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Sistema com IA vai avisar sobre riscos de enchentes em Campo Grande

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Alerta sobre enchentes e inundações em Campo Grande será dado por sistema desenvolvido em projeto de Pesquisa e Extensão na UFMS

Sistema de radares e sensores desenvolvido em projeto de Pesquisa e Extensão na Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) será capaz de emitir alerta e indicar riscos de enchentes nos córregos de Campo Grande e indicar quais áreas urbanas estão ameaçadas por eventos climáticos extremos. Isso vai permitir que a população desvie do local ou até evacue imóveis em áreas de risco.

“O sistema de alerta vai ser útil para evitar tragédias, perdas de automóveis e até da própria vida, tendo em vista que pessoas podem ser arrastadas pela água”, destaca o pesquisador Paulo Tarso Sanches de Oliveira, professor da Faculdade de Engenharias, Arquitetura e Urbanismo e Geografia (Faeng) e coordenador do projeto de Pesquisa HidroEX – Extremos Hidrológicos em Múltiplas Escalas. O projeto consiste na instalação de radares e sensores de medição em cada uma das bacias hidrográficas na área urbana de Campo Grande.

O sistema, que estará totalmente concluído em 2025 cobrindo todas as bacias hidrográficas da Capital, utiliza equipamentos de ponta. Para desenvolvimento do projeto, o pesquisador Paulo Tarso Sanches de Oliveira diz usar “bastante” Inteligência Artificial (IA) e tecnologias avançadas de medição precisa de dados meteorológicos.,

Segundo o pesquisador, as enchentes e inundações são processos naturais que acontecem quando uma bacia hidrográfica e seus afluentes não comportam a quantidade da água da chuva e transbordam temporariamente. As enchentes, segundo ele, são processos naturais que “são intensificados por fatores como o crescimento das cidades em áreas de risco ou a falta de um planejamento adequado”.

“É importante falar que as enchentes sempre aconteceram e vão continuar acontecendo, pois são processos naturais. Durante muitos anos, os bairros e áreas pavimentadas foram aumentando sem um planejamento urbano adequado, fazendo com que a água fosse drenada de forma muito rápida diretamente nos rios e canais, proporcionando picos rápidos de cheias e consequentemente áreas de inundação. Além disso, regiões densamente pavimentadas, com poucas áreas permeáveis e com um sistema de microdrenagem insuficiente ou com pouca manutenção, têm gerado alagamentos em vários pontos da cidade”, explica.

Paulo Tarso diz que os estudos sobre as enchentes começaram em 2017, com a participação de estudantes do Programa de Pós-graduação em Tecnologias Ambientais e financiado pelo projeto Sistema de Alerta e Previsão de Inundações para Bacias Urbanas do CNPq – Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico.

“O nosso objetivo era criar modelos capazes de simularem as áreas de inundação na Bacia hidrográfica do Prosa. Na época, usamos imagens aéreas e dados hidrometeorológicos coletados pela Prefeitura. Os estudos resultaram em um sistema de alerta em forma de aplicativo de celular, [além da] redação de teses, artigos e um livro”, relembra o coordenador.

O projeto ainda serviu como base da proposta na área de cidades inteligentes para o projeto institucional Capes PrInt, Urban Waters: in direct to hydrical security (ou Águas Urbanas: direto à segurança hídrica, na tradução) que proporciona intercâmbio de estudantes e professores.

Com a evolução dos estudos, o coordenador observou a necessidade de ampliar a pesquisa para as outras bacias hidrográficas da cidade: ao todo, são 11 bacias e 33 córregos. Portanto, foi necessário montar um sistema de coleta e análise de dados sobre volume e nível de água em tempo real.

“Nosso objetivo é ter todas as bacias hidrográficas monitoradas e modeladas para estabelecer os sistemas de alerta de inundação. O projeto possui duas frentes, uma para criar um sistema de alerta de inundações e outra para indicar soluções capazes de mitigar os problemas que as enchentes e inundações trazem”, detalha.

Radares e sensores

Já foram instalados na Bacia do Prosa um radar QR 30, sensores de nível de água, câmeras e uma estação meteorológica. Ao todo serão instalados 14 sensores de nível de água distribuídos estrategicamente em cada bacia estudada. O projeto recebe financiamento da Fundação de Apoio ao Desenvolvimento do Ensino, Ciência e Tecnologia do Estado de Mato Grosso do Sul (Fundect).

“A partir do apoio conseguimos comprar equipamentos de ponta. Nós usamos bastante Inteligência Artificial, e agora, vamos evoluir para medidas mais precisas de nowcasting (termo utilizado para indicar a previsão do presente, do futuro muito próximo e do passado muito recente) de informação meteorológica, que vai servir de dados de entrada para os nossos modelos hidrológicos e hidráulicos, que somadas à ação de machine learning, vão mapear todas as áreas de alagamento e inundação que ocorrem na área urbana de Campo Grande, possibilitando a previsão a curto e curtíssimo prazo”.

Capital preparada para eventos extremos – Toda essa tecnologia vai resultar em um sistema de alerta capaz de indicar quais as áreas urbanas inundadas e quando, possibilitando que a população desvie do local ou até evacue imóveis. “O sistema de alerta vai ser útil para evitar tragédias, perdas de automóveis e até da própria vida, tendo em vista que pessoas podem ser arrastadas pela água”, ressalta o coordenador do projeto.

Além de prever a ocorrência, o grupo ainda trabalha em parceria com a Prefeitura Municipal buscando formas viáveis de minimizar os problemas de inundação. O coordenador explica que o intuito é auxiliar, indicando soluções. “Como a construção de barragens de retenção ou sistemas e práticas alternativas de Low Impact Development (desenvolvimento de baixo impacto), como formas de retenção de água nos lotes urbanos, sempre avaliando quais efeitos relacionados aos picos e volumes de cheias. Também estamos estudando quais ações precisamos tomar para deixar a cidade menos vulnerável e mais resiliente em eventos extremos de chuva”, complementa.

Grupo de trabalho – Estão envolvidos no projeto cinco mestrandos, quatro doutorandos e três graduandos do curso de Engenharia Civil e Ambiental da Faeng. Participam também pesquisadores de outras instituições parceiras, como o Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, a Universidade de São Paulo, a Universidade Estadual de Campinas, e ainda pesquisadores internacionais das universidades de Auburn, Nebraska, Princeton, Colorado e Arizona dos Estados Unidos, e Dresden na Alemanha. O projeto será finalizado em 2025, e a partir deste mês começam as medições na bacia do Lajeado, seguida da bacia do Segredo, do Anhanduí e as demais bacias.

 

Fotos: Arquivo – Paulo Tarso Sanches de Oliveira
(Com informação de Claiane Lamperth – Portal da UFMS)

 

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