Investimento bilionário marca “ponto de virada” na infraestrutura rodoviária do país com acessos ao Atlântico e Pacífico
Por Agência 24*
A construção do Corredor Bioceânico avança pelo vasto e desafiador Chaco paraguaio, transformando-o no eixo central da conectividade regional, com a visão de ligar os oceanos Atlântico e Pacífico, destaca reportagem do jornal ABC Color, o principal veículo de comunicação do Paraguai.
Segundo reportagem assinada por Noelia Leguizamón, para as autoridades paraguaias, este megaprojeto não é apenas uma conquista de engenharia e gestão, mas também a pedra fundamental sobre a qual o Paraguai está construindo seu novo papel como um centro logístico estratégico no comércio internacional.
Amílcar Guillén Miltos, Diretor de Projetos Estratégicos do Ministério de Obras Públicas e Comunicações (MOPC), conversou com a ABC Negocios. “ O Corredor Bioceânico está se consolidando como um dos projetos de infraestrutura mais ambiciosos e transformadores”, explicou, confirmando um investimento total estimado em US$ 1,100 bilhão.
Ponte bioceânica com 82% de conclusão
Ponte que liga Porto Murtinho, no lado brasileiro, a Carmelo Peralta, no lado paraguaio. (Foto: Saul Schramm)
Um dos componentes mais cruciais e visíveis de todo o corredor é a Ponte Bioceânica , uma estrutura binacional que estabelece uma conexão física vital com o Brasil. Esta ponte, que ligará Carmelo Peralta (Paraguai) a Porto Murtinho (Brasil), está 82% concluída.
Com um investimento de US$ 103 milhões, esta etapa é essencial para o funcionamento do corredor e, por sua vez, representa a integração física e o fortalecimento do comércio com o gigante sul-americano.
Com a aceleração deste projeto binacional, o primeiro trecho do corredor dentro do país entra em operação . O trecho 1, que liga Carmelo Peralta a Loma Plata, está agora totalmente pavimentado e aberto. Este trecho representa um investimento de US$ 443,4 milhões sob um contrato chave na mão, garantindo a funcionalidade imediata de uma parte crucial do corredor.
No coração do Chaco
Transchaco – Trecho da Bioceânica em território paraguaio está sendo pavimentado. (Foto: Toninho Ruiz)
Segundo Amílcar Guillén, a maior parte dos esforços de construção está atualmente concentrada na inóspita região do Chaco . O trecho 3, que se estende por 224 quilômetros no departamento de Boquerón, de Mariscal Estigarribia a Pozo Hondo, está em fase de desenvolvimento.
Para otimizar a logística e acelerar o cronograma, o Ministério de Obras Públicas e Comunicações (MOPC) subdividiu este trecho em quatro lotes . Embora ainda em fase inicial, com 13% de conclusão, o investimento previsto para este trecho é de US$ 354,2 milhões.
Com a recente concessão do acesso à ponte Carmelo Peralta, o desenvolvimento do corredor paraguaio está fisicamente integrado e o MOPC está atualmente trabalhando na gestão do financiamento para o Trecho 2 (Cruzamento Centinela – Mariscal Estigarribia), parte da otimização final do corredor, com valor estimado em US$ 200 milhões, em processo de captação de recursos junto ao Banco Interamericano de Desenvolvimento.
“ Estamos avançando no financiamento do segundo trecho, que otimizará ainda mais o corredor, reduzindo seu comprimento em cerca de 100 km ”, explicou Guillén, enfatizando as finanças do projeto: “É importante mencionar que garantimos o financiamento de todos os subprojetos ”, uma garantia que dissipa qualquer incerteza sobre a conclusão e o pleno funcionamento do Corredor Bioceânico.
Visão de conexão tricontinental
A ambição do Ministério de Obras Públicas e Comunicações vai além da simples conexão com o Brasil. Com uma visão mais ampla de integração regional, Guillén Miltos confirmou que um projeto preliminar para a construção de outra ponte fronteiriça, desta vez com a Argentina, já foi apresentado.
Essa futura travessia estaria estrategicamente localizada entre Misión La Paz (Argentina) e Pozo Hondo (Paraguai) . A conclusão desse projeto elevaria Pozo Hondo ao status de um centro de conexões tricontinentais.
Ao conectar o Corredor Bioceânico Paraguaio à extensa rede rodoviária do Cone Sul, esta ponte facilitará o trânsito de mercadorias do Pacífico (Chile) e do Atlântico (Brasil) através do Paraguai, abrindo uma ligação direta com o sul do continente .
“O Paraguai não está apenas construindo quilômetros de pontes de asfalto e concreto, mas também pavimentando o caminho para uma nova era de desenvolvimento logístico e econômico, utilizando sua localização geográfica como chave para o crescimento regional e o posicionamento no comércio internacional”, concluiu o funcionário.
(*) Fonte: ABC Color
Foto do destaque: Reprodução ABC Color