Estado já vinha apresentando crescimento acima da média nacional com a expansão da agroindústria e produção de etanol de milho
Havia expectativa do setor agropecuário de Mato Grosso do Sul de uma participação expressiva no crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), tendo em vista o desempenho da agricultura, especialmente soja e milho, e a produção de carne. Com a divulgação dos números pelo IBGE nesta sexta-feira, 1º de março, a expectativa se confirmou, mas com a surpresa em relação ao índice que aponta uma alta recorde de 15,1% do setor agropecuário, o maior avanço desde o início da série histórica da pesquisa, em 1995.
Na segunda-feira, 4, a Federação de Agricultura (Famasul) deve divulgar o recorte das contas regionais, com o percentual da produção agropecuária de MS no índice nacional.
De antemão, espera-se um índice recorde, considerando os números dos dois últimos anos, mostrando aumento da participação do Estado no PIB nacional e com taxas de crescimento acima da média nacional, principalmente das lavouras de soja e milho, as duas culturas mais importantes, além do aumento da produção de carnes bovina, suína e de aves. Somando o desempenho da agropecuária e da indústria extrativa de gás e petróleo, esses setores respondem pela metade do PIB nacional. Na outra metade, estão a indústria, setor de serviços e, sob a ótica da demanda, o consumo das famílias, do governo e das exportações. No caso das exportações, é um setor que Mato Grosso do Sul também tem avançado. O crescimento foi de 9,1%.
VALOR BRUTO DA PRODUÇÃO
O primeiro indicador de avanço do agronegócio em Mato Grosso do Sul saiu em novembro do ano passado, quando os números indicaram um VBP (Valor Bruto da Produção Agropecuária) de R$ 69,6 bilhões, volume 3,3% superior ao de 2022, segundo o Ministério de Agricultura e Pecuária (MAPA).
O VBP (Valor Bruto da Produção Agropecuária) esperado para este ano no Estado, com base nas informações de julho, é de R$ 69,6 bilhões, volume 3,3% superior aos R$ 67,4 bilhões obtidos em renda agropecuária no ano passado. Os dados são do Mapa (Ministério de Agricultura e Pecuária). Nesse conjunto, desponta a soja, o milho e a pecuária.
Outro indicador favorável ao Estado foi na captação de recursos para o setor rural. De acordo com a Matriz de Crédito Rural do Banco Central do Brasil – Bacen, o Estado conseguiu captar R$ 22,5 bilhões, equivalendo a 6,4% dos R$ 346,9 bilhões empregados em operações de crédito rural no país. Isso coloca Mato Grosso do Sul na 7ª posição nacional. Os dados, divulgados pela Aprosoja/MS (Associação de Produtores de Soja de Mato Grosso do Sul), por meio do Boletim de Crédito Rural, ressaltam a importância dos recursos para o desenvolvimento das atividades produtivas no Estado. No Plano Safra 2022-2023 o crescimento foi de 15%.
Sobre os números de 2023, o presidente da Famasul, Marcelo Bertoni, fez a seguinte observação: “Mesmo com todos os desafios enfrentados neste período, além também de um cenário econômico difícil para o produtor rural, ele vem tendo a resiliência necessária para encontrar caminhos que o levem a este crescimento produtivo diante das adversidades. A chegada de indústrias de etanol de milho também tem ajudado a alavancar a produção em Mato Grosso do Sul e isso tem sido um grande estimulo para o produtor seguir em frente. E ele tem conseguido, resultado disso, esta safra recorde”.
Sobre o milho, que tem tido uma demanda enorme com a entrada da cultura no segmento de bioenergia, o presidente da Aprosoja/MS, Andre Dobashi, reforçou que a cultura deixou de ser considerada como safrinha e tem apresentado resultados cada vez mais expressivos. “O ciclo do milho foi beneficiado pela ocorrência de chuvas nos períodos de maior demanda da cultura, fator que, aliado com a biotecnologia empregada e manejo assertivo adotados pelos produtores, resultou em uma produtividade média significativa para o estado”.
No plano da pecuária, os abates de suínos em MS têm crescido a cada ano, registrando um aumento de 63,32% nos últimos 6 anos.
Para o secretário de Meio Ambiente e Desenvolvimento Econômico, Jaime Verruck, os números do agronegócio sul-mato-grossense atestam a força do segmento na economia nacional e verde. “Seja no crescimento do VBP ou mesmo na busca por crédito rural, os dados apontam que o Estado segue firme em desenvolvimento de uma agricultura moderna 4.0. Por isso é cada vez mais importante que o Estado mantenha os esforços para facilitar o acesso aos recursos de linhas de crédito com juros compatíveis e incentive a produção com programas consistentes ampliando tanto a produção na agricultura empresarial quanto na agricultura familiar”.
Planejamento
O resultado do PIB em 2023, que registrou avanço de 2,9%, corroborou a melhoria gradativa das expectativas ao longo do ano, de acordo com o boletim Indicadores Econômicos divulgado nesta sexta-feira, 1º, pelo Ministério do Planejamento.
“O crescimento do setor agropecuário foi o destaque no lado da oferta, assim como a continuidade do setor de serviços. Na ótica da demanda, deve-se destacar a elevação do consumo das famílias e do governo”, avaliou a Pasta.
A nota destaca que o desempenho de 2023 é o terceiro ano de crescimento consecutivo após a pandemia da covid-19. ” Em 2024, se não houver elevação da atividade em nenhum dos trimestres, o PIB brasileiro, ainda assim, irá crescer aproximadamente 0,2% (o chamado carrego estatístico)”, diz o boletim.
A Pasta mencionou com destaque no boletim a alta de 15,1% da agropecuária, diante do crescimento da produção em várias culturas e ganhos de produtividade no setor, com avanço em várias culturas e ganhos de produtividade.
Tendência de crescimento
De acordo com as contas regionais de 2022, o PIB de Mato Grosso do Sul somou R$ 142,2 bilhões, crescimento de 0,8% em comparação ao ano de 2021. Conforme os dados divulgados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o Estado está na 15º colocação entre os 27 estados brasileiros. Esse número representa 1,6% da economia nacional.
Segundo o IBGE, o PIB per capita de Mato Grosso do Sul, ficou em R$ 50.086,07, classificando-se como o sétimo mais alto entre as Unidades da Federação.
Quanto ao PIB nominal, das 27 unidades da federação, 24 registraram encolhimento de suas economias, com taxas negativas. Somente 3 Estados obtiveram desempenho positivo: MS, com 0,25%; Roraima com 0,12% e MT, com 0,01.
Sobre o crescimento do PIB nacional em 2023, o ministro da Fazenda Fernando Hadad declarou: “No ano passado, não foi o investimento que puxou o crescimento. Foi o setor agrícola, o consumo das famílias, o consumo do governo e as exportações. Mas o investimento foi a variável que menos acompanhou essa evolução. E agora nós queremos criar um ambiente necessário para que o empresário invista, porque é esse investimento que melhora as condições da economia”.