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Avanço no entendimento do câncer sugere reformular os ensaios clínicos

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Tema foi debatido na sede da FAPESP pelos participantes do AACR on Campus Brazil, evento voltado a profissionais em início de carreira, promovido pela Associação Americana para Pesquisa do Câncer e pela USP

Por Maria Fernanda Ziegler | Agência FAPESP

Há uma aceleração em curso na pesquisa em oncologia. Com o surgimento de novas tecnologias de análise genética e molecular, houve um aumento considerável, nos últimos anos, do conhecimento sobre a biologia do câncer, que deverá impactar o tratamento e o diagnóstico da doença. Houve ainda um crescimento no desenvolvimento de novas drogas e terapias e, com isso, a necessidade de novos desenhos para os ensaios clínicos.

Da esquerda para a direita: Roger Chammas, Renata Pasqualini, Patricia LoRusso, Thomas Marron e Luis Diaz (foto: Daniel Antônio/Agência FAPESP)

O tema foi debatido na quarta-feira (21/2), no auditório da FAPESP, no âmbito do evento “AACR on Campus Brazil” – promovido pela Associação Americana para Pesquisa do Câncer (AACR, na sigla em inglês) em parceria com a Universidade de São Paulo (USP).

Entre os participantes estava a presidente da AACR, Patricia LoRusso. Com 30 anos de experiência na condução de ensaios clínicos em câncer, a pesquisadora relatou ter visto uma variedade grande de estudos para o desenvolvimento de novas drogas.

“A realização de ensaios clínicos ainda nos estágios primários da doença tem trazido esse maior entendimento na biologia da doença. Por isso é importante desenvolver novas equipes de pesquisadores para que se possa desenvolver a nova geração de drogas contra o câncer”, defendeu.

Segundo ela, o encontro no Brasil faz parte de um projeto maior, cujo objetivo é promover a interação entre pesquisadores norte-americanos e jovens pesquisadores do Estado de São Paulo.

“Foi criado um ambiente para colocar jovens pesquisadores do Estado de São Paulo em contato com cientistas proeminentes ligados à AACR. Isso cria oportunidades para a colaboração em pesquisa, a criação de novos acordos de colaboração e a organização de estudos clínicos tanto no aspecto de biologia da doença quanto do diagnóstico em câncer”, destacou Marco Antonio Zago, presidente da FAPESP, na abertura do encontro.

Zago ressaltou ainda que apoiar esse tipo de colaboração com a AACR é parte da missão da FAPESP. “Nosso objetivo é ter uma dezena de centros internacionais ou atividades organizadas que compartilhem recursos e sejam vinculados a instituições reconhecidas, como é o caso da AACR, do Instituto Pasteur [França], CNRS [Centro Nacional de Pesquisa Científica, da França], Max Planck [Alemanha] e Fermilab [Laboratório Nacional do Acelerador Fermi, dos Estados Unidos]”, disse.

Roger Chammas, diretor do Centro de Investigação Translacional em Oncologia do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (Icesp) e um dos organizadores do encontro, destacou que a iniciativa está “trazendo os principais hospitais oncológicos de São Paulo para trabalharem juntos em estudos multicêntricos que poderão fazer a diferença para os pacientes oncológicos”.

“Esses cinco dias de atividades têm sido planejados já há algum tempo. Temos a ambição em comum de treinar a próxima geração de pesquisadores que vai integrar a ciência clínica tanto na pesquisa básica, quanto translacional. A intenção também é avançar em relação a oncologia de precisão”, disse Chammas.

Também participaram do encontro Renata Pasqualini, chefe da Divisão de Biologia do Câncer do Departamento de Oncologia de Radiação da Universidade Rutgers em Nova Jersey; Thomas Marron, diretor de ensaios clínicos de fase inicial e imunoterapia no Tisch Cancer Institute da Escola de Medicina Icahn; e Luis Diaz, chefe da divisão de oncologia de tumores sólidos do Memorial Sloan Kettering Cancer Center (as três instituições estão sediadas nos Estados Unidos).

O AACR on Campus Brazil teve início na segunda-feira (19/02) e segue até hoje (23/02), nas cidades de São Paulo e Ribeirão Preto. Além de palestras sobre temas diversos relacionados à oncologia, a programação incluiu a inauguração do Centro de Estudos e Tecnologias Convergentes para Oncologia de Precisão da USP (Comprehensive Center for Precision Oncology – C2PO), que combina educação e pesquisa para fomentar a descoberta de novas formas de diagnóstico e tratamento do câncer no Estado de São Paulo, além de formar e treinar profissionais no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS) (leia mais em: agencia.fapesp.br/50892).

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