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Pensou em sacar fortuna de conta inativa na Turquia? O golpe está de volta nas redes

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No novo velho golpe as vítimas são convencidas a se tornar “parentes” de milionários falecidos, mas precisam pagar taxa para sacar dinheiro deixado em banco

Por Agência 24h

Suposta gerente de banco em alguma metrópole ao redor do mundo manda mensagem para internauta e propõe em plano eficaz para sacar milhões de dólares que estão em contas inativas. A condição é de que o dinheiro seja repartido meio a meio.

O mais curioso nesse golpe é que o criminoso se faz passar por gerente de auditoria de um banco na Turquia, usando o clone do perfil verdadeiro de alguém. A oferta é irresistível e pega os gananciosos de calça curta.

O golpe não é novo e já fez vítimas há quatro meses em São Paulo. Mas está, de novo, nas redes sociais e o cheiro de golpe é sentido de longe. Antes era tratado com o golpe da herança. Agora volta reforçado com a oferta de saque rápido da conta inativa de milionário sem herdeiros.

Logo de cara se vê tratar-se de uma história deveras fantasiosa para ser verdade.

Dizendo-se ser a gerente, o golpista ou a golpista diz que um empresário, com o mesmo sobrenome da pessoa conectada, faleceu de Covid-19 em 2020 e não indicou nenhum parente ou herdeiro. Como a conta está inativa e sem a quem destinar o saldo, haveria a hipótese de o banco redistribuir o valor entre seus executivos.

A suposta gerente vai além, afirmando que o banco não sabe que o dono da conta morreu. Ela sabe porque teria sido a sua gerente de conta e não acha justo que executivos possam repartir o dinheiro entre eles.

O plano proposto é reivindicar o saldo como “parente” do falecido. Mesmo que na realidade a pessoa não tenha qualquer laço de parentesco. A gerente diz que tem acesso aos computadores e põe os dados no sistema, validando assim a existência de herdeiro na conta da vítima de Covid-19.

  • Nesse plano haveria pelo menos dois crimes, fraude bancária e falsidade ideológica.

Não há informação se algum banco ao redor do mundo liberou saldos de contas inativas, mas as pessoas contactadas pela suposta gerente podem estar sendo alvos de um outro golpe, não contra instituição financeira. O objetivo do golpista é convencer as vítimas a se tornarem “herdeiras” e pressioná-las a pagar taxas para desembaraçar documentação supostamente necessária ao resgate da herança.

A falsa gerente faz de tudo para convencer suas vítimas.

As últimas ocorrências mostram que a vítima da clonagem de perfil é de uma bancária do Banco da Turquia em Istambul e as investigações buscam identificar o golpista. Na verdade, não existe conta inativa, que teria saldo entre 9 e 22 milhões de dólares.

Argumentação do golpista

“O que preciso fazer é simplesmente inserir suas informações como parente mais próximo/herdeiro do falecido no banco de dados do sistema bancário e você registrará a reivindicação e a enviará ao banco, solicitando a transferência de fundos. Concluí meus estudos de viabilidade há muito tempo e não há necessidade de pânico. É 100% livre de riscos. Terei o cuidado de fornecer a você todas as informações relacionadas à conta que o banco possa precisar de você. Esta posição me dá a confiança de que estou na melhor posição para concluir a transferência com você sem nenhuma interrupção de ninguém. O primeiro passo agora nesta transação é inserir seu nome como parente mais próximo da conta em nosso banco de dados bancário para que todas as informações sejam refletidas corretamente. Além disso, gostaria de notificá-lo de que nosso banco tem acesso para fazer transferências para qualquer banco em seu país, desde que todos os detalhes da conta sejam enviados corretamente”.

TAXA DE 1.200 DÓLARES

Em setembro no ano passado, cliente apareceu em sua agência bancária reclamando o fato do aplicativo ter bloqueado uma transação que ele tentou fazer.

