Segunda edição de projeto de ações integradas de saúde e vigilância sanitária prevê mais de mil atendimentos em 30 dias
Por Kamilla Ratier – Comunicação SES
Oferecer mais qualidade de vida à população ribeirinha é um dos propósitos do Projeto NAVIO (Navegação Ampliada para a Vigilância Intensiva e Otimizada) que na segunda-feira, 12, deu início a mais uma fase. O retorno das embarcações ao município de Ladário está previsto para o dia 14 de março.
Os navios de Assistência Hospitalar ‘Tenente Maximiano’, de Apoio Logístico Fluvial ‘Potengi’ e o de Transporte Fluvial ‘Paraguassu’ saíram de Ladário rumo ao tramo norte do Rio Paraguai, do município de Ladário até Cáceres, no Mato Grosso. Para esta etapa. As secretarias de MS e MT participam das ações integradas, com cada pasta prestando assistência à população nos limites de seus estados.
Estão previstos 1.000 atendimentos, entre médico, odontológico, distribuição de medicamentos, vacinação e trabalho de educação em saúde, além da distribuição de 200 filtros de barro doados para a melhoria da qualidade da água desses ribeirinhos, uma parceria entre a SES/MS e Sistema OCB/MS (Organização das Cooperativas Brasileiras no Mato Grosso do Sul).
Para o secretário de Saúde de Mato Grosso do Sul, Maurício Simões, o projeto vai além da realização de diagnósticos. Serão prestados à população população ribeirinha medidas de tratamento e prevenção de doenças, principalmente, as infectocontagiosas.
“Em parceria com a Organização das Cooperativas do Brasil, em uma ação de ESG, estamos distribuindo 200 filtros de barro, pois já na primeira viagem do navio identificamos que ao oferecer uma simples solução como um filtro de barro poderemos cercear a evolução de doenças parasitárias por falta de água potável adequada. Desta forma, vimos com muita satisfação os primeiros resultados e continuaremos investindo para aperfeiçoar este projeto, trazendo soluções em saúde para nossas populações ribeirinhas”, garante Simões.
São mais de 130 cooperativas em Mato Grosso do Sul. “Adquirimos 200 filtros para levar água potável a essa população através do Projeto NAVIO”, destaca o presidente da OCB/MS, Celso Régis Ramos.
Conforme a coordenadora de Saúde Única da SES, Danila Frias, nessa segunda fase do projeto será iniciada a coleta de material de animais para análise.
“Nessa viagem temos novidade, vamos começar a fazer coleta de material de animais, estávamos coletando apenas fezes do ambiente e agora vamos coletar outros tipos de amostras de aves domésticas e de equídeos, trabalhando desta forma, a busca de patógenos nestas espécies”, explica Danila.
Para o Comandante do 6º Distrito Naval, Vice-Almirante Iunis Távora Said, estabelecer e manter parcerias e acordos com órgãos e instituições, a fim de melhorar a prestação de serviços públicos à sociedade, é uma das principais missões da Marinha do Brasil. “Não importa a região, o nosso trabalho será, hoje e sempre, defender as riquezas nacionais e proteger a nossa gente. Aqui na Fronteira Oeste, na vertente de proteger a nossa gente, a Marinha dedica-se, em especial, à população ribeirinha, por serem aqueles que dependem, para sua subsistência, de nossos rios e mares”.
O Comandante do Navio de Assistência Hospitalar ‘Tenente Maximiano’, Capitão-Tenente Igor Luiz de Freitas Cobellas, afirma que a tripulação está se preparando para o atendimento aos ribeirinhos nessa nova fase do projeto.
“Estamos nos preparando para a segunda missão do Projeto de Navio, que é a navegação ampliada para vigilância intensiva e otimizada, uma parceria importante, que envolve Marinha do Brasil, Fiocruz e Secretaria de Estado de Saúde do Mato Grosso do Sul para atender as populações ribeirinhas. Nossa missão agora irá se dirigir ao tramo norte do Rio Paraguai, onde iremos atender os ribeirinhos de toda a calha norte do Rio Paraguai, saindo de Ladário e finalizando os nossos atendimentos no município de Cáceres, Mato Grosso”.
