Você é vegano e bateu aquela vontade de tomar um cappuccino? Logo estará no mercado a clássica bebida italiana com leite de frutos nativos do Cerrado e do Pantanal
Equilibrando amargor e cremosidade, o cappuccino é uma bebida à base de café expresso, leite vaporizado e uma camada generosa de espuma de leite. Com intuito de aliar sabor local e as tendências de mercado que valorizam produtos livres de ingredientes de origem animal, a Agrotec – Bioeconomia no Agronegócio, unidade da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) ligada à Associação Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii), desenvolveu um cappuccino vegano que, em sua composição, leva ingredientes extraídos de frutos nativos do Cerrado e do Pantanal.
A mistura instantânea à base de café, cacau e leite de amêndoa, baru e jatobá foi desenvolvida em parceria com a empresa Angi Chocolates e tem previsão para chegar ao mercado no primeiro semestre de 2024.
A Agrotec é credenciada na área de Tecnologias Aplicadas e atua no segmento da bioeconomia desenvolvendo produtos e processos inovadores sob demanda para empresas de todos os portes. Segundo a professora da Faculdade de Ciências Farmacêuticas, Alimentos e Nutrição e pesquisadora responsável pelo desenvolvimento do cappuccino, Luciana Miyagusku, o produto é inovador “especialmente por ser 100% vegetal, com ingredientes distintos do Cerrado e do Pantanal, inteiramente alinha com as demandas e tendências de mercado, como a crescente busca por produtos veganos e o uso de ingredientes regionais, pois incorpora princípios de sustentabilidade”, diz.
A concepção do produto é realizada por uma equipe de professores e técnicos que acompanham desde a pesquisa inicial e ideação até o lançamento no mercado. “Inicialmente, identificam-se oportunidades e lacunas no mercado, analisando tendências e preferências dos consumidores. A fase de concepção e planejamento inclui o desenvolvimento do conceito, formulação e características do produto, bem como avaliações de viabilidade técnica, econômica e legal, abrangendo o planejamento da produção em larga escala e a análise da cadeia de suprimentos.
A etapa de pesquisa e desenvolvimento focou na formulação e teste de protótipos, adaptando a formulação com base nos resultados dos testes. A produção piloto permite ajustes finos na formulação e processo de fabricação, sempre atento aos aspectos regulatórios para garantir conformidade com regulamentações”, explica a pesquisadora.
Veganismo – A professora evidencia que os alimentos veganos vêm ganhando cada vez mais espaço no mercado alimentício nos últimos anos. “Há uma crescente conscientização sobre questões relacionadas à saúde, meio ambiente e ética animal, o que tem levado muitas pessoas a adotarem dietas mais baseadas em plantas. Como resposta a essa demanda crescente, a indústria alimentícia tem investido em inovação e no desenvolvimento de produtos veganos, proporcionando uma variedade maior de opções no mercado”, conta.
Aromas e sabores regionais
Segundo a pesquisadora, a escolha de utilizar leite vegetal de frutos nativos do Cerrado está associada a vários motivos, incluindo aspectos ambientais, sustentabilidade, preservação da biodiversidade e valorização de alimentos locais. “Esses ingredientes não apenas enriquecem o perfil de sabor, mas também destacam a riqueza da biodiversidade desses ecossistemas brasileiros. O cappuccino vegano com frutos nativos do Cerrado e do Pantanal oferece uma experiência única que celebra a cultura local, a sustentabilidade e a diversidade de ingredientes naturais, proporcionando uma alternativa para quem busca uma conexão mais profunda com os sabores regionais”, enfatiza.
O baru
A Angi Chocolates é conhecida por utilizar frutos nativos do Pantanal e do Cerrado na composição de seus produtos. A proprietária da empresa, Beatriz Branco, ressalta que a inclusão desses frutos permite educação ambiental e alimentar. “A Angi promove educação através dos aromas, dos sabores, mostrando para o cliente como é possível diversificar a alimentação e olhar para o que existe ao seu redor. Muitas vezes vivemos numa cegueira botânica e não enxergamos que existem alimentos ao nosso redor muito mais ricos do que aqueles que do supermercado. A ideia é ser uma ponte para levar os ingredientes do Cerrado e do Pantanal para clientes que queiram conhecer as nossas riquezas e biodiversidade através da cultura gastronômica e de alimentos tradicionais e locais”, relata.
A empresária enfatiza que a parceria com a Agrotec-UFMS pode ser um apoio fundamental para negócios de diferentes portes. “Eu gostei muito da experiência e, a partir desse primeiro projeto, espero desenvolver outros produtos tendo esse apoio. É engrandecedor para as empresas poder ter esse apoio da academia, dos projetos de inovação que são desenvolvidos com a Embrapii e com o suporte da ciência e da tecnologia também para o desenvolvimento socioeconômico das pequenas e grandes empresas do Brasil”, finaliza.
A Agrotec é uma Unidade Embrapii credenciada na área de Bioeconomia no Agronegócio, com atuação em tecnologia de alimentos, bioinsumos e tecnologias para a sustentabilidade do agronegócio. Com uma equipe multidisciplinar de pesquisadores, voltada à área da Bioeconomia, desenvolveu experiência em projetos de P&D com ênfase em tecnologias aplicadas a sistemas de produção, produção de alimentos funcionais e nutracêuticos e no desenvolvimento e formulação de bioinsumos, agregando valor às cadeias produtivas da bioeconomia.
Vinculada à Pró-reitoria de Pesquisa e Pós-graduação, a Agrotec possui um parque tecnológico de última geração e integração a setores e laboratórios da Unidade de Tecnologia de Alimentos (Unital), o Laboratório de Purificação de Proteínas e suas Funções Biológicas (LPPFB) e a Fazenda Escola. O atendimento é voltado a empresas industriais e do agronegócio dos setores de Alimentos e Tecnologia de Bioinsumos relacionados à Bioeconomia, bem como pequenas empresas que buscam soluções e inovações.
Texto: Alíria Aristides
Fotos: Arquivo Agrotec e Beatriz Branco (Angi Chocolates)
Imagem do destaque: Receiteria