sexta-feira, novembro 22, 2024
3.7 C
Brazil

Maior projeto de recuperação alcança 6 mil hectares do Parque do Taquari

Data:

spot_img
spot_img

Parque Estadual das Nascentes do Rio Taquari tem área total de 30.618 hectares. Projeto de recuperação prevê o plantio de 2 milhões de árvores

Por Imasul

Aos poucos a vegetação típica do Cerrado começa a se erguer em uma vasta área até então ocupada por pastagens degradadas e que foi anexada ao Parque Estadual das Nascentes do Rio Taquari (PENT), na região Norte do Estado, abrangendo partes dos territórios de Alcinópolis e Costa Rica.

O Projeto Sementes do Taquari vai restaurar cerca de 6 mil hectares do total de 30.618 ha que compreendem a área do parque, no que se constitui o maior projeto de restauração de unidade de conservação do país, conforme afirmou o diretor-presidente do Imasul (Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul), André Borges.

É uma iniciativa ambiciosa e, por isso mesmo, divide-se em etapas distintas e conta com apoio de várias empresas parceiras em cada etapa. A primeira providência foi executar ações de conservação do solo, que incluem terraceamentos e correção de voçorocas, conforme explicou o geógrafo Rômulo Oliveira Louzada, um dos responsáveis técnicos pelo projeto.

Voçorocas, consequência do mau uso do solo é uma das principais causas: processo de erosão severa

Nessa etapa as empresas parceiras que custearam os serviços foram a Ômega Energia e a Restaura Spaço Engenharia.

Voçorocas 

No total, 29 voçorocas que comprometem aproximadamente 40 hectares serão recuperadas. Equipes de campo estão plantando sementes nas voçorocas para conter a perda de sedimentos.

Louzada explica que as voçorocas são geralmente causadas pela combinação de chuvas intensas, falta de cobertura vegetal e práticas inadequadas de manejo do solo, resultando em um processo de erosão severa que pode levar à degradação do ambiente e à perda de terras férteis.

Um dos viveiros que atendem o projeto

A etapa seguinte consiste no plantio das mudas, o que está sendo feito pela ONG (Organização Não Governamental) Oreades, custeada pelas empresas Cargil, ATVOS e Adecoagro. Só durante o verão foram plantadas 70 mil mudas na área que recebeu o tratamento do solo e até o fim do ano, Louzada prevê que sejam plantadas mais 200 mil mudas.

“São espécies do Cerrado como ipê, balsamo, angico, aroeira, sendo que 20% são plantas frutíferas para alimentar os animais silvestres, entre elas o baru, pequi, jenipapo, jatoba”, afirmou.

Ao todo, o projeto pretende restaurar 6 mil hectares ocupados por pastagens e integrados recentemente ao parque com o plantio de 2 milhões de árvores. O ganho para a biodiversidade é imenso, observa.

“Um projeto dessa magnitude presta uma série de serviços ambientais impossíveis de serem avaliados, como o aumento da biodiversidade, a melhora da saúde do solo e recarga dos aquíferos, além de fortalecer as relações institucionais entre o poder público, a iniciativa privada e a sociedade na busca por soluções viáveis para problemas ambientais”, pontuou.

Câmera fotográfica registra a presença do veado mateiro: sinal de recuperação do vulnerável ambiente do parque

Armadilhas

Primeira amostra dos benefícios que o projeto traz à natureza foram registradas em armadilhas fotográficas instaladas na área que está sendo recuperada. Dezenas de espécies foram flagradas transitando pela região, durante o dia e a noite (a maior parte). São antas, catetos, lobinhos, mãos-peladas, tamanduás e até onças pardas.

As armadilhas fotográficas consistem em uma câmera fotográfica que é ativada a partir de sensores de movimento. Elas são instaladas em campo e, quando um animal passa em sua frente, fotos ou vídeos são registrados.

“Através dessa técnica é possível saber quais animais mamíferos de médio e grande porte vivem na região estudada e quais seus hábitos. Vamos comparar também a presença de fauna em diferentes estágios de restauração e de áreas com e sem intervenção”, salientou a analista de Biodiversidade do Imasul, Bruna Gomes de Oliveira.

O projeto transformou o espaço sob intervenção em um imenso laboratório ao ar livre. Além de acompanhar o processo regenerativo do solo e da vegetação e estudar os hábitos da fauna, a diversidade de peixes também está sendo monitorada nos córregos e rios da região.

Assoreamento: monitoramento mede a qualidade da água e recuperação dos recursos hídricos e seu entorno

O objetivo é registrar as mudanças que a restauração causará na diversidade de peixes, uma vez que a presença de cardumes funciona como importante bioindicador da qualidade ambiental.

Dessa forma, a qualidade da água dos corpos hídricos presentes também está sendo monitorada, com pontos de amostragem que passaram a integrar o Programa de Monitoramento da Qualidade das Águas executado pelo Imasul.

Por fim, uma técnica moderna de monitoramento da paisagem acústica terrestre (som do ambiente externo) será utilizada para avaliar a heterogeneidade sonora de pontos específicos com o objetivo de comparar áreas nativas, áreas degradadas e áreas em restauração, do ponto de vista sonoro.

Esse método também permite verificar a presença de espécies de aves de maneira indireta no ambiente, otimizando os recursos para trabalhar com essas espécies.

Últimas notícias

spot_img

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui