Previsão feita em 13 de outubro pelo Serviço Geológico Brasileiro era de que a recuperação dos níveis seria lenta, mas as chuvas volumosas mudaram o cenário
Por Agência 24h
Os ciclos de seca e cheia estão modulando, mas se mantêm e o rio Paraguai começa a encher, depois de chegar ao seu nível mais baixo. Em Ladário o rio subiu mais de meio metro. A elevação do rio se observa de Norte a Sul no Pantanal, por causa da sequência de chuvas, que contribui também para a eliminação dos focos de incêndio.
A previsão de pouco menos de um mês atrás do Serviço Geológico Brasileiro (SGB) era de que o nível em Ladário, no Pantanal de Corumbá, deveria ficar abaixo da cota até a segunda quinzena de novembro. Mas a estação chuvosa mudou o cenário e a expectativa é de que as precipitações ocorram em maior ritmo.
Comparando a marcação desta sexta-feira (8/11) com a mínima histórica, todos os pontos de medição apresentaram elevação.
Cáceres (MT): 1,29 m; aumento de 97 centímetros.
Cuiabá (MT): 1,17 m; aumento de 26 centímetros.
Bela Vista do Norte (limites entre MT, MS e Bolívia): 2,56 m; aumento de 30 centímetros.
Ladário (MS): -0,16 m; aumento de 53 centímetros.
Forte Coimbra (MS): -1,60 m; aumento de 38 centímetros.
Porto Murtinho (MS): 0,90 m; aumento de 37 centímetros.
Assunção (capital do Paraguai): -1,34 m; aumento de 27 centímetros.
De qualquer modo, a cota padrão é de 5 metros (m) de profundidade média, segundo o Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul (Imasul), que já havia feito um alerta sobre o menor nível histórico do rio há um mês, a partir de medições próprias.
O rio Paraguai é importante meio de escoamento de minério e commodities agrícolas. Corre pelos estados de Mato Grosso, onde nasce, e Mato Grosso do Sul, de onde segue para o Paraguai e a Argentina. Suas nascentes são alimentadas por águas que vêm da Amazônia, como as do Rio Negro. A região também passa por seca histórica. Segundo a Agência Nacional de Águas (ANA) a Região Hidrográfica Paraguai ocupa 4,3% do território brasileiro, abrangendo parte dos estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, o que inclui a maior parte do Pantanal, a maior área úmida contínua do planeta.
A região tem trânsito constante de barcos desde ao menos o século 18, estabelecendo importante corredor de integração com os países vizinhos. Hoje é uma das seis hidrovias cuja licitação para concessão à iniciativa privada está estabelecida como prioridade pela Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq), junto com as hidrovias Madeira, Tapajós, Tocantins, Lagoa Mirim e Barra Norte. O projeto visa acelerar o transporte de cargas, especialmente de produção agrícola e mineral, para beneficiamento e exportação, o que deve favorecer o aumento da exploração desses itens na região, atividades que levam ao aumento do consumo de água.
Imagem do destaque: Foto: Bruno Rezende