeorológico do Instituto Nacional de Tecnología Agropecuaria (INTA).

O boletim ainda destaca que os Índice de Vegetação de Diferença Normalizada (NDVI), estão relativamente acima dos níveis da média histórica, sinalizando boas condições de desenvolvimento na parcela central das regiões produtoras. Além disso, a disponibilidade hídrica do solo mostra extremos, com máxima capacidade de água útil em certas regiões e condições de seca extrema em outras, exigindo gestão cuidadosa da irrigação e do solo.

Apesar de uma ligeira melhoria nas condições climáticas na região norte da Argentina, as lavouras de soja de plantio tardio experimentaram uma degradação nas condições gerais, agora classificadas como “regulares”. O mesmo foi observado em algumas áreas ao sul das regiões produtoras, particularmente naquelas lavouras que enfrentaram a fase de floração sob condições de temperaturas extremas. Quanto ao milho e à soja plantada precocemente, as condições mantiveram-se estáveis, sem alterações em relação ao último levantamento.

(*) Com informações do Portal Chaco Dia a Dia e Ciudad TV, e Agrolink (sobre a Argentina)
Fotos: Reprodução – Freme Ciudad TV

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