Passarela internacional da ponte sobre o Rio Paraguai avança e aproxima Brasil e Paraguai
Por Toninho Ruiz
A construção da ponte internacional sobre o Rio Paraguai, peça central da Rota Bioceânica, avança com ritmo acelerado e revela, a cada nova etapa, a imponência de uma das maiores obras de engenharia da América do Sul. No sábado, 22, durante vistoria técnica, já era possível dimensionar a grandiosidade da passarela que irá interligar Brasil e Paraguai — um marco que transformará o futuro logístico de todo o continente.
O trem de avanço já concluiu 188 dos 350 metros que compõem o vão central sobre o rio. A passarela terá 21 metros de largura, ficará 35 metros acima da calha e contará com 1.300 metros de extensão, incluindo um trecho estaiado de 632 metros, sustentado por torres de 130 metros de altura. Um conjunto monumental.
Com 84% das obras concluídas, o investimento, de US$ 100 milhões, é totalmente financiado pela Itaipu Binacional do lado paraguaio. A execução está sob responsabilidade do Consórcio PYBRA, formado pelas empresas Tecnoedil, Paulitec e Cidades Ltda, sob coordenação do engenheiro civil paraguaio Renê Gómez.
Os engenheiros de produção Kevin e Maicon afirmam que a prioridade imediata é finalizar a passarela. A junção das duas frentes de obra está prevista para o final de abril de 2025. Paralelamente, seguem os trabalhos nos viadutos que integrarão as cabeceiras da ponte nos dois países.
A passarela faz parte do Complexo Vial Bioceânico, corredor que ligará Brasil, Paraguai, Argentina e Chile, encurtando distâncias comerciais, reduzindo custos logísticos e abrindo caminho direto para os portos chilenos de Mejillones, Antofagasta, Tocopilla e Iquique, rumo aos mercados asiáticos.
REDEFINIÇÃO GEOPOLÍTICA DO PARAGUAI
Iniciada oficialmente em 14 de janeiro de 2022, a construção da ponte integra um megaprojeto de US$ 1,1 bilhão investidos pelo governo paraguaio no trecho total de 580 km, entre Carmelo Peralta e Pozo Hondo.
Desse montante: US$ 440 milhões já garantiram a conclusão do trecho Carmelo – Loma Plata; US$ 100 milhões foram destinados à ponte internacional; US$ 354 milhões financiam a pavimentação da Picada 500 (PY-15); Outros US$ 200 milhões serão aplicados no segmento entre Centinela e Mariscal.
O presidente paraguaio, Santiago Peña, define o empreendimento como “a redenção econômica do Paraguai”, afirmando que o corredor retirará o Chaco do isolamento histórico e dará ao país uma rota eficiente até o litoral Pacífico.
LADO BRASILEIRO — ACESSO À PONTE
No Brasil, as obras de acesso também estão em andamento. O trecho de 13,1 km, que conecta a BR-267 à cabeceira da futura ponte em Porto Murtinho, tem investimento de R$ 574 milhões. A execução é do Consórcio PDC Fronteira, formado pelas empresas Caiapó, DP Barros e Paulitec.
Atualmente, as equipes trabalham na construção de pilares de concreto, instalação de vigas verticais e horizontais e lançamento das pré-lajes que formarão os viadutos de acesso. Os serviços de terraplenagem encontram-se temporariamente suspensos devido às fortes chuvas e ao reequilíbrio financeiro via Governo Federal pelo Novo PAC.
UM EIXO QUE MUDARÁ A HISTÓRIA
A ponte internacional e a Rota Bioceânica representam mais que infraestrutura: é um projeto de integração continental, capaz de transformar economias, conectar culturas e impulsionar o desenvolvimento de toda a região.A cada metro concluído, Brasil e Paraguai aproximam-se não apenas fisicamente, mas estrategicamente, abrindo um novo capítulo no desenvolvimento sul-americano.
(Fotos: Toninho Ruiz)