Na conversa com o atendente, o cliente relatou que tinha tentado mandar uma remessa de 1.200 dólares para a Turquia, a fim de pagar despesas das custas de confecção de uma procuração para um advogado, pois havia recebido contato de um banco turco sobre um primo desconhecido dele que havia falecido lá e deixado 9 milhões de dólares em herança naquele banco, e que aparentemente ele era o único herdeiro encontrado desse primo falecido.

Ele mostrou a conversa no Facebook com uma mulher, supostamente representante do banco, cheia de fotos genéricas e bem low profile.

A vítima foi esclarecida pelo banco que o golpe da herança no exterior era relativamente comum, e que bancos em geral não prestam serviço de busca de parentes.

Ele informou que a suposta gerente da Turquia havia mencionado que de fato, em geral, eles não procuram parentes de clientes falecidos, mas eles tinham interesse em viabilizar o inventário em virtude do montante ser grande, e a eventual não procura do valor faria com que o dinheiro fosse repassado ao governo, representando uma grande perda para a carteira deles.

O cliente do banco então desistiu de mandar o dinheiro, mas no dia seguinte ele tentou enviar o dinheiro para o golpista, acreditando mesmo naquela história fantasiosa.

O golpista insistiu que realmente ele poderia ter acesso à herança e desta vez disse que forneceria um contato no Brasil para mandar um Pix, já que ele estava com medo de fazer a transação. Assim ficaria mais fácil. O golpista deu também a opção da vítima em procurar a embaixada da Turquia para mais informações sobre o processo. Isso deu confiança à vítima de que a herança era real, mesmo sem ir à embaixada, distante quatro mil quilômetros da cidade onde morava.

Pasmem! A vítima ainda tentou mandar, pela terceira vez, o dinheiro, mas o sistema voltou a bloquear o aplicativo do cliente do banco brasileiro. O CPF do recebedor já era alvo de outros processos de contestação em outras praças.

A vítima estava disposta a arriscar e mandar o dinheiro mesmo assim. Arriscaria R$ 7.200. Todas as suas economias. Na quarta tentativa ele conseguiu enviar o dinheiro para o golpista, mas teve, antes, que assinar uma declaração afirmando que estava ciente do alerta de seu banco não recomendando a transação.

Depois o banco ainda constatou que a vítima, um aposentado, ainda enviou mais R$ 30 mil para o golpista. Para isso contratou dois empréstimos.

Em dezembro de 2023, moradora de Panambi, no Rio Grande do Sul, registrou na Delegacia de Polícia ocorrência sobre uma abordagem pelo Whatsapp. Uma pessoa se dizia representante de um banco da Turquia. Na conversa, a interlocutora informou ser de naturalidade turca e afirmou que a vítima teria valores a receber de um familiar seu que havia falecido e teria deixado uma reserva financeira no banco.

Informou que a vítima deveria estar no banco da Turquia no dia 18 de dezembro para receber o valor de US$ 9,9 milhões.

Durante a conversa a interlocutora mandou fotos de supostos documentos pessoais e outro documento do banco turco. Por solicitação, a moradora encaminhou fotos da CNH e a sua credencial do Detran/RS.

A interlocutora informou que teve despesas em documentos de aproximadamente US$ 7,5 mil, mas não solicitou nenhum valor em dinheiro. Quando comentou com amigas foi alertada que se tratava de um golpe e aconselhada a registrar a ocorrência na Delegacia de Polícia.

ALERTA

A orientação às pessoas que receberem mensagens com ofertas mirabolantes, como o saque tranquilo de uma bolada de 9 a 22 milhões de dólares e outras propostas bastante vantajosas, é bloquear o remetente e denunciar o clone de perfil ao suporte das plataformas de redes sociais. O registro de Boletim de Ocorrência é importante. Nesse caso do saque de valores em bancos estrangeiros, o golpista está enviando mensagem pelo Facebook e Instagram. Há golpistas em todos os cantos do Brasil e no exterior, todos linkados nas redes sociais à procura de vítimas, em geral, servidores e aposentados, pessoas acima dos 60 anos.

(*) A Agência 24h aguarda informações de verificação das plataformas para se certificar da suposta clonagem de perfil nas redes pelos golpistas para arrebatar as vítimas.

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