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Gasbol é uma das opções do Brasil para trazer gás de Vaca Muerta na Argentina

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Ampliação das importações de gás natural argentino vai baratear preço do insumo para entre US$ 7 e US$ 8, cerca de metade do que custa hoje

Vaca Muerta contém grandes depósitos de gás de xisto e petróleo de xisto, que são extraídos por meio de técnicas avançadas de fraturamento hidráulico (Foto: Reprodução mídia argentina)
Por Agência 24h*

O ministro Alexandre Silveira assinou, nesta segunda-feira (18/11), Memorando de Entendimento (MoU) do Ministério de Minas e Energia (MME) com a Argentina para viabilizar a exportação de gás natural argentino ao Brasil. O ato cria um grupo de trabalho bilateral para identificar as medidas necessárias para viabilizar a oferta de gás natural argentino, em destaque para o Gás de Vaca Muerta.

Dentre as medidas, se destacam o estudo da viabilidade econômica das rotas logísticas, considerando a possível expansão da infraestrutura existente dos dois países, por meio da qual estima-se uma viabilidade de movimentação de 2 milhões de metros cúbicos por dia no curto prazo, aumentando nos próximos 3 anos para 10 milhões, até atingir 30 milhões em 2030.

Silveira destacou a importância da concretização do ato. “Essa é uma importante entrega do programa Gás Para Empregar, que criamos com o objetivo de aumentar a oferta de gás natural e promover a reindustrialização do país. Ao concretizar a importação do gás de Vaca Muerta, estamos fortalecendo o desenvolvimento das indústrias de fertilizantes, vidro, cerâmica, petroquímicos e tantas outras que trazem desenvolvimento econômico ao Brasil. Teremos mais gás, e junto com ele mais emprego, renda e riqueza para brasileiras e brasileiros”, afirmou.

O documento indica que o grupo deve buscar o uso da infraestrutura já existente nos dois países, permitindo a exportação do gás argentino no menor tempo e com o menor custo possível. Para isso, o grupo formado deverá identificar meios para viabilizar o projeto e a construção de infraestruturas necessárias para interconectar os gasodutos existentes de cada país.

Na agenda de trabalho dos estudos, estão elencadas prioridades como infraestrutura, transporte e interconexão entre os países e tipos de operações. O memorando tem validade de 18 meses, prorrogáveis. Ao final desse período, será apresentado relatório das atividades.

GASBOL

O governo brasileiro concluiu o acordo de importação de gás natural da Argentina apontando pelo menos menos cinco alternativas de transporte da molécula para o Brasil. Uma das opções é o Gasoduto Brasil-Bolívia, o Gasbol, que começa em Corumbá, Mato Grosso do Sul. Essa alternativa significaria o aumento exponencial da arrecadação tributária do Estado, com a cobrança de ICMS sobre o transporte. Gás da Argentina pode chegar no Brasil através de novas redes de gasoduto — Foto: Arte o GLOBO

Gás da Argentina pode chegar no Brasil através de novas redes de gasoduto — Foto: Arte O GLOBOA terceira opção seria conectar diretamente a rede de gasodutos argentina ao município de Uruguaiana (RS). Mas isso depende da conclusão da segunda parte do Gasoduto Néstor Kirchner, na Argentina, que liga a região de Vaca Muerta, a partir da província de Buenos Aires, até a cidade gaúcha.

Como O GLOBO mostrou em abril, seria também necessário, nessa rota, concluir a ligação do gasoduto entre Uruguaiana e Porto Alegre, obra inclusive prevista no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). E ainda seria preciso adaptar o Gasbol para que se tornasse uma “via de mão dupla”.

A quarta rota em estudo seria uma conexão via Uruguai. E, por último, há também a possibilidade de converter o insumo em gás natural liquefeito (GNL), para exportação via navios — mas isso resultaria em um custo maior para o produto.

Menor custo

A expectativa do governo é que o gás do megacampo de Vaca Muerta, que custa US$ 2 por milhão de BTUs (unidade de referência nesse mercado) na Argentina, chegue ao Brasil por entre US$ 7 e US$ 8. Atualmente, o preço praticado no mercado brasileiro é em média de US$ 13,82 por milhão de BTUs, de acordo com o setor industrial.

As obras de reversão do fluxo no gasoduto que liga Vaca Muerta, que fica no Sul da Argentina, até o Norte do país, ou seja, até o gasoduto Brasil-Bolívia, devem ser concluídas em março de 2025. Essa previsão foi feita pelo secretário de Energia da Argentina, Eduardo Javier Rodríguez Chirillo, em setembro, quando veio ao Rio para a feira do setor de petróleo ROG.

Ele destacou que a Argentina passa por um processo de transição regulatória e precisa considerar aspectos como preços e demanda interna antes de definir quanto será enviado para o Brasil.

Segundo dados do Ministério de Minas e Energia, o Brasil produziu 130 milhões de metros cúbicos (m3) de gás natural por dia em 2023. Entretanto, cerca de metade desse volume, o equivalente a 70 milhões de m3, foi reinjetado, ou seja, voltou para os poços. Outros 20 milhões de m3 não são comercializados no mercado brasileiro devido à queima, a perdas e ao consumo nas próprias plataformas. Com isso, sobram 40 milhões de m3.

Reeleição de Trump e transição energética

Silveira também falou ontem sobre o impacto da reeleição de Donald Trump em futuras negociações relacionadas à transição energética, que para ele representariam “uma necessidade climática e uma oportunidade econômica”. De acordo com o ministro, o republicano será “uma voz forte, mas isolada”, na medida que o cenário global discute soluções ligadas à economia verde:

— Aqueles que não apostarem nessa economia vão perder de uma forma ou de outra — afirmou.

Aposta no urânio

Perguntado sobre a atuação de outros líderes mundiais na questão climática, Silveira destacou a posição adotada pela primeira-ministra italiana, Georgia Meloni. Ela já anunciou a intenção de investir na geração de energia nuclear, considerada limpa por não emitir gases do efeito estufa.

Diante disso, Silveira disse que tem discutido a possibilidade do Brasil se tornar um fornecedor de urânio.

— Nós temos uma outra Petrobras enterrada. Com somente 27% do solo brasileiro conhecido, nós já somos a sétima maior reserva do mundo de urânio. Se nós tivemos mais pesquisas geológicas, eu tenho absoluta certeza que o Brasil ficará entre as três maiores reservas.

(*) Informações da Agência Gov e Jornal O GLOBO

(Imagem do destaque: Reprodução portal Paulo Gala)

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