Para a próxima viagem rumo ao tramo sul do Rio Paraguai – trecho entre os municípios de Ladário e Porto Murtinho – está prevista a inserção de coleta de amostras em animais de produção – equídeos, bovinos, suínos, aves domésticas, caprinos e ovinos – e também em animais domésticos, cães e gatos. Também estão sendo solicitadas as devidas autorizações para realização de coletas em animais silvestres, por ser um projeto de Saúde Única.
“A vigilância não pode ocorrer apenas na população humana, mas também no ambiente e nos animais”, finaliza Danila.
Durante a primeira fase do projeto, realizada no tramo sul, foram prestados cerca de 500 atendimentos médicos e odontológicos, incluindo exames, vacinação e a distribuição de medicamentos.
Projeto Navio
O Projeto NAVIO (Navegação Ampliada para a Vigilância Intensiva e Otimizada) é uma parceria firmada entre a SES/MS (Secretaria de Estado de Mato Grosso do Sul), Marinha do Brasil e a Fiocruz Minas (Fundação Oswaldo Cruz de Minas Gerais) para a instituição de uma vigilância genômica para a população ribeirinha.
O projeto, que tem por objetivo o estudo e monitoramento da saúde de populações ribeirinhas do Pantanal e das mudanças climáticas e seus impactos na saúde pública, visa atender a população, fazer a busca e a vigilância de patógenos no cunho de Saúde Única, analisando patógenos com impacto na saúde humana, animal e ambiental.
Para o pesquisador da Fiocruz Minas, idealizador e coordenador do Projeto NAVIO, Luiz Alcântara, o projeto tem o objetivo de atender as populações ribeirinhas da região, investigando em escala de Saúde Única e, dessa maneira, dando suporte às doenças causadas por patógenos nessas populações. “Esse é um projeto One Health – Saúde Única – que visa não somente investigar os patógenos emergentes e reemergentes nessas populações, mas também os patógenos que estão nos animais, no meio ambiente – água e esgoto – e bem como nos vetores e carrapatos no ambiente em que essas populações convivem”.
Possui duração de 5 anos e teve início no dia 25 de novembro de 2023 na rota entre Ladário e Porto Murtinho. Para o projeto, a Marinha do Brasil disponibilizou três embarcações: o Navio de Assistência Hospitalar ‘Tenente Maximiano’, o Navio de Apoio Logístico Fluvial ‘Potengi’ (possui laboratório montado, inclusive de biologia molecular) e o Navio de Transporte Fluvial ‘Paraguassu’ (acomoda a tripulação; será montado um novo laboratório para a realização de análise de amostras de água, de fezes e outros tipos de testes).
Parcerias
Além da SES/MS, Fiocruz Minas e Marinha, o projeto conta com o apoio da SES/MT, LACENs (Laboratório Central de Saúde Pública) de Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Minas Gerais e Paraná, alunos e professores do Programa de Pós-Graduação de Doenças Infecciosas e Parasitárias da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), pesquisadores da Fiocruz Mato Grosso do Sul, universidades federais de Mato Grosso do Sul, Minas Gerais e Ouro Preto, Universidades Estaduais de Mato Grosso do Sul e de Feira de Santana da Bahia, Embrapa, OPAS/OMS (Organização Pan-Americana da Saúde/Organização Mundial da Saúde), Ministério da Saúde, Loccus, Biomanguinhos, IBMP (Instituto de Biologia Molecular do Paraná), prefeituras de Ladário, Corumbá e Porto Murtinho, Instituto Erasmus de Roterdan da Holanda, Universidade de Stellenbosch da África do Sul, Universidade de Sidney da Austrália e Sistema OCB/MS.
Fotos: Rodson Lima – Comunicação/SES